Análise: de personal trainer a chefe de gabinete, alvo de operação da PF é peça central da trajetória de Bacellar

Um dos alvos de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal nesta terça-feira, o chefe de gabinete de Rodrigo Bacellar, Rui Bulhões, é peça central da trajetória política do presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio. Ocupa cargos sob alçada do aliado e é mencionado em investigações sobre ele há pelo menos 15 anos. Ex-personal trainer, integrante da formação original do grupo de pagode Os Mulekes e braço direito do deputado desde os tempos de atuação na política de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, Bulhões foi um dos vários campistas que se projetaram na capital depois que Bacellar ganhou poder na Alerj. Adversários do presidente afastado da Casa, até pouco tempo uma figura desconhecida do grande público, costumam dizer que desvendar Bacellar e eventuais irregularidades da vida dele passa por se debruçar sobre esses aliados. Agora, portanto, há expectativa para o que será extraído do material apreendido pela PF. Quando tinha cerca de 30 anos, Bacellar foi agraciado em Campos com o comando da extinta Fundação Estadual do Norte Fluminense, a Fenorte. Entre os homens de confiança que escolheu para nomear em cargos do órgão, estava Bulhões. Junto com o patrão, ele seria mencionado logo depois, em 2010, em uma investigação do Ministério Público focada no suposto “aluguel” da prefeitura de Cambuci, também no interior do Rio. Segundo promotores, Bacellar e o pai, o ex-vereador campista Marcos Bacellar, teriam arrendado a gestão municipal de Cambuci mediante um pagamento mensal de R$ 160 mil. A recompensa seria comandar as licitações no município, onde o setor era recheado de indícios de irregularidades. Com eles à frente da cidade de forma informal, Bulhões virou secretário de Obras. Como a investigação tinha como principal alvo o prefeito real de Cambuci, Oswaldo Botelho, o MP não se concentrou tanto nos Bacellar, que acabaram livres de qualquer escrutínio e punição. Hoje, além do trabalho como chefe de gabinete, Bulhões mantém elo societário com o patrão. São sócios, juntos, da RB Entretenimento, empresa de organização de eventos sediada em Campos. Recentemente, a produtora levou para a maior cidade do interior do Rio nomes como o rapper Matuê e a Oktober Fest. Na seara musical, a banda Os Mulekes, que sempre foi próxima a Bacellar, “produziu” dois futuros chefes de gabinete do deputado. Além de Bulhões, compunha a formação original do grupo Márcio Bruno Carvalho de Oliveira, outro que ocupou o cargo desde que o deputado virou presidente do Legislativo. Ele também é mencionado na investigação sobre a prefeitura de Cambuci, já que havia sido nomeado na pasta de Trabalho e Renda. Rui Bulhões (camiseta preta e relógio, à frente) e Márcio Bruno (camiseta azul, ao fundo): grupo de pagode com o qual Bacellar tinha proximidade forneceu dois futuros chefes de gabinete Reprodução