Ao chegar à sexta década de vida, muitas pessoas passam a concentrar sua atenção em preservar a memória e manter a agilidade mental. Esse interesse não se deve apenas ao passar do tempo, mas também às evidências científicas que relacionam o envelhecimento a mudanças cognitivas progressivas. Pesquisas recentes indicam que, além da estimulação intelectual, a alimentação desempenha um papel determinante na proteção do cérebro, ao influenciar processos como a inflamação, o estresse oxidativo e a saúde dos vasos sanguíneos cerebrais. Especialistas concordam que o que se consome diariamente pode fortalecer os neurônios ou, ao contrário, acelerar seu desgaste. Nesse contexto, a alimentação se consolida como uma ferramenta preventiva acessível e de longo prazo para a população idosa. Pandemia alterou temporariamente o formato do bico de pássaros em Los Angeles, aponta estudo Seu cachorro faz isso? Estudo revela o motivo de cães inclinarem a cabeça ao ouvirem a voz dos humanos Alimentação e cérebro: pontos-chave após os 60 anos Longe de considerar o declínio cognitivo como um processo inevitável, diversos estudos apontam que ele pode ser atenuado por meio de escolhas cotidianas. Um dos trabalhos mais citados é o estudo MIND, que combina princípios da dieta mediterrânea e da DASH com o objetivo de criar um padrão alimentar voltado à saúde cerebral. Essa abordagem descarta a ideia de um único “superalimento” e prioriza um esquema equilibrado e sustentável ao longo do tempo. Vegetais escuros Freepik Entre os alimentos de destaque estão os vegetais de folhas verdes escuras, como espinafre e couve (kale). O consumo diário desses alimentos fornece vitamina K, luteína, folatos e betacaroteno. Um acompanhamento de adultos mais velhos ao longo de 4,7 anos, publicado na revista Neurology, revelou que aqueles que incluíam uma porção diária desses vegetais apresentavam um declínio cognitivo mais lento, equivalente a manter capacidades mentais semelhantes às de pessoas 11 anos mais jovens. Frutas vermelhas Freepik As frutas vermelhas, em especial mirtilos e morangos, também ocupam um papel central. Seu alto teor de flavonoides, como as antocianinas, permite que esses compostos atravessem a barreira hematoencefálica e atuem em áreas relacionadas à memória e ao aprendizado, como o hipocampo. Segundo dados do estudo MIND, o consumo de pelo menos duas porções semanais está associado a um atraso no declínio cognitivo de até 2,5 anos. Salmão Freepik O peixe gorduroso — entre eles salmão, cavala, sardinha e atum — fornece ácidos graxos ômega-3, especialmente o DHA, um componente estrutural dos neurônios. As evidências científicas associam seu consumo regular a um maior volume cerebral e à redução do risco de desenvolver a doença de Alzheimer. Além disso, esses lipídios ajudam a diminuir a inflamação e favorecem a eliminação de proteínas beta-amiloides. A recomendação geral é consumi-los, no mínimo, duas vezes por semana. Oleaginosas Freepik As oleaginosas, especialmente as nozes, são apontadas como um complemento regular benéfico. Seu aporte de ômega-3 de origem vegetal, antioxidantes como a vitamina E, polifenóis e magnésio contribui para a proteção das membranas celulares contra o dano oxidativo. O estudo MIND sugere o consumo de oleaginosas pelo menos cinco vezes por semana para apoiar a memória e a velocidade de processamento. Por fim, o azeite de oliva extravirgem se consolida como um elemento central do padrão mediterrâneo. Rico em gorduras monoinsaturadas e polifenóis, como o oleocantal, esse azeite combate a inflamação crônica e favorece mecanismos de autofagia, descritos como processos de “limpeza celular” que permitem eliminar resíduos tóxicos dos neurônios. Azeite de oliva Freepik