Flordelis será indenizada em R$ 10 mil por ex-patroa do filho que a acusou de fazer orgias e desviar dinheiro da igreja

Condenada a 50 anos de prisão por mandar matar o marido, a ex-deputada federal Flordelis obteve uma vitória na Justiça e recebeu indenização de R$ 10 mil por danos morais contra a comerciante Regiane Ramos Cupti Rabello, ex-patroa de um de seus filhos adotivos. Proferida no dia 11 de dezembro, a decisão transitou em julgado e não cabe mais recurso, já que os advogados da ré perderam o prazo para recorrer. 'Flordelis está morrendo na prisão', diz advogado: Em carta, ex-deputada relata AVC, desmaio e crises convulsivas Dívidas de R$ 600 mil, financiamento atrasado e até gato de luz: A crise financeira na família de Flordelis após prisão Segundo os autos do processo, Regiane foi condenada por extrapolar o direito de crítica ao fazer acusações graves e reiteradas contra Flordelis em entrevistas, vídeos publicados na internet, redes sociais e também em declarações formais à Justiça. Entre as afirmações consideradas ofensivas pelo juiz, Regiane disse que Flordelis mantinha uma dinâmica doméstica baseada em violência e submissão, com divisão dos filhos entre “privilegiados” e “escravos”, que passariam fome, seriam maltratados e coagidos. Afirmou ainda que havia um taco de beisebol na casa usado para ameaçar os filhos, que Flordelis desviava dinheiro da igreja e de dízimos, manipulava a fé para enriquecimento próprio e agia de má fé como líder religiosa. Galerias Relacionadas Regiane também declarou que Flordelis participava de orgias, tinha comportamento sexual que classificou como desviante e atacava a honra de seus filhos como mãe. Além disso, atribuiu publicamente à ex-deputada a responsabilidade por um suposto atentado com artefato explosivo ocorrido em setembro de 2020. Essa acusação chegou a ser levada à polícia e ao Ministério Público, mas não resultou em indícios contra Flordelis. A sentença destaca que Regiane reiterou essas acusações de forma consistente, inclusive em depoimentos judiciais, sem apresentar provas diretas, e que esse conjunto de declarações atingiu a honra, a imagem e a dignidade pessoal, familiar e religiosa da ex-deputada, fundamentando a condenação por danos morais. Suspeita de feminicídio: Flordelis tenta deixar a cadeia para comparecer ao enterro da filha Durante as investigações do assassinato do pastor Anderson do Carmo, marido de Flordelis, Regiane ganhou destaque no caso por ser ex-patroa de Lucas Cézar dos Santos Souza, filho adotivo da ex-deputada. Ela empregou Lucas em uma oficina mecânica e afirma ter criado vínculo com o jovem, passando a ouvir relatos sobre a rotina e as dinâmicas internas da casa da família. Condenado pela morte do pastor, Lucas integrou diretamente a engrenagem do crime ao participar da compra da arma utilizada na execução do padrasto. Por esse papel, foi condenado em 23 de novembro de 2021 por homicídio triplamente qualificado. A pena inicial, de sete anos e meio de prisão, foi elevada para nove anos após recurso do Ministério Público, que apontou como agravante o fato de ele ser filho adotivo da vítima. Preso preventivamente desde junho de 2019, teve esse período abatido da condenação final e, em 2023, após cumprir mais de um sexto da pena e sem registro de faltas graves, obteve progressão do regime fechado para o semiaberto. 'Minha alma é inquieta': Filho de Flordelis se lança como influenciador com o namorado em plataforma erótica Segundo o advogado de Flordelis, Renato Loureiro, o valor da indenização será usado para pagar dívidas, comprar medicamentos e ajudar financeiramente os filhos que permaneceram ao lado da ex-deputada e que hoje enfrentam dificuldades econômicas. Parte deles ainda mora na casa onde o pastor foi assassinado. Procurados, os advogados de Regiane não foram localizados. Na defesa apresentada no processo, os representantes da comerciante sustentaram que ela apenas exerceu o direito de se manifestar sobre fatos graves que, segundo alegou, lhe foram narrados por Lucas e depois teriam sido confirmados pela investigação criminal. Argumentaram que não houve intenção de ofender, mas de denunciar abusos e práticas que considerava criminosas. Término: Condenada por assassinar o marido e presa, Flordelis rompe namoro de quatro anos com produtor musical A defesa de Flordelis, por sua vez, afirmou que Regiane ultrapassou qualquer limite ao imputar crimes e condutas sem provas diretas, atingindo a honra e a imagem pública da ex-deputada. O juiz acolheu esse entendimento e fixou a indenização em R$ 10 mil. Além de receber a indenização, Flordelis também obteve outra vitória recente na execução da pena. Ela havia sido acusada de manter um telefone celular dentro da cela após a circulação de um vídeo gravado na prisão, no qual aparecia falando diretamente à câmera. O Ministério Público pediu o reconhecimento de falta grave, o que poderia resultar em perda de dias de pena e atraso na progressão de regime. Após ganhar dez mil seguidores com entrevista: Ex de Flordelis procurou partidos para ser candidato A defesa argumentou que nenhum celular foi apreendido, não houve flagrante e não ficou comprovado quem gravou o vídeo. Ao analisar o caso, o juiz concluiu que não havia prova suficiente de que Flordelis utilizava ou mantinha aparelho telefônico na cela e afastou a acusação, preservando seus direitos na execução da pena.