Depois de apagões recentes que deixaram milhões de imóveis sem luz na Grande São Paulo, autoridades estaduais e municipais decidiram pedir à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o rompimento do contrato com a Enel. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, juntamente ao governador Tarcísio de Freitas e ao prefeito Ricardo Nunes, anunciou a intenção de iniciar o processo regulatório para a caducidade da concessão. + Leia mais notícias de Política em Oeste O blecaute da última semana afetou cerca de 2,3 milhões de imóveis, como consequência de ventos que chegaram a quase 100 km/h e provocaram a queda de centenas de árvores. Segundo a Enel, a empresa já restabeleceu o fornecimento nos casos ligados à ventania, mas ainda persistem reclamações de consumidores sem energia. Ver essa foto no Instagram Um post compartilhado por Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) Pressão por intervenção e defesa da Enel A demora na solução levou Tarcísio e Nunes a solicitar intervenção federal na concessionária, cujo contrato vai até 2028, e o governo Lula discutiu antecipadamente sua renovação. A Enel se defende destacando investimentos de R$ 10,4 bilhões previstos até 2027, além de reforço nas manutenções e aumento do número de podas de árvores. Depois de uma reunião de quase três horas entre o prefeito, o governador e o ministro, Silveira afirmou que os três têm o mesmo objetivo. “Estamos completamente unidos – governo federal, do Estado e do município de São Paulo – para que iniciemos um processo rigoroso regulatório", afirmou o ministro durante coletiva, nesta terça-feira, 16. "Esperamos que a Aneel possa dar a resposta o mais rápido possível ao povo de São Paulo.” Leia também: "Nau sem rumo" , artigo de Alexandre Garcia publicado na Edição 300 da Revista Oeste O encontro ocorreu depois de cobranças feitas pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira 12. “Não há outra alternativa a não ser a caducidade", afirmou Tarcísio durante a coletiva. "O governo estadual, federal e municipal estão na mesma página. Saímos com isso acordado para iniciar o processo de caducidade.” A Enel informou ter mobilizado até 1.800 equipes para os reparos, número contestado por Ricardo Nunes, que relatou ter identificado menos veículos da empresa circulando, segundo imagens do sistema municipal de câmeras. Impactos e cobranças depois dos apagões Moradores relataram prejuízos como perda de estoques, dificuldades para trabalhar e até interrupção no abastecimento de água por causa do blecaute. O episódio reacendeu o debate sobre a renovação antecipada do contrato da Enel, empresa italiana cuja concessão é válida até 2028. Nove dias antes do apagão, o Tribunal de Contas da União (TCU) orientou que a Aneel avaliasse a possibilidade de intervenção federal na concessionária. Uma auditoria apontou o descumprimento de sete dos 11 Planos de Resultados e destacou que a empresa recorre judicialmente de multas superiores a R$ 260 milhões. Na segunda-feira 15, Tarcísio afirmou que a União não pode impor a renovação do contrato da Enel. O ministro Silveira já havia acusado Tarcísio e Nunes de politizarem a crise climática. O Tribunal de Justiça de São Paulo, no sábado 13, determinou o restabelecimento imediato da energia em hospitais e outros serviços essenciais, sob pena de multa de R$ 200 mil por hora e prazo de 12 horas para demais imóveis afetados. Depois do fim do prazo, a Defensoria Pública e o Ministério Público do Estado informaram que vão requisitar à Enel e à Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) dados sobre o número de imóveis ainda sem energia. O post Tarcísio, Nunes e Silveira anunciam o fim do contrato com a Enel apareceu primeiro em Revista Oeste .