Desembargador Júdice Neto ficará em presídio de Niterói numa sala com cama, TV e refrigerador

Preso pela Polícia Federal, o desembargador Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), ficará custodiado em uma sala adaptada, equipada com cama, televisão, refrigerador e ventilador, na Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói. A unidade é destinada a policiais civis e penais, mas, como o sistema penitenciário fluminense não dispõe de sala de Estado-Maior — prevista em lei para presos específicos, como advogados, juízes, promotores e defensores públicos —, um cômodo foi adaptado para recebê-lo. Moraes diz que encontrou indícios de autoria do desembargador Judice Neto em cinco crimes; veja quais são Chefe do CV ligado a TH Jóias volta ao Rio após deixar presídio federal, na semana em que Bacellar é preso Os agentes federais cumpriram o mandado de prisão contra o magistrado na manhã de terça-feira (16/12), em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na Zona Sudoeste do Rio. Júdice Neto foi levado à sede da Superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá, para prestar depoimento. Na decisão que decretou a prisão, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou haver indícios suficientes de autoria por parte de Júdice Neto na prática de cinco crimes: organização criminosa armada com participação de agente público, obstrução de investigação, violação de sigilo funcional, fraude processual e favorecimento pessoal e real. TH Joias e Rodrigo Bacellar Reprodução Instagram TH Joias Ao fundamentar a medida, Moraes destacou que a prisão é necessária para garantir a ordem pública, diante da gravidade concreta dos fatos e da infiltração do crime organizado em instituições estatais. O desembargador foi o responsável por decretar a prisão do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, acusado de tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e negociação de armas para o Comando Vermelho. Durante as investigações, a Polícia Federal apurou que o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União), então presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), conversou com TH Joias sobre o mandado de prisão que seria cumprido contra ele, na véspera da deflagração da Operação Zargun, em 3 de setembro. Segundo a decisão de Moraes, baseada nos elementos reunidos pelos investigadores, Bacellar estaria em uma churrascaria no bairro da Glória, acompanhado de Júdice Neto, justamente o magistrado que havia decretado a prisão de TH Joias. Desembargador preso pediu a Bacellar ingressos para jogo do Flamengo: 'Nem que eu arrebente o portão darei um jeito' Em um dos trechos da decisão, o ministro do STF afirmou: “Os investigados utilizaram dessa relação de intimidade para se encontrar presencialmente, na véspera da operação policial, em alinhamento para a prática de condutas delitivas.” O advogado Fernando Fernandes, que representa o desembargador Macário Ramos Júdice Neto, afirmou em nota ao blog Segredos do Crime que nada de irregular foi encontrado nas buscas e apreensões realizadas nos imóveis do magistrado. Mapa do Crime no Rio e em Niterói: consulte os índices de violência em seu bairro Segundo a defesa, Júdice Neto encontra-se na sede da Polícia Federal, com determinação para permanecer em Sala de Estado-Maior. O advogado sustenta ainda que, com base em informações recebidas extraoficialmente, os fatos que motivaram a prisão seriam "inverídicos". Fernandes informou que já requereu a redistribuição do processo que estava sob a relatoria do desembargador e resultou na prisão do ex-deputado TH Joias. Disse também que, assim que tiver acesso à decisão do ministro Alexandre de Moraes, irá protocolar pedido de soltura, afirmando que o desembargador agiu corretamente. A defesa acrescenta que as medidas cautelares impostas a TH Joias precisam ser ratificadas para não perderem validade e questiona o afastamento do desembargador, afirmando que “é preciso investigar a quem interessa” a decisão.