Longe das novelas desde "Travessia" (2022), Raul Gazolla reviveu, este ano, um momento simbólico para a sua carreira. O ator retornou aos palcos com o musical "Chorus Line”, que encenou pela primeira vez em 1983. Entrevista: Ex-'Zorra', Claudio Cinti fala da recuperação de um transplante de rim um ano após gravíssimo problema de saúde E mais: Dani Gondim fala do diagnóstico de um câncer meses após estrelar filme da Globo em que interpretou paciente com a doença: 'Já sabia todo o processo' — Para mim, particularmente, foi o melhor trabalho profissional da minha vida. Nunca trabalhei com tanta gente talentosa. Fiquei surpreso não somente com a qualidade técnica do elenco, mas com o carinho com o qual fui recebido, pois sou de outra geração — elogia. Com 70 anos, Gazolla tem formação de dançarino, mas conta que foi poupado das coreografias exaustivas. Ele interpreta Zach, o diretor que seleciona os candidatos para o coro que dá nome à peça. — Fiz o único personagem que poderia. Passo o maior tempo no meio do público observando as audições, mas subo e desço uma escada com 10, 12 degraus. É impressionante porque é um texto de mais de 50 anos muito contemporâneo, que fala sobre trabalho, homossexualidade, padrões, sobre como somos julgados pela sociedade. Isso se reflete na quantidade de gente nova fazendo procedimento estético sem a menor necessidade, atrás de um modelo de beleza padrão — avalia. Pai de uma mulher, Rani, fruto do seu relacionamento com a estilista Mariúza Palhares, o ator tem ainda duas enteadas, Luna e Milla, filhas de Fernanda Loureiro, com quem está desde 2005. No dia do aniversário de 70 anos, em agosto, ele conta que recebeu um grande presente delas. — Elas pediram para adotar o meu sobrenome. Daí para frente é tudo lindo — alegra-se. Enquanto Luna e Rani são psicólogas, Milla seguiu os passos de Gazolla. Atualmente com 28 anos, ela é a protagonista do monólogo "TIP (antes que me queimem eu mesma me atiro no fogo)", em cartaz no Rio até este fim de semana. Na peça, que é dirigida pelo marido dela, Rodrigo Portella, Milla relembra como sustentou a família na época da pandemia graças ao trabalho como camgirl, que são mulheres que fazem conteúdo erótico nas redes. — Nós enfrentamos uma crise financeira impactante e foi ela quem nos sustentou por quase dois anos, segurou a barra legal. Claro que já pagamos com juros e correção monetária, mas esse trabalho dela nos salvou — diz o ator, que garante não ter tido qualquer questão diante da situação. — Ela comentou que faria isso e eu falei 'Se não te aviltar, não te magoar e não te machucar de qualquer forma, a vida é sua e estamos aqui para te apoiar'. E durante os cerca de 500 dias que fez este trabalho, ela aprendeu muito sobre a psique humana e principalmente sobre os homens. Gazolla admite que chegou ao final do espetáculo com muitas lágrimas nos olhos. — Eu não conhecia os detalhes da história. A única pergunta que fiz foi se ela ficaria pelada na peça. Como ela respondeu que não, fui assisti-la. É uma entrega impressionante, de muita verdade. Uma das coisas mais bonitas que já vi na vida — derrete-se ele, que não se incomodou com a exposição pública da filha. — A vida de cada um é a vida de cada um. Se alguém tiver com preconceito, eu vou entender que o problema é com a pessoa e não com a minha filha. Raul com as filhas e a mulher reprodução Initial plugin text