Aedes aegypti, transmissor da dengue. MS/Divulgação A Aldeia Xukuru de Cimbres, localizada em Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, foi escolhida para a implantação da Técnica do Inseto Estéril (TIE), método de controle do mosquito Aedes aegypti que dispensa o uso de inseticidas químicos. Essa é a primeira vez no mundo que a tecnologia é utilizada como política pública, segundo a Secretaria de Saúde do Estado. A técnica consiste na liberação de mosquitos machos esterilizados, que copulam com as fêmeas da espécie sem gerar ovos viáveis. Com isso, ocorre uma redução gradual da população do mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya, sem impacto químico no ambiente. ✅ Receba as notícias do g1 Caruaru e região no seu WhatsApp Segundo o diretor-geral da Vigilância Ambiental de Pernambuco, Eduardo Bezerra, a ação é resultado de uma articulação entre diferentes instituições. “Ela é financiada pelo Ministério da Saúde, o gestor dessa tecnologia é a Moscamed, e o Governo do Estado está assessorando tecnicamente essa implantação, junto com o Distrito Sanitário Especial Indígena de Pernambuco”, afirmou. Veja os vídeos que estão em alta no g1 A escolha da aldeia Xukuru de Cimbres levou em consideração características que favorecem o acompanhamento da técnica. De acordo com Eduardo Bezerra, o método é indicado para territórios com população menor e limites bem definidos. “O mosquito estéril é pensado para aldeias indígenas, quilombos e comunidades isoladas, onde é possível fazer o monitoramento da população de mosquitos”, explicou. Outro fator decisivo foi a estrutura do sistema de saúde indígena, que facilita o acompanhamento dos indicadores. As comunidades contam com equipes de atenção primária e vigilância em saúde, o que permite, por exemplo, o monitoramento da redução dos mosquitos por meio da contagem de ovos. Em Pernambuco, dois territórios indígenas foram inicialmente avaliados para receber a tecnologia, mas o território Xukuru foi considerado o mais adequado neste primeiro momento. A Aldeia de Cimbres se destaca por concentrar condições semelhantes às de uma pequena cidade, o que contribui para a efetividade do método. Ainda segundo Eduardo Bezerra, esta é a primeira vez no mundo que a Técnica do Inseto Estéril passa da fase de testes e é aplicada oficialmente como política pública. “Ela já foi testada em alguns lugares e mostrou eficácia. Agora, a primeira soltura enquanto política pública é essa, no território indígena”, disse. Os mosquitos utilizados na técnica são originários do próprio território. Os ovos são coletados na comunidade, levados para uma unidade de reprodução em Juazeiro, na Bahia, onde os machos são esterilizados por radiação e, depois, devolvidos ao local para a liberação controlada. Com a redução da população do Aedes aegypti, a expectativa é diminuir também o número de casos de doenças transmitidas pelo mosquito, fortalecendo o controle vetorial de forma sustentável e adequada às especificidades das comunidades indígenas.