O Banco Central deve detalhar nesta terça-feira, na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a decisão que tomou na semana passada de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano pela quarta vez consecutiva. A tendência é que o BC aprofunde sua avaliação sobre o cenário econômico, mas mantenha a estratégia de não dar muitas pistas sobre os próximos passos na condução dos juros. A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. IPVA 2026: desconto à vista ou parcelado? Calculadora do GLOBO mostra a melhor opção BYD: montadora chinesa passa a vender carros elétricos e híbridos pela OLX no Brasil No Boletim Focus, a maioria dos participantes aguarda que a primeira redução da Selic ocorra na segunda reunião do ano, em março, para 14,50% ao ano, mas uma parcela relevante do mercado ainda aposta em corte em janeiro. Composição do Copom, com Gabriel Galípolo na presidência do BC Divulgação / Banco Central O BC manteve um tom duro no comunicado da semana passada, embora tenha admitido algumas notícias melhores do ponto de vista de inflação e atividade e reduzido a projeção para a inflação no horizonte relevante – prazo com o qual trabalha para alcançar 3,0%, que atualmente é o segundo trimestre de 2027. Míriam Leitão: Qual foi a reação do setor privado à manutenção da Selic em 15%? A estimativa caiu de 3,3% para 3,2%, considerando um início da queda da Selic em março, terminando o ano que vem em 12,25%. "O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado", disse o BC, na semana passada. Initial plugin text Em relatório, o Itaú pontuou que o uso do termo "adequada" sugere continuidade à frente. Além disso, considerou que seria "estranho" cortar a Selic na reunião seguinte a que disse que ainda cogita elevá-la, embora a inclusão da expressão "como usual" suavize a mensagem. "Em suma, o comunicado estabelece uma barra alta para um corte em janeiro". 'Não parece que as expectativas vão ceder' O economista-chefe da G5 Partners, Luis Otavio de Souza Leal, espera um detalhamento do cenário do BC para as variáveis macroeconômicas, como a atividade e inflação. No comunicado, o colegiado afirmou que a moderação do crescimento econômico prosseguiu nos últimos meses, mas que o mercado de trabalho segue resiliente. Em relação ao IPCA - índice oficial de inflação -, o Copom disse que houve algum arrefecimento, mas ainda acima da meta. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre subiu 0,1%, mas a taxa de desemprego renovou mínimas nos três meses encerrados em outubro, para 5,4%. O IPCA, por sua vez, voltou ao intervalo da meta após mais de um ano, em 4,46%. A banda varia de 1,5% a 4,5%. IPVA 2026: desconto à vista ou parcelado? Calculadora do GLOBO mostra a melhor opção Souza Leal também aguarda que o Copom desassocie a condução dos juros das expectativas de inflação. O economista notou que houve interrupção do processo de queda nos prazos mais longos. As estimativas para 2027 e 2028 estão paradas há seis semanas, em 3,80% e 3,50%, respectivamente. — Não parece que as expectativas vão ceder enquanto a política fiscal for a atual. Portanto, como nos aproximamos de um corte de juros, seja em janeiro ou março, fica difícil dizer que não vai cortar os juros enquanto as expectativas não cederem. Galípolo 'tirou peso da comunicação' A informação mais importante para calibrar as apostas para a queda da Selic deve ser divulgada na quinta-feira, no Relatório de Política Monetária (RPM): a projeção para o IPCA no terceiro trimestre de 2027. Isso porque esse será o horizonte relevante no encontro de Copom de janeiro. Se estiver bastante próximo de 3,0%, pode ser um indicativo de que o início da queda pode acontecer em janeiro. No último RPM, a projeção era de 3,3%. — Como Galípolo já tirou o peso da comunicação, agora é ver números — disse, em referência às declarações do presidente do BC, Gabriel Galípolo. Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central Cristiano Mariz/Agência O Globo Em evento no início do mês, o presidente da autoridade monetária tirou o peso da expressão "período bastante prolongado" como uma sinalização dos próximos passos. — O "bastante" não é que ele zera a cada nova reunião que a gente escreve, ele não zera a cada reunião — afirmou. — Não sei se a gente tem a necessidade ou obrigação de criar algum tipo de código dentro da comunicação do Banco Central que vá telegrafar quando o Banco Central vai fazer algo — completou. Atualmente, Souza Leal projeta a primeira queda para janeiro, com 0,25 ponto percentual, mas ele pondera que, se a projeção para o terceiro trimestre de 2027 estiver em 3,2%, como o do segundo trimestre, vai mudar para março. — Se estiver abaixo, acho que vai ser difícil para o BC justificar manter os juros em 15,00% por mais 40 dias com a inflação na meta. A única justificativa seria que os juros usados (Focus) colocam a primeira queda em março, mas é uma queda de 0,50 ponto percentual. Initial plugin text