Caso Padrinho Paulo Roberto: Justiça marca julgamento, mas nega a prisão de líder do Santo Daime

O Tribunal de Justiça do Rio marcou para o dia 27 de janeiro o julgamento do líder religioso Paulo Roberto Silva e Souza, de 76 anos, fundador e dirigente da igreja Santo Daime Céu do Mar, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, denunciado por violação sexual mediante fraude e violência psicológica contra Jéssica Nascimento de Sousa, adepta da doutrina desde 2015. Na decisão, a juíza Renata Travassos Medina de Macedo negou o pedido de prisão preventiva peticionado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ), revelado pelo GLOBO no último sábado. Caso Padrinho Paulo Roberto: igreja confirma afastamento de líder religioso em nota de repúdio a violência contra mulheres 'Violada, explorada, humilhada e carregada com uma energia sexual sombria': Americana que acusa Padrinho Paulo Roberto de assédio Mais de um ano de investigações: Líder do Santo Daime é alvo há mais de um ano de investigação por violação sexual mediante fraude Líder religioso do Daime denunciado por violação sexual escreveu carta admitindo culpa após denúncia: ‘Uma enorme sombra vinha atrás de mim’ Da devoção ao abuso: acusado de violação sexual, Padrinho Paulo Roberto expandiu fronteiras da doutrina para além da Amazônia e do exterior O GLOBO apurou que a magistrada da 11ª Vara Criminal da Capital manteve a denúncia feita pelo MP-RJ, mas negou a prisão preventiva em razão de o réu não ter sido intimado das medidas cautelares no endereço fornecidos por sua defesa. A idade do acusado e a inexistência de fatos recentes de que ele demonstre risco atual à ordem pública ou à instrução criminal também foram consideradas. A decisão da juíza mantém, no entanto, o pedido de entrega do passaporte de Paulo Roberto e determina a expedição de ofício à Polícia Federal para que o acusado fique impossibilitado de sair do país, sem prévia autorização judicial. O processo corre em sigilo. Na mesma decisão, a juíza intima a defesa de Paulo Roberto para que sejam fornecidos e-mail e telefone do acusado para facilitar as futuras intimações. Uma pessoa próxima a Paulo Roberto disse ao GLOBO que ele se encontra "isolado" em sua fazenda localizada na zona rural de Ilhéus, no sul da Bahia. As testemunhas do processo serão intimadas, entre elas, a mulher de Paulo Roberto, Raimunda Nonata Melo Souza, a madrinha Nonata. Isabela, Jéssica e Fernanda afirmam ter sido vítimas do líder religioso Paulo Roberto Silva e Souza Júlia Aguiar Ao longo do último ano, O GLOBO acompanhou o caso, ouviu os relatos de Jéssica e localizou outras cinco mulheres que disseram ter sido vítimas de situações semelhantes. A defesa de Paulo Roberto , no entanto, nega as acusações. A denúncia do MP-RJ afirma que, entre abril de 2022 e julho de 2023, o religioso se aproveitou de sua posição de líder espiritual e da admiração e respeito que Jéssica lhe dedicava para praticar os atos sexuais e a conjunção carnal. Na segunda-feira, o Centro Eclético Fluente Luz Universal Sebastião Mota de Melo (Ceflusmme), responsável pela igreja Céu do Mar, enviou ao GLOBO um comunicado em que confirma o afastamento de líder religioso e que não irá se pronunciar antes da conclusão do caso.