Contratada para COP30 é investigada por ligação com suposto esquema de deputado

Autoridades federais apuram um suposto esquema de desvio de recursos públicos envolvendo contratos milionários para obras da COP30 em Belém, capital do Pará. As investigações apontam que uma empresa participante do consórcio responsável pelas intervenções teria transferido valores para uma organização criminosa ligada ao deputado federal Antônio Doido (MDB-PA), conforme informações da Procuradoria-Geral da República (PGR). + Leia mais notícias de Política em Oeste O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF) , autorizou buscas e apreensões em endereços vinculados às empresas, ao parlamentar e a outros suspeitos, nesta terça-feira 16. Dino determinou ainda o bloqueio de contas relacionadas e proibiu os investigados de participar de licitações ou de celebrar contratos com órgãos públicos. J.A Construcons firmou contrato de R$ 142 milhões para a COP30 Segundo a PGR, o grupo utilizava as empresas J.A Construcons e JAC Engenharia, ambas têm como sócia Andrea Dantas, esposa de Antônio Doido. O policial militar Francisco Galhardo e sua mulher, Soraia, aparecem como operadores do esquema, realizando saques e transferências em agências bancárias e lotéricas. As autoridades também investigam a atuação do secretário de Obras do Pará, Ruy Cabral, suspeito de receber vantagens ilícitas em troca de beneficiar as empresas nas contratações estaduais. Em nota ao jornal Folha de S.Paulo , a Secretaria de Obras do Pará afirmou que segue rigorosamente os procedimentos legais e que todos os pagamentos são processados de acordo com normas administrativas, respaldados por fiscalização do governo. Leia também: "Na véspera da COP30, governo Lula beneficia usina a carvão dos irmãos Batista" , coluna de Carlo Cauti publicada na Edição 294 da Revista Oeste Outro foco da apuração é um contrato de R$ 142 milhões firmado entre o governo de Helder Barbalho e a J.A Construcons para a COP30, alvo de suspeitas de corrupção segundo a PGR. A polícia prendeu Francisco Galhardo em flagrante ao sacar R$ 5 milhões. Mensagens encontradas em seu celular ligam suas ações ao deputado e ao secretário Ruy Cabral. Apesar do encerramento desse contrato, a J.A Construcons integra o Consórcio RMB, responsável por obras de pavimentação e requalificação de vias no valor de R$ 231 milhões, também para a COP30. O consórcio, administrado por Andrea Dantas, foi criado em 4 de setembro de 2024 e fechou o contrato com o governo dois dias depois, utilizando verbas federais. O deputado já havia beneficiado uma das empresas do grupo Entre as empresas do grupo está a ARF, que, segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), recebeu favorecimento em licitações durante a gestão municipal de Antônio Doido em São Miguel do Guamá, entre 2016 e 2020. Além disso, a Polícia Federal aponta que recursos da J.A Construcons financiaram a compra de armamento pesado, incluindo um fuzil. Dino ressaltou que, apesar da atuação do Consórcio RMB em obras da COP30, nem todas as empresas do grupo figuram entre as investigadas. Por isso, o ministro autorizou apenas buscas contra o consórcio, enquanto impôs bloqueios e proibiu novos contratos da J.A Construcons e da JAC Engenharia. https://www.youtube.com/watch?v=9EDfmeYy9gM As investigações indicam que Francisco Galhardo efetuou saques que somam R$ 48 milhões entre 2023 e 2024, supostamente a serviço do deputado federal. Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram que ele e sua esposa controlavam as contas das empresas sob a supervisão de Andrea Dantas. “A dinâmica das transações, ao que parece, envolvia transferências de valores, de origem até o momento desconhecida, das contas da J.A Construcons para a da JAC Engenharia, e, depois, desta para as casas lotéricas, as quais repassariam os valores em espécie para um portador, habitualmente Francisco Galhardo”, afirmou Dino. Suspeitas de outros crimes Um levantamento da PGR aponta que a J.A Construcons recebeu R$ 633 milhões do governo do Pará de 2020 a 2024, principalmente por meio da Secretaria de Obras. Ruy Cabral teria se reunido de forma reservada com Galhardo depois de as empresas vencerem uma licitação estadual, ocasião em que mensagens sugerem um pagamento intermediado por Andrea Dantas ao secretário. No momento da prisão, Galhardo estava em uma Hilux, veículo registrado em nome da J.A Construcons. Dino destacou suspeitas de várias práticas ilícitas, como saques vultosos próximos a datas de licitações ou eleições, indícios de envolvimento com tráfico internacional de drogas, contrabando, agiotagem, entre outros crimes. As investigações também mencionam a participação de outros policiais militares e familiares de Antônio Doido, incluindo pessoas em cargos públicos, nas atividades da organização sob apuração. O post Contratada para COP30 é investigada por ligação com suposto esquema de deputado apareceu primeiro em Revista Oeste .