Ansiedade de evacuar ou síndrome do intestino tímido: todos esses são termos para o que é conhecido medicamente como parcoprese ou dificuldade para evacuar quando você não está em casa. Os alemães deram um nome a essa condição: Heimscheißer (pronuncia-se “heimscheisser”), que significa “cagão de casa”. O que acontece com seu cérebro e seu corpo: quando você toma café sem açúcar ‘Nova geração do Mounjaro': retatrutida leva à perda de peso inédita de 28,7%, semelhante à uma bariátrica, mostra estudo Quem sofre desse transtorno sente angústia e ansiedade só de pensar em usar o banheiro na escola, no trabalho ou em qualquer lugar público. Alguns podem até ter dificuldade para evacuar durante as férias. Se forem obrigados a usar um banheiro fora de casa, os pacientes podem apresentar palpitações, sudorese excessiva, náuseas, tremores e dificuldade para evacuar. Pessoas com ansiedade relacionada a fezes às vezes comem menos ou até evitam certas atividades sociais que possam expô-las à necessidade de usar um banheiro público. Quão comum é isso? A ansiedade relacionada a defecar parece ser bastante comum. Um estudo com 714 estudantes universitários australianos revelou que pouco mais de 14% evitavam banheiros públicos devido a preocupações relacionadas à ansiedade. Outros 3% evitavam banheiros públicos por medo de contaminação. A ansiedade relacionada às fezes é frequentemente desencadeada por um medo avassalador de ser julgada. Um outro estudo realizado com 316 estudantes universitários australianos descobriu que o motivo mais comum para essa ansiedade era o medo de ser percebido negativamente por causa de suas evacuações. Por exemplo, as pessoas temiam que os outros pensassem que demoravam muito para evacuar ou se preocupavam com os sons e odores produzidos durante o processo. Psicólogos consideram a ansiedade relacionada às fezes como um tipo de transtorno de ansiedade social. Pesquisas mostram que pessoas afetadas tendem a ter pensamentos negativos sobre si mesmas, como "se eu fracassar no meu trabalho, então sou um fracasso como pessoa". Dick Van Dyke completa 100 anos hoje: ator credita sua longevidade a um hábito respaldado pela ciência; saiba qual No fim das contas, pessoas com ansiedade relacionada às fezes temem ser julgadas pelos outros. Quais são os perigos da ansiedade relacionada às fezes? Reter as fezes pode fazer com que elas fiquem mais duras e secas no cólon, pois absorvem mais água. Isso pode causar problemas de constipação crônica. A prisão de ventre crônica aumenta o risco de problemas como: Sangramento de hemorroidas Dor causada por fissura anal (laceração no revestimento do ânus) e Prolapso retal (quando uma parte do cólon desliza para fora pelo ânus). Com o tempo, isso pode levar à incontinência fecal. Um caso impressionante no Reino Unido descreveu uma adolescente que, segundo relatos, tinha uma fobia tão grande de usar o banheiro que frequentemente retinha as fezes por até dois meses. Isso levou a um acúmulo massivo de fezes no cólon, que acabou comprimindo sua cavidade torácica. Consequentemente, ela sofreu um ataque cardíaco e, infelizmente, faleceu aos 16 anos. Educação sobre o uso correto do banheiro A educação adequada sobre o comportamento relacionado ao uso do banheiro faz parte do tratamento para a ansiedade em relação às fezes. Bebida tradicional chinesa: o chá que pode ajudar a acelerar o metabolismo e equilibrar a microbiota intestinal Por exemplo, o tempo que você passa no banheiro é importante. Um estudo turco descobriu que passar mais de cinco minutos no banheiro estava associado a hemorroidas e fissuras anais. Pessoas com ansiedade relacionada à evacuação são mais propensas a sofrer dessas complicações da constipação, o que pode agravar ainda mais a ansiedade. Consumir fibras alimentares em quantidade suficiente pode ajudar porque elas amaciam as fezes e facilitam a evacuação. Isso pode reduzir o desconforto ao defecar. Na Austrália, a recomendação mínima diária de fibra alimentar é de 30 gramas para homens adultos e 25 gramas para mulheres adultas. Uma prática útil para evacuações saudáveis ​​e regulares que recomendo aos meus pacientes é a técnica “SEN”: Tempo máximo de permanência no vaso sanitário: seis minutos Fibra suficiente (consumir mais frutas e vegetais e grãos integrais) Não faça esforço ao evacuar (deve sair com relativa facilidade). Também é importante manter-se hidratado e ter cuidado com medicamentos como os opiáceos, que podem piorar a prisão de ventre. A conscientização sobre o comportamento adequado ao usar o banheiro é importante para quem sofre de ansiedade relacionada às fezes, pois essas pessoas podem ficar excessivamente obcecadas com seus movimentos intestinais. Isso pode levá-las a não adotar medidas básicas de estilo de vida que poderiam realmente facilitar a evacuação em geral. Tratamento psicológico A terapia cognitivo-comportamental é recomendada como tratamento de primeira linha para pessoas que sofrem de ansiedade relacionada às fezes. Ela pode ajudar a identificar e lidar com padrões de pensamento negativos. Frequentemente, as pessoas adotam uma abordagem de exposição gradual. Isso envolve um processo estruturado, passo a passo, no qual a pessoa afetada enfrenta situações cada vez mais difíceis em banheiros públicos para reduzir a ansiedade e aumentar a confiança. Treinamento de força não é só para músculos: especialista revela impactos ocultos no cérebro O mais importante para superar a ansiedade relacionada às fezes é procurar a ajuda de um profissional de saúde qualificado. Comece por falar com o seu médico, que poderá avaliar se os seus sintomas são provavelmente causados ​​por ansiedade relacionada com as fezes ou por outro problema digestivo mais sério. Ele poderá prescrever medicamentos que ajudem a aliviar a prisão de ventre. Seu médico de família também pode encaminhá-lo a um psicólogo, que poderá providenciar terapia cognitivo-comportamental para ajudar a mudar padrões de pensamento negativos. Segurar as fezes com frequência não faz bem para a saúde. Se você se sente estressado(a) por ter que evacuar no trabalho, na escola ou durante viagens, vale a pena dedicar um tempo para entender o motivo e resolver o problema. * Vicente Ho é Gastroenterologista Clínico Acadêmico e professor associado na Universidade de Western Sydney * Este artigo foi republicado de The Conversation sob licença Creative Commons. Leia o original.