Conheça os segredos e a ciência que fazem os espumantes gaúchos conquistarem o mundo

A ciência desempenha importante papel na produção de espumantes no RS Do laboratório até a taça, há um percurso que mistura ciência e tradição para transformar uvas em espumantes de alta qualidade. No Rio Grande do Sul, essa história começa muito antes da colheita: é fruto de pesquisas que cruzam variedades, criam clones e desenvolvem plantas resistentes. Para chegar a esse resultado, entram em cena segredos bem guardados, como: os ventos frios das altitudes, o solo pedregoso que controla a água, o manejo preciso das parreiras, a fermentação lenta na própria garrafa e o melhoramento genético que há décadas impulsiona a vitivinicultura brasileira. Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Esse cuidado se reflete em conquistas internacionais, com espumantes gaúchos premiados em países que são referência mundial, como França e Itália. Em Bento Gonçalves, por exemplo, a Embrapa Uva e Vinho carrega mais de quatro décadas de história dedicadas à pesquisa e ao aprimoramento genético das videiras. "O Brasil evoluiu muito na vitivinicultura. Em especial, o espumante é ainda mais marcante essa evolução", explica Adeliano Cargnin, chefe-geral da instituição. Mas não é só genética que faz diferença. O terroir é essencial pra identidade da bebida. Terroir é a soma das características naturais e do manejo que influenciam diretamente o sabor e a qualidade do espumante Parreirais na Serra do RS Reprodução/ RBS TV Em Pinto Bandeira, a altitude, os ventos noturnos e o solo pedregoso criam condições únicas para a maturação lenta das uvas. Essa combinação garantiu à região um título exclusivo: é a única Denominação de Origem dedicada a espumantes em todo o Hemisfério Sul. "A temperatura um pouco mais amena, com dias mais quentes, ajuda muito na maturação da uva e contribui para expressar, especialmente, a questão de acidez para o espumante e os aromas que transmite pro espumante", explica o engenheiro agrônomo Jonas Panisson. Na região, cada parreira é conduzida verticalmente, com poucos cachos, para concentrar sabor. Depois, o espumante descansa na própria garrafa por um ano. Já Em SantAna do Livramento, uma descoberta mais recente também vem chamando atenção. Espumantes elaborados na faixa do paralelo 31 (mesma linha que corta regiões consagradas da África do Sul, Austrália e Chile) já colecionam medalhas no Chile, na França e no Reino Unido. O clima seco, as noites frias e a maturação lenta garantem a identidade da bebida. "Aqui na fronteira tem mais luminosidade, mais tempo de sol, os dias são maiores, diferentes da Serra. Então, a gente consegue ter um controle maior na qualidade da uva, até o ponto da colheita", comenta o supervisor de uma cooperativa, Sergio Pereira. O mercado percebeu o potencial: a produção na fronteira deve saltar de 10 mil garrafas este ano para quase 100 mil em 2026. "É uma aposta que deu certo", resume Jair Tonello, vice-presidente da cooperativa local. Espumante na Serra do RS Reprodução/ RBS TV VÍDEOS: Tudo sobre o RS