Amigos de infância encontram diamante raro com 15,34 quilates e avaliado em até R$ 366 mil na Índia

Panna, na região central da Índia, é uma terra de contrastes. Conhecida historicamente pela mineração de diamantes, a região convive atualmente com uma pobreza crônica, escassez de água e poucas oportunidades de trabalho. Foi nesse cenário que dois amigos de infância, Satish Khatik e Sajid Mohammed, ambos de famílias pobres, viram a sorte mudar de forma inesperada ao encontrar um diamante natural de alta qualidade poucas semanas após arrendarem legalmente um pequeno terreno para garimpo. A descoberta ocorreu em uma manhã recente de inverno, segundo uma reportagem da rede BBC. Ao peneirar a terra, como haviam aprendido com gerações anteriores, os dois se depararam com uma pedra grande e brilhante. Levada ao avaliador oficial de diamantes da cidade, a peça revelou-se um diamante de qualidade gemológica, com 15,34 quilates, classificado como uma variedade muito fina. — O preço estimado de mercado da pedra é de cerca de cinco a seis milhões de rúpias [de R$ 305 mil R$ 366 mil, na cotação atual] e ela será leiloada em breve — explica o avaliador Anupam Singh: — Os preços estimados dependem da cotação do dólar e dos parâmetros estabelecidos pelo relatório Rapaport”. Na Índia, os diamantes extraídos legalmente são leiloados trimestralmente pelo governo, em processos que atraem compradores nacionais e estrangeiros. Embora o país não possua reservas tão extensas quanto grandes produtores globais, os diamantes indianos têm importância histórica, e Panna concentra a maior parte dessas reservas conhecidas. 'Casar nossas irmãs' Para Khatik e Mohammed, a descoberta tem um significado que vai além do valor financeiro. “Agora podemos casar nossas irmãs”, afirmam, revelando a principal motivação imediata dos dois. Em suas condições econômicas, os custos de casamentos familiares eram praticamente inalcançáveis. Khatik trabalha como açougueiro, Mohammed vende frutas, e ambos têm rendas modestas. São também os filhos mais novos de suas famílias, sobre os quais recai parte das responsabilidades familiares. A busca por diamantes acompanha suas histórias há décadas, sempre sem sucesso. Mohammed conta que seu pai e seu avô passaram anos cavando terrenos e encontraram apenas “poeira e lascas de quartzo”. Diante da descoberta atual, seu pai, Nafees, acredita que “os deuses finalmente recompensaram seu trabalho árduo e paciência”. O recente arrendamento do terreno surgiu, em parte, do desespero financeiro. A renda dos dois não acompanhava o aumento do custo de vida, muito menos as despesas de um casamento. Ainda assim, a rotina do garimpo exigiu esforço físico intenso e disciplina: após o expediente de trabalho, à noite ou nos dias de folga, eles cavavam, lavavam o material e examinavam manualmente cada pedra seca, seguindo métodos tradicionais. Ravi Patel, oficial distrital de mineração de Panna, ressaltou o caráter excepcional do achado: — Eles arrendaram um terreno em 19 de novembro. É pura sorte que tenham encontrado um diamante de qualidade gemológica em apenas algumas semanas. Enquanto aguardam o leilão e o recebimento do valor, os dois amigos mantêm expectativas cautelosas. — Não estamos pensando em comprar terras, expandir nossos negócios ou nos mudar para uma cidade maior; ainda não. Por enquanto, estamos focados em casar nossas irmãs — explicam.