O jogo entre Flamengo e Liverpool ainda estava longe de terminar quando milhares de torcedores rubro-negros reunidos sob os Arcos da Lapa, no Rio, deixaram de lado os telões que exibiam a final do Mundial de Clubes e começaram a festejar. Não era por menos. Naquela madrugada de domingo, dia 13 de dezembro de 1981, o time de Zico, Nunes, Júnior e companhia deu uma aula de futebol nos ingleses, liquidando a fatura no primeiro tempo com um 3 a 0 histórico em Tóquio, no Japão. Flamengo x PSG: Como assistir à grande final da Copa Intercontinental Palavra de treinador: Filipe Luís afirma que "DNA do Flamengo" vai surgir na final Ainda no intervalo do jogo, os torcedores na Lapa que assistiam ao confronto do outro lado do mundo começaram a ocupar o espaço ao redor de um trio elétrico contratado pela diretoria do Flamengo. As latas de cerveja eram consumidas como se não fosse haver um amanhã. Ao som do apito final, enquanto Zico levantava os braços para comemorar no Estádio Nacional de Tóquio, a multidão no bairro mais boêmio do Rio dava início a um cortejo que só acabaria de manhã, em Ipanema. Multidão rubro-negra acompanha trio elétrico na madrugada após Mundial de 1981 Alcyr Cavalcanti/Agência O GLOBO Quase 45 anos depois, o time da Gávea vai decidir mais um Mundial hoje, a partir das 14h desta quarta-feira (horário de Brasília), contra o todo poderoso PSG da França, em Doha, no Catar. Histórico: Como urubu virou mascote após voo no Maracanã, em 1969 Desejo antigo: O Flamengo e o sonho de um estádio para chamar de seu Lá em 1981, a situação era bem diferente da atual. O Flamengo do técnico Paulo Cesar Carpegiani chegou a Tóquio como o grande favorito, e tanto os jogadores quanto a torcida e a diretoria tinham certeza do título. Do outro lado, o Liverpool, então campeão europeu, não vivia uma boa fase. A equipe estava na 12ª posição do campeonato inglês. Durante uma entrevista coletiva na véspera da partida em Tóquio, o treinador Bob Paisley deixou clara a preocupação dele com Zico. Festa na Lapa durante madrugada após título no Japão em 1981 Arquivo/Agência O GLOBO Em campo, o maior ídolo da história do clube carioca não decepcionou e participou diretamente dos três gols do jogo. O camisa 10 de Quintino deu passes cirúrgicos para os dois gols do atacante Nunes e cobrou a falta que o goleiro Gobbrelaar não segurou, deixando a bola para Adílio enviar às redes. O segundo tempo passou sem gols e, quando a partida acabou, pouco antes das 2h aqui no Brasil, uma grande farra tomou conta das ruas do Rio naquele início de domingo. Márcio Braga, então presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo, subiu no trio elétrico e puxou o hino do clube cantado por uma multidão. De acordo com a edição do Jornal O GLOBO no dia seguinte, cerca de 4 mil pessoas saíram em cortejo acompanhando o trio elétrico pela orla em direção à Zona Sul. Foram 10km de cortejo, com fogos de artifício, muita música e cerveja. O barulho das buzinas era ensurdecedor e, das janelas dos prédios, torcedores pulavam sacundido bandeiras do flamengo, A festa com o trio elétrico só acabou no Jardim de Alah, em Ipanema, por volta das seis da manhã, mas os torcedores passaram aquele domingo de sol comemorando até não aguentar mais. Trio Elétrico durante festa do título mundial do Flamengo em 1981 João Roberto Ripper/Agência O GLOBO Flamenguistas comemoram de madrugada após título mundial de 1981 em Tóquio Arquivo/Agência O GLOBO Farra no domingo após título mundial de 1981 do Flamengo Athayde dos Santos/Agência O GLOBO Torcedor com bandeira do Flamengo na Praia de Ipanema após título em 1981 Arquivo/Agência O GLOBO