Do chão da comunidade aos palcos de uma das escolas de balé mais prestigiadas do país. Foi esse salto que começou quando o projeto ViDançar abriu suas audições e encontrou, entre tantas crianças, o brilho inquieto de Victor Hugo Santana da Silva, de 9 anos. Morador do Complexo do Alemão, o menino acaba de ser aprovado na Escola Bolshoi e se prepara para uma mudança que promete transformar a rotina — e o futuro — de toda a família. Agora, o projeto acaba de abrir uma nova rodada de audições, ampliando o alcance de iniciativas que vêm revelando talentos como o dele. Projetos sociais: Natal Solidário em Niterói mobiliza comunidade com ações para famílias e crianças Para idosos: Curso para pessoas com mais de 60 anos ensina a navegar com segurança na internet Victor Hugo foi aprovado na etapa final da Seleção Nacional 2026 da Escola Bolshoi para ingresso no 1º ano do curso de dança clássica em Joinville (SC). Aluno do ViDançar há pouco mais de um ano, sua trajetória surpreende pela rapidez e pela força. Victor Hugo comemora com a professora Renata Gouveia a aprovação na Escola Bolshoi Divulgação A disputa envolveu candidatos de Santa Catarina, de outros 17 estados brasileiros e ainda da Argentina e do Peru. Mais de três mil bailarinos participaram das pré-seletivas ao longo do ano. Na fase presencial, realizada na sede do Bolshoi, 320 crianças foram avaliadas em testes médico-fisioterápicos — que analisaram postura, força, estrutura física e habilidades motoras — e em avaliações artístico-musicais e cognitivas, que observaram musicalidade, técnica, flexibilidade, projeção cênica e desempenho intelectual. Câncer: Humaitá ganha centro de tratamento anexo à Casa de Saúde São José Ao final, 38 crianças foram aprovadas para dança clássica e 20 para o curso preparatório. A formação, que começa em fevereiro de 2026, é gratuita e inclui alimentação, transporte, figurinos, uniformes, assistência social, atendimento de saúde e toda a estrutura técnica da escola. Victor Hugo, os pais e o irmão mais velho, Kauã, de 15 anos, já iniciam os preparativos para deixar o Rio de Janeiro. Antes do balé, Victor treinava ginástica artística no Flamengo e chegou a ser federado, mas a dança sempre falou mais alto. Segundo a mãe, Jessika Coelho, a rotina pesada da ginástica e os custos de formar um artista na comunidade tornavam tudo difícil. — Mas o Vitinho tirava de letra — diz ela. A virada veio quando a família conheceu o ViDançar. Uma audição realizada no próprio projeto garantiu ao menino uma bolsa integral no Studio Gouveia Coaching, onde passou a treinar com a professora Renata Gouveia, responsável por prepará-lo para a seleção do Bolshoi. Cobal do Leblon e do Humaitá: Paralisadas, obras não têm previsão de retomada Para Ellen Serra, fundadora e CEO do ViDançar, ver o aluno aprovado é motivo de celebração: — É emocionante testemunhar a transformação de uma família da periferia através da arte. Já Sylvana Albuquerque, coordenadora da Seleção Nacional do Bolshoi, destaca o cuidado no processo: — Muitas crianças chegam cheias de expectativas e medos. Nosso papel é acolhê-las — diz. A notícia da aprovação veio com choro e incredulidade, como lembra a mãe: — Ouvi ele gritando antes mesmo do horário previsto. Estava emocionado, sem acreditar. A família decidiu se mudar para Joinville para acompanhar a rotina do menino. Para viabilizar a nova vida, organizam uma vaquinha e contam com o apoio de parentes e amigos. Mesmo prestes a partir, Victor mantém as raízes como guia. Prótese pronta no mesmo dia: clínica universitária aposta em odontologia digital para agilizar tratamentos — Ele quer voltar para inspirar outros meninos da comunidade — conta a mãe. E os planos já vão além do Bolshoi: — Ele fala da Ópera de Paris desde pequeno — diz ela, emocionada. — A família precisa apoiar sempre, principalmente um filho artista, dentro da comunidade. Vou continuar repetindo: “Você é bom, você vai conseguir”. Initial plugin text