Netanyahu responsabiliza governo da Austrália por escalada do antissemitismo no país

Diante do ataque ocorrido neste domingo, 14, em Sydney, na Austrália, durante uma celebração judaica, autoridades de Israel responsabilizaram o governo da Austrália por não conter o avanço do antissemitismo no país. Alguns chegaram a afirmar que o sangue das vítimas estava nas mãos do governo, devido ao recente reconhecimento de um Estado palestino. Pelo menos 16 pessoas foram mortas no ataque , durante o qual dois atiradores abriram fogo contra um evento comunitário que marcava a primeira noite do feriado de Chanucá. Uma das vítimas foi identificada como o rabino Eli Schlanger, emissário da organização judaica Chabad em Sydney. + Leia mais notícias do Mundo em Oeste Entre os feridos estavam Arsen Ostrovsky, advogado de direitos humanos e chefe da filial em Sydney do Conselho Austrália/Israel de Assuntos Judaicos, e Evan Zlatkis, diretor de mídia do Conselho Executivo do Judaísmo Australiano. Acredita-se que pelo menos 13 pessoas tenham ficado gravemente feridas no ataque, incluindo dois policiais. https://twitter.com/sarahblueTO/status/2000191365058036097 Horas depois do ataque, durante uma celebração de Chanucá, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que havia enviado uma carta, em agosto, ao primeiro-ministro australiano Anthony Albanese. No documento, ele acusou o governo australiano de jogar lenha “nesse fogo antissemita”. A carta, de acordo com o jornal The Times of Israel , afirma que as políticas de Albanese — que incluíram o reconhecimento de um Estado palestino em setembro — incentivaram “o ódio aos judeus que agora ronda suas ruas". "O antissemitismo é um câncer", disse Netanyahu. "Ele se espalha quando líderes permanecem em silêncio. É preciso substituir a fraqueza por ação”. Em uma crítica indireta ao governo australiano, Netanyahu acrescentou: “Continuaremos a denunciar aqueles que não denunciam, mas, em vez disso, incentivam. Continuaremos a exigir que façam o que se espera de líderes de nações livres. Não desistiremos, não baixaremos a cabeça, continuaremos a lutar como nossos antepassados fizeram”. https://twitter.com/IsraeliPM/status/2000218259526664216 O presidente de Israel, Isaac Herzog, condenou o tiroteio “cruel” e pediu a Canberra que combata “a enorme onda de antissemitismo” que, segundo ele, assola a sociedade australiana. “Nossas irmãs e irmãos em Sydney, na Austrália, foram atacados por terroristas vis em um ataque muito cruel contra judeus que haviam ido acender a primeira vela de Hanucá”, afirmou durante um evento na Residência Presidencial, em Jerusalém. “Repetimos nossos alertas ao governo australiano inúmeras vezes”, acrescentou. Governo da Austrália "precisa cair em si ", diz ministro de Israel Em uma postagem no X, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, declarou que a Austrália havia sido alertada sobre possíveis ataques e que o tiroteio foi resultado “da escalada antissemita nas ruas da Austrália nos últimos dois anos, com os chamados antissemitas e incitadores de ‘Globalizar a Intifada’, que se concretizaram hoje”. “O governo australiano, que recebeu inúmeros sinais de alerta, precisa cair em si”, escreveu. Não havia informações concretas de inteligência sobre um ataque iminente, mas existiam alertas na avaliação nacional de ameaças sobre a probabilidade de atentados terroristas, disse o embaixador de Israel na Austrália, Amir Maimon, ao portal israelense Canal 12. https://twitter.com/hoje_no/status/2000181038014730658 Desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, “temos testemunhado uma série de ações contra a comunidade judaica e suas instituições, uma série que só se intensificou”, afirmou Maimon. Ele disse já disse publicamente em várias ocasiões que “se eu acordasse um dia e soubesse que um judeu foi fisicamente ferido, não ficaria surpreso”. Um relatório publicado recentemente pelo Conselho Executivo do Judaísmo Australiano (ECAJ) afirmou que o país registrou 1.654 incidentes no período de 12 meses entre 1º de outubro de 2024 e 30 de setembro de 2025 — cerca de cinco vezes a média anual registrada na década