Emily Cooper não é mais a mesma. Se nas primeiras temporadas a jovem americana em Paris era sinônimo de um estilo vibrante e, por vezes, caótico, a nova fase de Emily em Paris — que estreia hoje na Netflix — apresenta uma protagonista visivelmente mais sofisticada e segura de si. O símbolo máximo dessa transformação? Um corte bob "maduro e superchique" que já nasce como desejo absoluto de beleza. Em entrevista exclusiva à Vogue, Lily Collins e o criador Darren Star mergulham nos bastidores dessa evolução estética que atravessa as fronteiras da França rumo ao glamour clássico da Itália. De referências a Audrey Hepburn e Sophia Loren a um guarda-roupa que finalmente abraça o conforto sem perder a ousadia, descubra o que esperar do novo capítulo da série que transformou o streaming em uma passarela de tendências: Selecionar uma imagem Vogue: Emily está apostando em um corte bob mais maduro e superchique. Quais foram as mudanças na maquiagem e no cabelo e como isso reflete o crescimento de Emily? Lily Collins: Foi incrível ver que todos adoraram o corte e torciam para eu mantê-lo. Marylin (Fitoussi, figurinista) sempre se inspira em cabelo e maquiagem quando o assunto é compor looks, figurinos e a estética da minha personagem — e vice-versa. Trabalhamos em equipe: sempre que surgia um novo look, discutíamos juntas para definir a melhor direção para o resultado. A cada ano, quando tem uma mudança no meu cabelo ou no meu look, isso ajuda a contar uma nova história sobre a confiança da Emily — como ela está evoluindo e como, às vezes, a cidade em que está influencia seu estilo. Nesta temporada, meu cabelo foi finalizado de formas diferentes na Itália e em Paris: liso e impecável na Itália; com uma textura mais leve e um charme francês típico em Paris — um certo je ne sais quoi que transmite a vibe parisiense. Ele representa os sentimentos da Emily em relação a seu estilo e ao momento em que está vivendo. Há um senso de desprendimento de parte do peso que ela carregava. Ela está vivendo a vida de forma mais livre e sem preocupações, mesmo que ainda passe por alguns estresses. O novo look parece sua forma de dizer: “Estou mais madura e me levando mais a sério — então me leve a sério também” —, mas ao mesmo tempo passa a ideia de estar levando a vida em si um pouco menos a sério. Vogue: Como foi trabalhar com Marylin Fitoussi para montar looks ainda mais incríveis para Emily nesta temporada? Darren Star: No começo da temporada, conversamos sobre a direção que ela via para Emily. Em Roma, ela está um pouco mais solta e seu estilo está evoluindo com mais sofisticação. Marylin, então, capta essas ideias e faz tudo acontecer de uma forma incrível. Adoro ver os resultados. Lily Collins: Amo muito trabalhar com a Marylin. Esta temporada foi maravilhosa. Vestimos tantas peças maravilhosas, como sempre, e eu usei muito vermelho, o que transmitiu poder, força, romance e sensualidade. Há tailleurs incríveis de novo e muitos looks épicos que realmente refletem o que Emily está passando em diferentes cenas, onde quer que esteja. O cinema italiano foi uma grande inspiração nessa temporada, então embarcamos em uma jornada fashion bem divertida. Sempre revisamos toda a programação depois de passar dois dias inteiros em provas de figurino de oito horas, e depois analisamos cada cena conforme recebemos os episódios: “O que quero dizer aqui? Como me sinto? Por quantos dias usamos esse figurino? Em quantas cenas? Como podemos deixá-lo diferente? Como podemos deixá-la menos arrumada, mais centrada, vulnerável e pé no chão nesta temporada?” Nem sempre é preciso estar perfeita, porque um pouco de bagunça pode cair bem. Emily usou menos salto alto no dia a dia, o que adorei. Foi mais estável e confortável, mas também representou uma virada de chave para Emily, pois ela conseguiu andar e correr pela cidade e trabalhar sem ter que se preocupar com tropeços. Eu faço piada, mas é real — ela realmente estava mais estável. Claro que ainda usei salto alto em alguns momentos, mas não era uma necessidade constante, o que eu adorei. Isso me ajudou a ficar