Vereadora do PT registra queixa contra parlamentar do PL por gesto obsceno na Câmara de Guarulhos: 'quer ver a pistola?'

Vereador do PL mostra genitália para parlamentar do PT dentro da Câmara de Guarulhos A vereadora Fernanda Curti (PT) registrou na última quinta-feira (11) um boletim de ocorrência contra o parlamentar Kleber Ribeiro (PL) por ato obsceno e ameaça dentro da Câmara Municipal de Guarulhos, na Grande São Paulo. No registro feito na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), a vereadora disse que, durante a sessão legislativa ocorrida na véspera, Kleber Ribeiro pegou em suas próprias partes íntimas e questionou a vereadora: "Você quer ver a pistola?". (veja vídeo acima). Nesta semana, Fernanda falou sobre o caso na sessão. Ao subir na tribuna para se defender, Ribeiro admitiu que usou a palavra pistola, mas que teve a fala manipulada pela adversária para dar a entender que teria se referido ao órgão sexual. "Mas eu não falei. Ela manipula", disse. O g1 procurou o gabinete de Kleber Ribeiro para comentar o assunto, mas ainda não recebeu retorno. O episódio aconteceu na galeria da Câmara, onde uma confusão acontecia após um debate sobre um projeto que gerou tumulto. Segundo Fernanda Curti, um homem estava armado e ela questionou sobre o motivo de ele ter entrado no local armado, ao que ele alegou ser policial. Nesse momento, Kleber Ribeiro interferiu e, supostamente se referindo à genitália do policial, disse: "Você quer ver a pistola dele?". Na sequência, apontou para a própria genitália e disse "quer ver a pistola?". Na sessão de segunda-feira (15), Fernanda Curti denunciou o caso na tribuna da Câmara e disse que, como mulher, “sentiu nojo do vereador que age como homens assediadores de mulheres” no transporte público. A queixa foi registrada como assédio, constrangimento, humilhação e ameaça a detentor de mandato eletivo, de acordo com a Lei Eleitoral 4.737/65. Discussão em plenário Vereadores de Guarulhos batem boca na Câmara após boletim de ocorrência de assédio Na sessão da segunda-feira (15), Fernanda Curti denunciou o caso na tribuna da Câmara e disse que, como mulher, “sentiu nojo do vereador que age como homens assediadores de mulheres” no transporte público. “Isso já é inadmissível em qualquer circunstância. Já aconteceu comigo esperando ônibus no ponto, no Metrô já vi homens fazendo esse gesto para mim e outras mulheres. Mas, dentro da Câmara Municipal de Guarulhos, contra uma vereadora... Aqui dentro sou igual a todos os vereadores. E eu nunca vi esse vereador agir com a genitália para nenhum vereador homem”, disse. Ele só fez isso porque eu sou mulher. Isso é de uma covardia que a única coisa que consigo sentir é nojo. É mais uma violência motivada pelo meu gênero, pelo fato de eu ser mulher. E fiz o boletim porque é o que se orienta a todas as mulheres que são vítimas de violência fazer. Ao ocupar a tribuna para se defender, Kleber Ribeiro admitiu que usou a palavra pistola, mas que teve a fala manipulada. Ele alegou que ocupava a tribuna para defender um projeto religioso da sua autoria quando começou a ser ofendido por supostos apoiadores da vereadora antes do ato obsceno. A vereadora Fernanda Curti (PT) e o vereador bolsonarista Kleber Ribeiro (PL): embates constantes na Câmara Municipal de Guarulhos, na Grande SP. Montagem/g1/Reprodução/CMG “Eu não tiro um milímetro, uma vírgula. Ela foi na rede social e, a parte que falei pistola, ela deixou o P e o I, pi, pra entender que eu falei de ro..., de pin... de um órgão genital. Mas eu não falei. Ela manipula. E trouxe aqui os mesmos que estão me ofendendo novamente. Xingando novamente. Eu não trago ninguém aqui pra xingar vereador nenhum”, afirmou Ribeiro. O que diz a Câmara de Guarulhos Diante de denúncia, o presidente da Câmara, Miguel Martello (Republicanos), disse que vai aguardar as imagens do ato para tomar alguma providência e avaliar se encaminha o caso para o Conselho de Ética. Ele não estava em plenário no momento e disse que vai se inteirar dos fatos. Na sessão de segunda (15), Martello alertou, contudo, que Fernanda e Kleber têm constantemente se enfrentado na Câmara e pediu moderação aos dois para que os trabalhos legislativos possam caminhar dentro da normalidade. “Não estamos aqui pra proteger ninguém, não. Estamos aqui pra coisa andar corretamente. Só que vejo que a coisa não está boa entre a vereadora e o Kleber já faz um tempo. E peço que vocês reconsiderem algumas coisas, não essa, pra que a gente tenha mais sessão e não entre em confronto. Ou seja, para que não se acirrem mais os ânimos”, declarou Martello. O presidente da Câmara Municipal de Guarulhos, Miguel Martello (Republicanos). Reprodução/Redes Sociais “Como já tem boletim de ocorrência, já fez tudo que podia fazer, vamos aguardar como vai ficar e a Justiça resolver e aí a gente toma uma posição. Porque fica difícil tomar uma posição [agora] porque não vi comentário, nem câmera nem nada”, avaliou o presidente da Câmara de Guarulhos. O g1 procurou a Presidência da Casa nesta quarta (17) para saber se o presidente já se inteirou sobre o caso e o que pretende fazer, mas não obteve retorno. A petista disse que vai registrar ainda neste ano um pedido formal de investigação e punição contra o vereador do PL no Conselho de Ética da Casa. Ela também pretende procurar o Ministério Público. A reportagem apurou que a Câmara Municipal de Guarulhos tem uma Comissão de Ética para julgar casos de quebra de decoro, mas o envio das denúncias para o colegiado depende primeiro da Presidência, que tem o poder de determinar ou não se um caso será avaliado pelo grupo. Miguel Martello é aliado do prefeito da cidade, Lucas Sanches (PL), mesmo partido do vereador Kleber Ribeiro. Ribeiro, aliás, faz parte da Mesa Diretora da Câmara de Guarulhos e ocupa o cargo de 2° secretário. Vereador Kleber Ribeiro (PL) mostra genitália contra colega do PT dentro da Câmara Municipal de Guarulhos, na Grande SP Reprodução/Redes Sociais