anterior ao ataque de 7 de outubro que deu início à guerra em Gaza. No ano imediatamente depois do ataque do Hamas, foram registrados 2.062 incidentes, observou o ECAJ. Em comunicado, o Ministério de Assuntos da Diáspora de Israel afirmou que o governo australiano tinha responsabilidade pelo tiroteio, alegando que Canberra “está fazendo tudo ao seu alcance para garantir que judeus australianos não possam viver com segurança, paz e tranquilidade como judeus em seu próprio país”. Atiradores nas proximidades da Praia Bondi, em Sydney | Fotos: Reprodução/Redes sociais Ao condenar o “ato brutal de terror contra judeus que se reuniram para marcar o acendimento de uma vela de Hanucá”, o ministério afirmou que “o sangue das vítimas está nas mãos do governo australiano”. “Desde 7 de outubro, em vez de se posicionar de forma firme e inequívoca ao lado do Estado de Israel — a única democracia do Oriente Médio e a linha de frente do mundo livre contra o terrorismo jihadista —, o governo australiano escolheu uma política de fraqueza, contenção e apaziguamento”, afirmou o ministério, liderado pelo ministro linha-dura do Likud, Amichai Chikli. O comunicado também acusou Canberra de “apaziguar os inimigos da civilização ocidental”, acrescentando que todos os dados disponíveis indicam que “a Austrália se tornou um dos países ocidentais que experimentam o aumento mais acentuado e alarmante de incidentes antissemitas desde 7 de outubro” e que “alertas repetidos, apelos e tentativas de diálogo com as autoridades foram recebidos, repetidas vezes, com um muro de indiferença”. https://twitter.com/gidonsaar/status/2000261138735312986 O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, líder do partido Sionismo Religioso, escreveu que as imagens que chegam de Sydney lembram o ataque de 7 de outubro e expressou uma “exigência intransigente para que o governo australiano lide com firmeza com o antissemitismo crescente no país e proteja seus judeus”. Já o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, afirmou que o ataque foi resultado da decisão do governo australiano de reconhecer um Estado palestino. “O terrorismo antissemita não conhece fronteiras, mas o sangue dos assassinados está nas mãos do governo australiano, que anunciou o reconhecimento de um Estado ‘palestino’ e legitimou o terrorismo contra judeus”, afirmou em uma declaração de apoio à comunidade judaica local. https://twitter.com/naftalibennett/status/2000285051972411769 Opositores de Netanyahu também criticam governo australiano Membros da oposição e do chamado “bloco da mudança” anti-Netanyahu também criticaram o governo australiano. O ex-primeiro-ministro Naftali Bennett afirmou que “uma liderança fracassada e fraca no combate ao antissemitismo levou a Bondi”. “Os sinais estavam claros, e o governo fez vista grossa”, continuou Bennett, em nota separada. “Exijo que o governo australiano tome medidas imediatas para proteger as comunidades judaicas e trate o antissemitismo com a máxima seriedade.” Benny Gantz, presidente do partido de oposição Azul e Branco, escreveu: “O que começa com gritos genocidas pela destruição de Israel, de forma previsível termina com ataques incendiários a sinagogas e tiroteios terroristas mortais contra judeus em um evento de Hanucá”. https://twitter.com/gantzbe/status/2000134590631907753 Ecoando Bennett e outros, ele escreveu em inglês que “os sinais estavam claros — e, apesar de alertas repetidos, as autoridades australianas os ignoraram mais uma vez”. Gantz pediu a Canberra que adote “medidas sem precedentes para garantir e proteger suas comunidades judaicas”. O deputado Gilad Kariv, presidente da Comissão de Assuntos da Diáspora do Knesset, também afirmou que “o governo australiano deve agir de forma decisiva para garantir a segurança dos judeus australianos e combater o flagelo do antissemitismo” e disse que sua comissão parlamentar discutirá o assunto. + Leia também: " O racismo anti-Israel ", artigo de Brendan O'Neill, da Spiked , publicado na Edição 300 da Revista Oeste O post Netanyahu responsabiliza governo da Austrália por escalada do antissemitismo no país apareceu primeiro em Revista Oeste .