mais confortável e confiante na pele da Emily, e menos focada na perfeição constante, embora os looks fossem maravilhosos. Marylin brincou um pouco mais este ano — looks ainda chiques e maduros, mas com novas cores, diferentes silhuetas e algumas marcas e estilistas novos que nunca usamos antes. Eu me senti muito forte e confiante em tantos looks. Sinceramente, esta foi a temporada em que eu quis levar a maioria das peças para casa. Vogue: Os looks da Emily evoluem a cada ano. O que a evolução desta temporada diz sobre a personagem? Lily Collins: Ela está mais forte, ousada, corajosa e confiante, pronta para ação e aventura. Ela se sente à vontade com ela mesma, na sua própria pele, no trabalho e na vida. Seus looks transmitem maturidade e um senso de simplicidade. Não são chatos — jamais —, mas chiques e sofisticados, com uma leve ousadia. A simplicidade não significa misturar cores, estampas, texturas e estilos, tudo de uma vez. Pode ser uma cor, um sapato marcante ou até óculos que se destaquem. Sobre o cabelo, era importante que o corte dispensasse apresentações, enquanto os looks o complementavam. Não era sobre sempre ter que elaborar looks por completo ou um cabelo ou uma maquiagem totalmente diferentes para cada cena. Os looks sozinhos criaram uma estética ousada e corajosa para Emily com um ar maduro e sofisticado, e o cabelo deu o toque final — um selo de aprovação para aquela vibe. Eu diria que Emily definitivamente evoluiu nesta temporada. Ela veio para ficar, está se movimentando e se sente confiante. Vogue: Como você se sentiu no figurino dessa temporada? Tem algum favorito? Lily Collins em um macacão Diane von Furstenberg em "Emily em Paris" Divulgaçao Lily Collins: Como sempre, é muito difícil escolher meus looks favoritos, mas dois realmente roubaram meu coração. O primeiro foi a saia e o cropped de seda, brancos de bolinhas pretas, da Stine Goya, uma amiga querida minha. Foi meu look de chegada em Veneza, e eu amei. Era a cara da cidade — romântico e aventureiro — e também bem cinematográfico, o figurino perfeito para aquele episódio. O segundo foi o conjunto vermelho da Barbara Bui que usei no último episódio: calça, top, sobretudo e sapato vermelhos— tudo vermelho. Senti que era um posicionamento ousado: “Estou aqui, você vai ter que me notar. Sou corajosa, ousada, e, mesmo que eu possa ser vulnerável, isso é um ponto forte, não fraco. Continuarei firme e forte.” A cor é tão intensa, e Marylin e eu queríamos especificamente que este fosse o look final da Emily na temporada. Parecia a oportunidade perfeita para que o público sentisse a força e a determinação dentro dela. Vogue: Há referências de figurino ao cinema clássico, como a homenagem ao filme Charada na temporada 3? Lily Collins: Sim! Nesta temporada, buscamos inspiração em muitos clássicos do cinema e ícones da moda, como a homenagem a Charada. Fizemos um tributo aos filmes italianos em preto e branco da década de 1950, de olho em estrelas como Sophia Loren e Claudia Cardinale. Também nos inspiramos em Juliette Gréco durante seus dias em Saint-Germain-des-Prés com Miles Davis e na icônica modelo e atriz Capucine, vestida de Givenchy, em A Pantera Cor-de-rosa. Anita Pallenberg nos anos 1970, Yves Saint Laurent e, é claro, a elegância eterna de Audrey Hepburn também foram influências. Cada referência não só compôs o figurino da Emily, mas toda a estética, criando uma temporada que parece enraizada na história do cinema, mas ainda é moderna e atual. Emily, em um terno vermelho Barbara Bui, ao lado de Mindy. Divulgação/Netflix Darren Star: Há algumas referências ao cinema italiano, mas não necessariamente nos figurinos. A campanha para o perfume Muratori foi inspirada em Cinema Paradiso. Há uma leve pegada à la Fellini na direção, e à la Nino Rota na música. Quis ter essa referência italiana, até porque não tem como não se inspirar na Itália e no cinema italiano ao filmar por lá. Canal da Vogue Quer saber as principais novidades sobre moda, beleza, cultura e lifestyle? Siga o novo canal da Vogue no WhatsApp e receba tudo em primeira mão!