Seu cão ou gato está ficando idoso? Esses gestos simples podem ajudá-los a viver vidas mais longas e felizes

A veterinária geriátrica está em ótima fase, com cães e gatos vivendo em média 11,3 anos, segundo dados franceses. Nosso conhecimento sobre como acompanhá-los na velhice está se expandindo rapidamente. Agora sabemos que mudanças simples podem fazer maravilhas pelo conforto e qualidade de vida de um gato ou cachorro idoso. O principal segredo é que os donos não fiquem de braços cruzados enquanto seus companheiros de quatro patas envelhecem. Saiba qual é o hábito diário que mais influencia na longevidade, segundo Harvard Ataques cardíacos noturnos: a ciência explica por que eles são 'menos mortais' Em que idade meu cão ou gato pode ser considerado idoso? Um estudo com mais de dois milhões de gatos e quatro milhões de cães permitiu-nos definir melhor as suas diferentes fases da vida. Os gatos entram na velhice por volta dos 10 anos de idade. Este período divide-se então em fases de maturidade, sênior e super sênior. O mesmo estudo aponta que a situação é menos uniforme para os cães, cuja velhice depende muito do tamanho. Cães de pequeno porte (raças miniatura e toy com menos de 9 kg, como Chihuahuas ou Cavalier King Charles Spaniels) entram na terceira fase da vida por volta dos 7 anos e tornam-se sénior por volta dos 12 anos. Cães de médio a grande porte com mais de 9 kg, como Welsh Corgis, Golden Retrievers e Pastores Australianos, por exemplo, atingem esta fase mais cedo: por volta dos 6 anos. Mas não se preocupe: a nova fase não significa necessariamente que o fim está próximo. Pelo contrário, pode ser apenas o momento de prestar mais atenção ao seu animal de estimação e ajustar gradualmente o ambiente, os cuidados médicos e a rotina de cuidados para ajudá-lo a envelhecer nas melhores condições possíveis. O que é envelhecimento saudável? Como avaliá-lo no seu animal de estimação? Mas antes mesmo de falarmos sobre “envelhecimento saudável”, é útil lembrar o que é o envelhecimento: um processo natural, gradual e inevitável. Com o tempo, os animais tornam-se menos tolerantes ao estresse ambiental e suas células acumulam danos, levando a diversas alterações fisiológicas. Então, o que queremos dizer com um cão ou gato envelhecendo “com boa saúde”? Um artigo de consenso recente, do qual participei, oferece uma definição adaptada aos nossos animais de estimação: um animal idoso com boa saúde é aquele que mantém capacidade e resiliência suficientes para atender às suas necessidades físicas, comportamentais, sociais e emocionais, mantendo ao mesmo tempo uma relação estável e positiva com seu dono. Alguns sinais são completamente normais: cabelos grisalhos, leve acúmulo de tártaro, pele mais fina e sentidos ligeiramente menos apurados – estes não têm impacto perceptível na qualidade de vida. Por outro lado, problemas de mobilidade que dificultam o acesso a recursos (dificuldade para se levantar, subir escadas ou interagir facilmente com você) não devem ser considerados simplesmente como sinais de envelhecimento. O mesmo se aplica aos primeiros sinais de disfunção cognitiva (uma síndrome que apresenta algumas semelhanças com a doença de Alzheimer), quando um cão ou gato tem dificuldade para encontrar sua tigela de comida ou parece perdido dentro de casa, por exemplo. Nesses casos, é necessário consultar um veterinário. A qualidade de vida torna-se, portanto, o critério central para avaliar se um animal está envelhecendo harmoniosamente. Em cães e gatos, utiliza-se o conceito de fragilidade, derivado da geriatria humana (ver tabela abaixo). Como você pode avaliar a fragilidade do seu animal de estimação? Índice de fragilidade: se pelo menos 3 dos 5 componentes forem afetados, o indivíduo é considerado frágil. Animais classificados como frágeis são mais propensos a desenvolver doenças e devem ser monitorados mais de perto. A principal vantagem dessa abordagem é que, assim como em humanos, a fragilidade detectada precocemente pode, por vezes, ser atenuada. Daí a importância da triagem regular e do apoio precoce para o melhor cuidado de nossos companheiros idosos. Alguns ajustes a serem feitos O primeiro passo é tornar o ambiente do animal mais acessível para que ele possa alcançar facilmente todos os seus recursos: comida, água, locais de descanso e esconderijo, áreas de contato, etc. Alguns acessórios e ajustes podem fazer uma grande diferença, incluindo