O Tribunal de Justiça Militar de São Paulo (TJM-SP) condenou 11 policiais militares sob a acusação de integrar organização criminosa, nesta terça-feira 16. Eles faziam a escolta armada de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, empresário e delator de esquemas do PCC, assassinado a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos há pouco mais de um ano. As penas impostas variam de cinco anos e três meses até sete anos e cinco meses. Todos os condenados já estavam detidos e devem cumprir as sentenças em regime semiaberto. + Leia mais notícias de Brasil em Oeste Os advogados dos policiais condenados informaram que vão recorrer da decisão. No mesmo julgamento, quatro PMs foram absolvidos devido à ausência de provas sólidas de participação. O tribunal avaliou que os policiais sabiam do envolvimento de Gritzbach com o crime organizado. O delator, além de confessar participação na lavagem de dinheiro do PCC por meio de imóveis, respondia à acusação de ter ordenado as mortes de Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e de Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, ocorridas em dezembro de 2021 na zona leste da capital. https://www.youtube.com/watch?v=JZt2dl_8n2o Envolvimento dos policiais com Gritzbach Segundo a Corregedoria da PM, conversas em aplicativos de mensagens apreendidas nos celulares dos policiais indicam ciência sobre as acusações contra Gritzbach. As normas internas proíbem o serviço de proteção privada ao empresário, embora alguns membros da corporação o pratiquem rotineiramente. De acordo com a ata do julgamento, “a prisão preventiva daqueles que já estavam presos ao longo do processo foi mantida, diante das provas que sustentaram a condenação e do abalo à ordem pública e ameaça à hierarquia e disciplina da Polícia Militar”. O documento também destaca que “diversos policiais militares, durante mais de um ano, realizaram a proteção de membro de organização criminosa que realizava lavagem de dinheiro para outros diversos membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), garantindo sua segurança armada em contexto de inúmeros assassinatos praticados em razão de rivalidade entre faccionados, com características espetaculares de demonstrações de força”. Argumentos das defesas Entre os absolvidos está o tenente Thiago Maschion Angelim da Silva, acusado de falsidade ideológica e prevaricação. Ele havia alterado a escala da PM para apagar a ausência do soldado Samuel Tillvitz da Luz no dia do crime, a pedido deste, já que ambos viajaram juntos a Maceió e estavam no local do ataque. “Ficou cabalmente, e de forma contemporânea, comprovado que ele não fazia parte de nenhuma organização criminosa, tampouco de falsidade ideológica em relação à liberação ou não de escala referente à tarde dos fatos”, declarou o advogado Luiz Nakaharada, que defendeu o tenente. A Justiça absolveu outro soldado depois que ele alegou ter participado poucas vezes da escolta e interrompido o serviço ao tomar ciência das acusações contra o empresário. Dois outros PMs também foram inocentados por falta de indícios de envolvimento contínuo na escolta. Desdobramentos das investigações e processos paralelos A condenação dos PMs ocorre no contexto de várias ações judiciais iniciadas depois do assassinato de Gritzbach. Entre elas, há processos contra três policiais militares acusados de executar o crime e contra integrantes do PCC suspeitos de envolvimento no planejamento. Investigações apontaram o cabo Dênis Antônio Martins e o soldado Ruan Silva Rodrigues como os autores dos disparos, enquanto o tenente Fernando Genauro da Silva teria dirigido o veículo da fuga. A identificação se deu por meio de dados de aplicativos com geolocalização, torres de telefonia, DNA no carro usado e imagens de segurança. Leia também: "Padroeiro dos fora da lei" , artigo de Augusto Nunes publicado na Edição 291 da Revista Oeste Cerca de um mês depois do assassinato, uma operação conjunta do Gaeco, do Ministério Público de São Paulo, e da Polícia Federal prendeu policiais civis delatados por Gritzbach. Nos meses seguintes, as autoridades detiveram outros policiais civis, totalizando sete presos, incluindo o delegado Fabio Baena, que nega as acusações. Outro delegado responde em liberdade. Em sua delação, Gritzbach entregou provas de pedidos de dinheiro e itens de luxo feitos por policiais civis em troca de favorecimento na investigação do assassinato de Cara Preta. Os processos referentes aos mandantes, executores e policiais civis seguem em tramitação na primeira instância da Justiça. O post Caso Gritzbach: onze policiais militares são condenados por escolta ilegal apareceu primeiro em Revista Oeste .