Caso envolvendo desembargador preso pela PF levou à discussão acalorada entre Toffoli e Mendonça

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli e André Mendonça já tiveram uma discussão acalorada na Segunda Turma da Corte envolvendo um caso relativo ao desembargador Macário Judice Neto, do Tribunal Regional Federal da Segunda Região (TRF-2). O magistrado foi preso nesta terça-feira em uma operação da Polícia Federal (PF) que apura a atuação de agentes públicos no vazamento de informações sigilosas de uma investigação que atingiu o ex-deputado estadual do Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias. Em novembro, a Turma discutia uma ação movida pelo desembargador contra um procurador do Ministério Público Federal (MPF) por danos morais. Toffoli disse que o colega estava deturpando seu voto e chegou a afirmar que se sentiu desrespeitado. O embate girou em torno da interpretação de uma manifestação anterior de Toffoli, citada por Mendonça. O debate teve início quando Toffoli, relator da ação, afirmou que a Corte estaria prestes a abrir um "precedente perigosíssimo" ao relativizar a aplicação de teses já fixadas pela Corte. Mendonça discordou e citou um voto anterior de Toffoli, no qual o ministro teria, segundo ele, adotado entendimento semelhante ao que agora criticava. Toffoli reagiu: — Vossa excelência está colocando palavras no meu voto que não existiram. Achei desrespeitoso. Nunca fiquei interpretando voto de colega. Não coloco na minha boca voto do colega — afirmou. Mendonça respondeu que estava apenas lendo o voto e reafirmou seu respeito ao colega. — Respeito vossa excelência. Meu voto é meu voto — disse. Mendonça seguiu lendo um trecho de um voto anterior de Toffoli, e disse que estava fazendo a interpretação dele sobre a questão. — Vossa excelência interpreta o meu voto e eu interpreto o seu — respondeu Toffoli. Mendonça, então, disse que o colega poderia interpretar e afirmou que Toffoli estava "um pouco exaltado por causa desse caso, sem necessidade". — Eu fico exaltado com covardia — completou Toffoli. A primeira fase desta operação da PF realizada nesta terça-feira resultou na prisão do ex-presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar.