Após dias de caos em São Paulo provocados pelo apagão gerado pela passagem de um Ciclone Extratropical, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que se reunirá em caráter de urgência com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para tratar sobre o pedido de intervenção federal na Enel. A agenda, marcada para esta terça-feira, às 14h30, no Palácio dos Bandeirantes, contará também com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e das procuradorias-gerais do município e do estado. O movimento político ocorre em meio a um agravamento da crise. Nunes afirmou em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que mesmo seis dias após o temporal, em vez de ser restabelecida, a energia caiu em mais residências nas últimas horas. — Aliás, ele detém o poder da concessão de todas as concessionárias de energia do Brasil. Então estaria acompanhado da procuradora-geral do município, a doutora Luciana Nardi, o secretário de Justiça, André Lemus Jorge, e com o Tarcísio [de Freitas]. E nós vamos conversar lá, apresentar mais uma vez para o ministro todas as questões de sofrimento da população. Estamos no sexto dia, e ainda com problemas. Então é algo que não dá mais para a gente suportar e aturar — declarou. A parte central da argumentação de Ricardo Nunes foi jurídica. O prefeito buscou blindar a gestão municipal de acusações de omissão, citando artigos da Constituição para argumentar que prefeitos e governadores não possuem autoridade legal sobre contratos de energia. — Na lei está escrito muito claramente que é o presidente da República, de forma muito clara, eu tenho colocado isso, que detém a prerrogativa de decretar, de fazer um ato por decreto, e decretar a caducidade e a intervenção. Ao prefeito de qualquer cidade ou ao governador de qualquer estado, não tem competência legal, tendo em vista o ordenamento jurídico que está posto. A guerra de narrativas sobre as causas do apagão ganhou um capítulo à parte quando Ricardo Nunes foi confrontado sobre a poda de árvores da cidade. Respondendo indiretamente às acusações da Enel, que atribui o colapso da rede à queda de árvores sobre a fiação, o prefeito argumentou que há uma distorção midiática na percepção do problema. Para o emedebista, a imagem da "árvore no fio" gera impacto visual, mas não explica a totalidade dos domicílios desligados.