Os últimos veículos sairão da linha de montagem da fábrica da Volkswagen em Dresden, na Alemanha, nesta terça-feira, marcando a primeira vez nos 88 anos de história da montadora que uma unidade é fechada em seu país de origem. Na América Latina: Volkswagen descarta elétricos e anuncia versões híbridas para todos os modelos fabricados a partir de 2026 Guerra automotiva: Entenda por que a recém-chegada BYD disputa influência junto a Lula com as montadoras tradicionais A Volkswagen alertou no ano passado para possíveis cortes de produção, ao enfrentar uma demanda instável na Europa e na China, seu maior mercado, além de tarifas mais altas que prejudicaram as vendas nos Estados Unidos. Após 24 anos de produção de veículos, a fábrica de Dresden será convertida em um centro de pesquisa voltado a tecnologias como inteligência artificial, robótica e design de chips. A Volkswagen fará parceria com o governo do estado da Saxônia e com a Universidade Técnica de Dresden no projeto da planta, conhecida como Fábrica Transparente por causa de suas paredes de vidro. “Não tomamos de forma leviana a decisão de encerrar a produção de veículos na Fábrica Transparente após mais de 20 anos”, disse em comunicado Thomas Schäfer, CEO da marca Volkswagen. “Do ponto de vista econômico, no entanto, isso foi absolutamente necessário.” Initial plugin text Em um acordo com o conselho de trabalhadores que representa os funcionários da empresa na Alemanha, a Volkswagen afirmou que os 230 trabalhadores remanescentes da fábrica de Dresden receberão ofertas de indenização, pacotes de aposentadoria ou a opção de transferência para outra unidade. funcionário realiza testes de controle de qualidade em sedã Phaeton na fábrica da montadora em Dresden, na Alemanha Krisztian Bocsi/Bloomberg A Volkswagen abriu a fábrica de Dresden em 2001, produzindo o sedã Phaeton antes de passar para o hatchback e-Golf e, mais recentemente, para o carro elétrico ID.3. O último carro a ser produzido na terça-feira, um ID.3 GTX vermelho, será assinado pelos trabalhadores e permanecerá na unidade, que é aberta a visitas turísticas. Aliança entre rivais: Montadoras ocidentais se unem a chinesas para ampliar portfólio de carros elétricos A empresa foi duramente atingida pelas tarifas do presidente Donald Trump, que a companhia atribuiu em parte a um prejuízo de US$ 1,5 bilhão no último trimestre. A empresa disse esperar que os custos relacionados às tarifas somem mais de US$ 5 bilhões neste ano. A desaceleração econômica da China também afetou as vendas de carros de maior valor no país, o que prejudicou a Porsche, que é majoritariamente controlada pela Volkswagen. Carrocerias na linha de produção do automóvel elétrico compacto hatchback VW ID.3 na fábrica da Volkswagen em Dresden, na Alemanha Krisztian Bocsi/Bloomberg Agravando suas dificuldades, a Volkswagen foi recentemente envolvida em um impasse geopolítico relacionado a chips fabricados pela Nexperia, sediada na Holanda, mas pertencente à empresa chinesa Wingtech. Alívio para montadoras: Governo holandês devolve controle da Nexperia à proprietária chinesa Montadoras do mundo todo soaram o alarme sobre possíveis escassezes de chips depois que a empresa foi assumida pelo governo holandês, antes de o controle da Nexperia ser devolvido à Wingtech. Os problemas da Volkswagen têm espelhado os da economia alemã, que encolheu em 2023 e 2024 e tem permanecido estagnada neste ano. Mas Carsten Brzeski, economista do banco ING, escreveu em um relatório que a produção industrial na Alemanha havia mostrado recentemente “sinais tímidos de que atingiu o fundo do poço”. Initial plugin text