O deputado federal Alexandre Ramagem afirmou nesta segunda-feira que não recebeu ajuda de Celso Rodrigo de Mello para deixar o Brasil dias antes do fim do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração ocorreu após o empresário do garimpo Rodrigo Martins de Mello, mais conhecido como Rodrigo Cataratas, dizer que o filho foi preso pela Polícia Federal no sábado no âmbito da investigação que apura a fuga do parlamentar. Entrevista: 'Talvez o Lira tenha saudade da presidência', diz líder do MDB na Câmara ao pregar 'respeito' a Hugo Motta Boi, bíblia e bala: setores que deram sustentação ao governo Bolsonaro resistem à candidatura de Flávio ao Planalto — Alexandre de Moraes está criminalizando um inocente, como ele já fez com tantos. Eu não conhecia esse rapaz (Celso). Não tive contato com ele no Brasil. Tive contato com ele quando eu já estava nos Estados Unidos. Ele não me auxiliou em nada na saída do Brasil — disse Ramagem no podcast Timeline. Na semana passada, Cataratas, que trabalha na Guiana e no estado de Roraima, já havia publicado um vídeo no qual se defendia de uma acusação sobre ter supostamente ajudado o ex-diretor da Abin a deixar o país. "A assessoria de Rodrigo Cataratas esclarece que, neste sábado, a Polícia Federal cumpriu em Manaus (AM), mandado de prisão contra Celso Rodrigo de Mello, filho de Rodrigo Cataratas, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, no âmbito de investigação relacionada à apuração sobre a suposta fuga do deputado federal Alexandre Ramagem", diz a nota. Initial plugin text Cataratas acrescenta ainda que o filho é inocente e que a defesa vai recorrer da decisão. "A assessoria reforça a importância do respeito ao devido processo legal e à presunção de inocência, destacando que qualquer conclusão antecipada não condiz com os fatos", diz o texto. — Não fomos ainda habilitados no processo e não tivemos acesso à decisão que determinou a prisão, mas a defesa possui um comprometimento de colaboração à investigação junto ao ministro relator — disse o advogado Augusto Mendes Araújo — Solicitamos um despacho junto ao ministro Alexandre de Moraes, com o fim de esclarecer os fatos e colaborar com a investigação. No final de novembro, após veículos de imprensa de Roraima publicarem que Cataratas estaria sendo investigado pela PF por ajudar Ramagem, o empresário foi às redes se defender e alegou estar sofrendo perseguição. O vídeo começa com o garimpeiro lembrando das ligações de Ramagem com o estado, onde já atuou como delegado da PF. — (Ramagem) tem vários amigos em Roraima, e eu também sou amigo dele, certo? Ele é deputado federal, pessoal. Quando ele esteve em Roraima pela última vez não existia nenhuma condenação contra ele. Então, essa narrativa de fuga, isso é uma narrativa falaciosa, justamente para manter uma perseguição — diz Cataratas no vídeo acrescentando — Todos aqui somos de direita e somos perseguidos. Initial plugin text — Tenho foto com o Ramagem na minha rede social. Não é nenhum crime. Quando ele esteve ai não estava condenado e essa narrativa de fuga é falaciosa (...) Eu tomei conhecimento da condenação dele pelas redes sociais, mas aí ele já estava nos Estados Unidos. — continua Cataratas. Segundo Cataratas, Celso é cidadão americano e estava em deslocamento para os Estados Unidos para celebrar o próprio casamento, estando acompanhado da mulher e da filha. Atualmente, Rodrigo Cataratas é pré-candidato ao Senado pelo PRD. Em 2022, ele havia disputado por uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo PL, tendo declarado guardar R$ 4,5 milhões em dinheiro vivo. O seu patrimônio inclui ainda dez aeronaves e onze veículos, além de um total de R$ 33,6 milhões. Ele é um dos líderes do "Movimento Garimpo é Legal". O garimpeiro tem negócios na Guiana, país que esteve na rota de fuga de Ramagem rumo aos Estados Unidos, como revelou a colunista do GLOBO Malu Gaspar. A investigação da PF apurou que o deputado federal chegou ao país vizinho pelo município de Bonfim, que faz fronteira com a cidade de Lethem. Em janeiro de 2024, o Ministério Público Federal denunciou o empresário por suspeita de atear fogo a um carro do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e invadir o pátio da Polícia Federal para incendiar um helicóptero do instituto em 2021. Cataratas teria financiado e incentivado a destruição dos equipamentos. Cataratas ainda é réu em três processos na Justiça Federal por ligação com a exploração ilegal de ouro em Roraima. Assim como o pai, o filho Celso também já teve problemas com a Justiça. Em 2022 ele foi preso por suspeita de explorar ilegalmente ouro na Terra Indígena Yanomami. Ele foi solto dias depois.