Nova flor azul rara é descoberta na Mata Atlântica da Bahia

Uma flor azul até então desconhecida pela ciência foi identificada na Mata Atlântica do sul da Bahia. A nova espécie, batizada de Stachytarpheta forzzae, foi apresentada em artigo publicado no último dia 6 no periódico Nordic Journal of Botany e chama atenção tanto pela raridade da cor quanto pelo local onde ocorre: a Pedra do Oratório, um inselbergue — formação rochosa semelhante ao Pão de Açúcar — localizado no município de Guaratinga. A descoberta começou de forma inesperada. Fotos da planta foram publicadas na plataforma de ciência cidadã iNaturalist pelo pesquisador Cássio van den Berg, da Universidade Estadual de Feira de Santana. As imagens despertaram o interesse de Pedro Henrique Cardoso, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que percebeu se tratar de uma espécie incomum — até então, apenas uma representante do gênero Stachytarpheta havia sido registrada em inselbergues. A confirmação veio depois, com a coleta de amostras em um local de acesso extremamente difícil, feita com a ajuda de um morador da região, Wilton Silva dos Santos. O apoio reforça a importância do conhecimento local para o avanço das pesquisas sobre biodiversidade. O nome da nova espécie homenageia a botânica Rafaela Campostrini Forzza, pesquisadora do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), reconhecida por sua atuação na conservação da flora brasileira. Avaliações preliminares indicam que a Stachytarpheta forzzae está criticamente ameaçada de extinção. Segundo os pesquisadores, sem os registros feitos por usuários do iNaturalist, a planta poderia ter permanecido desconhecida por muitos anos — um exemplo de como a ciência cidadã pode ajudar a revelar tesouros escondidos da biodiversidade brasileira.