Voices 2025: a vez da 'economia da conveniência'

A evolução da tecnologia criou uma sociedade cada vez mais movida por dados, abrigando novos modelos de negócio que, antes, seriam insustentáveis. Bruno Henriques, COO do iFood e CEO do iFood Pago, acredita que as empresas precisam usar a tecnologia e as informações para gerar valor para a sociedade. — É o que estamos fazendo com o iFood Pago — diz Henriques, afirmando que a fintech do iFood usa os dados dos restaurantes para direcionar ofertas de crédito a investimentos de expansão e melhoria. Em dois anos, foram R$ 2,8 bilhões em crédito para os empreendedores. — Nós sabemos como está o atendimento, se os clientes estão voltando, se estão gostando da experiência e usamos essas informações para ajudar os empreendedores e expandir o nosso ecossistema. Outra ferramenta de dados aplicada pelo iFood aos negócios é a Maquinona, máquina que, além de receber os pagamentos nos restaurantes, gera para o empreendedor dados sobre o próprio negócio e o comportamento dos clientes. — Com isso, estamos ajudando os restaurantes a passar pela transformação digital e conhecer melhor seus consumidores — diz. Ana Carparelli, gerente-geral do Uber Direct no Brasil, observa que vivemos hoje a chamada Economia da Conveniência: — É uma cultura em que tudo está a um clique de distância, e não estamos falando só de mensagens ou de notícias. Isso também mudou relações de consumo e a mobilidade. Segundo ela, tudo isso depende de dados e tecnologia, o que se reflete na logística: — O Uber Direct é um serviço de entrega de última milha, que atende empresas que precisam cumprir essa demanda de uma experiência de consumo sem fricção. Carparelli observa que os aplicativos de entrega e logística precisam cuidar da sustentabilidade dos negócios, o que inclui aspectos ambientais, sociais e econômicos. Entre as medidas adotadas pela Uber e pelo Uber Direct estão planos para aumentar a participação de veículos elétricos e bicicletas na plataforma. — Mas esse movimento também precisa ser acompanhado pela sociedade, com investimentos em infraestrutura urbana para esses modais. O iFood vai pelo mesmo caminho. A empresa quer colocar 40 mil e-bikes na rua para os entregadores nos próximos anos, metade delas até 2027. — Isso ajuda os entregadores a ter acesso a veículos sustentáveis, com aluguel barato para entrada na plataforma — diz Henriques. Sobre as propostas de regulamentação das plataformas de delivery e mobilidade, Henriques e Carparelli dizem defender avanços na proteção social aos prestadores de serviço. Mas ressaltam que a legislação não pode engessar o mercado. — Queremos avanços na proteção social, isso é necessário. Mas uma pesquisa do Datafolha aponta que 75% dos motoristas e entregadores das plataformas preferem a flexibilidade — ressalta Carparelli. Henriques concorda e destaca que a legislação deve levar isso em conta: — É preciso ampliar os direitos, mas temos que manter a flexibilidade para o trabalhador e a segurança jurídica do setor, para não frear os investimentos.