Autarquização da saúde na Unicamp: sessão do Consu é interrompida por manifestantes A sessão do Conselho Universitário da Unicamp (Consu) desta terça-feira (16), que previa a votação do projeto para transformar a área da saúde da universidade em uma autarquia, foi suspensa duas vezes e acabou adiada após a entrada de manifestantes em prédios da instituição. A Polícia Militar foi acionada. Em nota, a Reitoria da Unicamp manifestou "repúdio aos graves atos de violência ocorridos nas dependências da universidade na manhã e na tarde desta data". De acordo com a nota, os episódios configuram "afronta à autonomia universitária" e que as práticas "são incompatíves com os princípios democráticos". No entanto, a nota não confirma qual será a data da nova votação do plano de autarquização do complexo de saúde — veja a nota na íntegra abaixo. Servidores e estudantes deliberam na noite desta terça se continuam paralisados. Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp ➡️Inicialmente, a votação do plano de autarquização estava prevista para o dia 9 de dezembro e foi adiada para a sessão desta terça (16) por divergências entre os membros do Conselho. Entre as reclamações estava o pouco tempo para avaliar a proposta. Após as manifestações desta terça, a votação foi novamente adiada. Entenda mais abaixo os motivos da polêmica. Manifestações e suspensões Manifestantes entram em prédio da Funcamp e votação é suspensa pela segunda vez Divulgação STU A primeira interrupção da votação desta terça ocorreu pela manhã, quando manifestantes contrários à mudança de gestão entraram na sala onde o Consu estava reunido. Durante a sessão, participantes protestaram afirmando que as portas do local estavam fechadas para a comunidade. Em seguida, os manifestantes passaram a entoar coro contra a proposta de autarquização. A transmissão ao vivo foi interrompida pouco depois. A segunda interrupação aconteceu no fim da tarde, por volta das 16h10. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), a reitoria se transferiu para o prédio da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp). A fundação faz o gerenciamento de convênios, que a Unicamp realiza com instituições públicas e privadas. Atualmente, o convênio do complexo de saúde da universidade está assinado entre a Funcamp e a Secretaria Estadual de Saúde. Ainda de acordo com o sindicato, estudantes não estavam conseguindo acessar o link para participar da votação remota e pediram a suspensão da reunião, que não foi atendida pela reitoria. "Por que o alto escalão estava todo numa sala reunido e fazendo reunião do Consu com outros membros conselheiros online? Os estudantes não foram ouvidos e os trabalhadores também não e aí houve um movimento de ocupação da sala e o reitor teve que suspender a votação do Conselho Universitário", disse uma diretora do STU que não quis se identificar. . Ao g1, a assessoria da Unicamp informou que os conselheiros se reuniram com o reitor para avaliar o andamento da sessão e deliberar sobre os próximos passos dos trabalhos. A Polícia Militar foi acionada e pelo menos duas viaturas foram enviadas para a acompanhar a manifestação. Greve Autarquização da saúde na Unicamp: sessão do Consu é interrompida por manifestantes Reprodução/YouTube Cerca de 30% dos servidores da área da saúde estão paralisados desde segunda-feira (15), segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU). Os funcionários têm se revezado nas áreas hospitalares, garantindo a manutenção dos serviços essenciais. De acordo com o sindicato, os ambulatórios e as cirurgias eletivas são os setores mais impactados. O Hospital de Clínicas, por sua vez, afirmou que todas as atividades assistenciais, tanto eletivas quanto de urgência, seguem funcionando normalmente. Já o Hospital da Mulher (Caism) informou que os serviços de enfermagem foram os mais afetados. O centro também destacou que os funcionários estão se alternando para participar dos atos e que a adesão à paralisação deve aumentar nesta terça-feira, em razão da votação prevista. Em nota divulgada nesta segunda-feira (15), a Reitoria afirmou não haver paralisação das atividades na Unicamp e ressaltou que respeita as diferentes formas de manifestação. Manifestantes se reuniram em frente ao Consu da Unicamp nesta terça-feira Aline Albuquerque/CBN Campinas O que mudaria na saúde? De acordo com a proposta, a área da saúde deixaria de integrar diretamente a estrutura administrativa e orçamentária da Unicamp e seria transformada em uma autarquia chamada Hospital das Clínicas da Unicamp (HC-Unicamp). A previsão é que a autarquização seja aprovada institucional e legalmente no primeiro semestre de 2026. A reorganização administrativa e financeira ocorreria entre 2026 e 2027, enquanto a expansão e consolidação do projeto aconteceriam entre 2027 e 2036. PARA SABER MAIS: Entenda em 7 pontos como Unicamp quer transformar complexo de saúde em autarquia A autarquia reuniria oito órgãos, incluindo o atual Hospital de Clínicas e o Hospital da Mulher, Caism, e seria vinculada à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo para fins administrativos e orçamentários. Segundo a Unicamp, com a autarquização, cerca de 17% do orçamento da universidade, o equivalente a R$ 1,1 bilhão, deixaria de ser destinado à saúde. Esses recursos seriam direcionados para a expansão acadêmica, criação de novos cursos e investimentos em infraestrutura. Já o STU afirma que a autarquização representa a perda do controle administrativo e financeiro do complexo da saúde e alerta para a falta de garantias quanto à manutenção dos empregos dos trabalhadores e da qualidade do atendimento em saúde de alta complexidade. Manifestantes entram em prédio da Funcamp e votação é suspensa pela segunda vez no dia Divulgação STU VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1