Vídeo mostra casal confrontando atirador durante atentado na Austrália

Durante um dos massacres mais letais da História da Austrália, um casal de idosos se tornou herói ao tentar desarmar um dos atiradores responsáveis pelo atentado na praia de Bondi, em Sydney, no domingo. O ataque, que provocou a morte de 15 pessoas e deixou mais de 40 feridas durante uma celebração judaica, foi realizado por dois homens da mesma família — o pai, de 50 anos, que foi morto pela polícia e o filho, de 24, que foi preso. O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmou que eles provavelmente foram inspirados pela ideologia do Estado Islâmico para o promover o ataque. Atentado na Austrália: Atiradores passaram quase um mês em reduto do Estado Islâmico nas Filipinas Após ataque em praia de Sydney: Austrália endurecerá leis sobre porte de armas após atentado que deixou 15 mortos Boris e Sofia Gurman, moradores de longa data de Bondi, iriam comemorar seu 35º aniversário de casamento em janeiro. Mas, no domingo, foram mortos em uma rua próxima à praia de Bondi, após tentarem impedir um dos suspeitos do ataque a tiros durante uma celebração de Chanucá, tradicional festa judaica. A bravura do casal, juntamente com a de outras pessoas que confrontaram os agressores, ofereceu aos australianos uma comovente visão de como cidadãos comuns reagiram ao tiroteio. Os atiradores estavam na Campbell Parade, uma rua perto da praia de Bondi, quando um dos suspeitos saiu de um carro prata estacionado próximo a uma passarela que leva à praia. O casal o confrontou, de acordo com imagens da câmera de um carro que passava pelo local, capturadas pelo veículo e verificadas pelo New York Times. No vídeo é possível ver que Boris lutou com o homem, tomando dele o que parece ser uma arma de fogo e derrubando-o no chão. Ele então enfrentou o suspeito com sua esposa ao lado, enquanto pessoas que passavam pelo local se abrigavam em um ponto de ônibus próximo. Polícia identifica casal morto ao tentar desarmar atirador em Sydney Suspeita: Ataque em praia na Austrália parece ter sido motivado pelo Estado Islâmico, diz primeiro-ministro O casal foi morto. As circunstâncias exatas de suas mortes não estão claras, mas vídeos posteriores do local do incidente mostraram um homem e uma mulher imóveis no chão. Eles foram identificados por um amigo da família e pela imprensa australiana nesta terça-feira. Boris, de 69 anos, e Sofia, de 61, eram moradores antigos do bairro, de acordo com uma página de arrecadação de fundos criada na plataforma GoFundMe para o filho deles, Alex Gurman. Pelo menos 140 mil dólares australianos (cerca de R$ 508 mil) haviam sido arrecadados na página até a noite de terça-feira (segundo o horário local). “Eles eram pessoas de profunda bondade, força silenciosa e cuidado inabalável com os outros”, dizia um comunicado na página, acrescentando que eles eram “devotados à família e um ao outro”. A mensagem destaca ainda que o casal passou seus últimos momentos "tentando proteger outras pessoas". “Este ato de bravura e altruísmo reflete exatamente quem eles eram: pessoas que instintivamente escolheram ajudar, mesmo correndo grande risco pessoal”, concluía o texto. Segundo a imprensa australiana, os Gurman eram judeus russos. Boris era mecânico aposentado e a Sofia trabalhava para os Correios da Austrália, de acordo com um comunicado da família publicado nos jornais australianos. “Eles eram o coração da nossa família”, dizia o comunicado, acrescentando que o vídeo os mostrava “tentando corajosamente desarmar um agressor em um esforço para proteger outras pessoas”. “Embora nada possa diminuir a dor da perda de Boris e Sofia, sentimos um imenso orgulho por sua bravura e altruísmo”, concluía a declaração. Companheiro leal: Cão permanece junto ao corpo do dono durante ataque em praia na Austrália; vídeo Tragédia revelou heróis Outra vítima que ganhou fama internacional por um gesto de heroísmo tomado em meio ao caos em Sydney é Ahmed al-Ahmed, um muçulmano de 43 anos e pai de dois que avançou sobre um dos atiradores por trás e retirou a arma de suas mãos, evitando uma tragédia ainda maior. Agora, al-Ahmed, que levou dois tiros, um no ombro e outro na mão, permanece hospitalizado, mas está estável, segundo informou sua família à BBC. Dono de uma quitanda no subúrbio de Sutherland Shire, al-Ahmed chegou à Austrália em 2006, deixando para trás a Síria, sua terra natal, em meio à instabilidade que se agravaria nos anos seguintes no país. O gesto que catapultou Ahmed al-Ahmed para o centro das atenções no duro balanço do atentado terrorista foi instintivo. Vídeos mostram ele correndo em direção a um dos atiradores e tomando a arma das mãos do agressor, empurrando-o ao chão e apontando o armamento para forçar sua retirada antes de ser baleado. Atirador é desarmado por homem em ataque que deixou 11 mortos na Austrália Testemunha brasileira: Jovem presenciou ataque terrorista em praia da Austrália: 'Vi muitos corpos no chão, pessoas cobertas de sangue' O ataque ocorreu durante o primeiro dia da celebração judaica Chanucá, com mais de mil pessoas no local quando os tiros foram disparados. A polícia australiana classificou o episódio como um ato terrorista direcionado aos judeus, segundo relatos das autoridades. Al-Ahmed estava na praia quando os disparos começaram. Segundo a BBC, ele não tinha experiência formal com armas de fogo e foi atingido pelo segundo atirador durante o confronto. Sua família disse que ele foi rapidamente atendido e passou por cirurgia, e que seu quadro é estável, embora ainda crítico. (Com New York Times)