pequenos degraus para subir no sofá, poltronas, almofadas firmes e baixas ou comedouros elevados para cães e gatos com osteoartrite, etc. Aumentar o número de pontos de acesso também é útil: duas ou três áreas de alimentação, vários locais para dormir e mais caixas de areia fáceis de transpor. Algumas caixas de areia comerciais são muito altas para gatos com osteoartrite; uma caixa larga com borda baixa pode ser muito mais confortável. Manter um relacionamento calmo e positivo é essencial. Comportamentos considerados “indesejáveis” devem sempre ser investigados por um veterinário e um especialista em comportamento animal (ou um veterinário comportamentalista): podem refletir uma necessidade, desconforto ou dificuldade. Um gato que arranha o tapete em vez do arranhador, por exemplo, pode simplesmente estar procurando uma posição menos dolorosa. Alguns animais também se tornam mais ansiosos ou reativos com a idade ou com certas condições médicas; portanto, é importante entender a causa em vez de puni-los, correndo o risco de prejudicar o relacionamento e não resolver o problema. A estimulação cognitiva e física deve continuar, mas adaptada às capacidades do animal. Os comedouros interativos (ou tigelas interativas, onde os animais precisam resolver quebra-cabeças para obter a comida) ainda são úteis, desde que sejam escolhidos de acordo com a condição do animal: um tapete para arranhar ou uma tigela interativa que pode ser empurrada com o focinho são preferíveis a um sistema que exige movimentos complexos das patas. Jogos, aprendizado e pequenas sessões de treinamento ainda são benéficos; às vezes, basta encurtar as sessões e usar recompensas muito atraentes (como pequenos pedaços de peito de frango ou linguiça, etc.). Os passeios podem ser adaptados, em particular com o uso de bolsas confortáveis ​​e seguras para transportar o cão quando ele estiver muito cansado, seja por parte ou durante todo o percurso. O importante é continuar dando ao animal acesso ao exterior. Por fim, a alimentação é fundamental no cuidado com animais idosos. O envelhecimento acarreta alterações na digestão e uma perda gradual de massa muscular. Portanto, recomenda-se escolher uma dieta de fácil digestão, com cheiro e sabor agradáveis ​​ao seu animal de estimação e formulada especificamente para as necessidades de animais idosos. Deve-se evitar a carne crua: ela costuma ser desequilibrada em termos de minerais, o que pode ser prejudicial para animais idosos, que são particularmente sensíveis ao excesso de fósforo ou a proporções inadequadas de cálcio/fósforo. Além disso, apresentam um risco maior para a saúde, pois seus sistemas imunológicos são menos eficazes. Por outro lado, combinar ração seca (croquetes) com ração úmida (terrinas, mousses, etc.) costuma ser benéfico. Uma refeição caseira e cozida (seguindo a orientação de um veterinário) também pode ajudar o animal a recuperar o apetite. E para os animais mais exigentes, um truque simples pode ser suficiente: aquecer levemente a ração úmida para realçar o cheiro e torná-la mais apetitosa. Quando devo levar meu animal de estimação ao veterinário? Consultas veterinárias regulares ainda são essenciais, principalmente para manter as vacinas e vermifugações em dia. O envelhecimento enfraquece o sistema imunológico, tornando os animais idosos mais vulneráveis ​​e exigindo proteção regular contra doenças infecciosas e parasitas. As consultas geriátricas visam monitorar o processo de envelhecimento, que é único para cada indivíduo. A primeira consulta costuma ser a mais longa para permitir uma discussão aprofundada e incluir exames adicionais, quando necessário. Esses resultados iniciais servirão como referência para as consultas de acompanhamento. Idealmente, esse monitoramento deve começar no início da terceira idade. A frequência das consultas dependerá da evolução do animal: a cada seis meses, se surgirem sinais de fragilidade, ou uma vez por ano, se sua condição permanecer estável. O desafio não é mais apenas prolongar a vida de nossos amigos peludos, mas, acima de tudo, prolongar sua saúde. Afinal, queremos que eles aproveitem a vida o máximo possível, assim como queremos que aproveitem a vida por nós, humanos. * Sara Hoummady é DMV, PhD, professora associada de etologia e nutrição animal na UniLaSalle na França. * Este artigo foi republicado de The Conversation sob licença Creative Commons. Leia o original.