Entre a ambição de ser sogro de um herdeiro de Elon Musk e barrigas de aluguel: quem é o bilionário chinês com mais de 100 filhos nos EUA

Entre sogro de herdeiros de Elon Musk e barrigas de aluguel em série, uma investigação do Wall Street Journal expôs, nos últimos dias, a trajetória de Xu Bo, bilionário chinês do setor de games para celulares que afirma ter mais de 100 filhos gerados por gestação de substituição nos Estados Unidos. Segundo o jornal, Xu vê a multiplicação de herdeiros como estratégia pessoal e empresarial — e chegou a declarar o desejo de unir seu império ao de Musk por meio do casamento entre filhos. Pele para livros, rostos para bonecas: justiça detalha destino dos restos humanos no escândalo do necrotério de Harvard Fundador da produtora de jogos Duoyi Network, Xu, hoje com 48 anos, se apresenta nas redes sociais como o “primeiro pai da China” e diz estar determinado a gerar ao menos mais 50 “filhos de alta qualidade”. De acordo com o WSJ, os conteúdos publicados pelo empresário foram checados e confirmados como autênticos. O jornal afirma que Xu teve mais de 100 filhos por meio de barrigas de aluguel nos EUA, embora processos judiciais indiquem que o número possa ultrapassar 300. A referência constante a Elon Musk não é casual. Xu cita o empresário sul-africano — que tem ao menos 14 filhos — como inspiração direta e já publicou em redes sociais o desejo de ver seus descendentes casados com herdeiros do dono da Tesla e da SpaceX, formando uma espécie de aliança entre dinastias bilionárias. Para Xu, segundo o WSJ, a ideia de “crescer e multiplicar” seria uma resposta a crises demográficas e uma forma de garantir a continuidade de grandes impérios econômicos. A vida familiar do empresário, porém, está longe de ser harmoniosa. Em publicações citadas pelo jornal, a ex-companheira Tang Jing afirmou que o número de filhos pode estar subestimado. “Esse número pode até estar subestimado, mas certamente não é exagerado”, escreveu ela, dizendo ter criado ao menos 11 dos herdeiros de Xu por anos. Separados, os dois disputam a guarda das crianças que têm em comum, enquanto o bilionário cobra da ex US$ 42 milhões por despesas que afirma ter arcado ao longo do relacionamento. Imagens divulgadas em 2022 por uma conta ligada a Xu reforçaram a dimensão do caso. Em um vídeo citado pelo Wall Street Journal, dezenas de meninos aparecem alinhados dentro de uma mansão e, ao verem a câmera, correm em direção ao cinegrafista gritando “papai”, em chinês. A legenda pergunta: “Imagine um monte de bebês correndo em sua direção — como você se sente?”, antes de concluir: “Além da pessoa amada, o que é mais fofo do que crianças?”. A reação da Justiça americana O projeto de “dinastia” encontrou limites na Justiça da Califórnia. Em 2023, um juiz do Tribunal de Família de Los Angeles analisou pedidos de Xu para obter direitos parentais sobre quatro crianças ainda não nascidas e ao menos outras oito geradas por barrigas de aluguel. O magistrado convocou uma audiência confidencial, na qual o empresário participou por videoconferência. Segundo o WSJ, Xu afirmou esperar ter 20 ou mais filhos nascidos nos EUA — todos meninos, por considerá-los superiores — para que assumissem seus negócios. Relatos da audiência indicam que muitas das crianças viviam em uma casa na Califórnia, cuidadas por babás, enquanto aguardavam autorização para viajar à China. Xu reconheceu que ainda não havia conhecido vários dos filhos, atribuindo isso à rotina intensa de trabalho. A juíza Amy Pellman, no entanto, rejeitou os pedidos, avaliando que o uso da gestação de substituição não parecia voltado à construção de uma família, decisão considerada rara em um sistema que costuma reconhecer automaticamente a paternidade legal, segundo o Wall Street Journal. O caso de Xu Bo se insere em um fenômeno mais amplo. Dados citados por pesquisadores da Universidade de Emory mostram que os ciclos de fertilização in vitro para pais internacionais quadruplicaram entre 2014 e 2019, com 41% ligados a clientes chineses, enquanto o mercado americano de fertilidade se expande para atender à demanda asiática. Em meio a esse cenário, o WSJ menciona brevemente outros empresários chineses que recorreram à prática, como Wang Huiwu, executivo do setor educacional que teria buscado modelos e doutoras em Finanças como doadoras de óvulos, com o objetivo de gerar dez filhas. Na China, a gestação de substituição é proibida. Neste mês de dezembro, o senador republicano Rick Scott apresentou um projeto de lei para proibir cidadãos de países como a China de recorrerem à gestação de substituição nos EUA, citando apurações federais sobre suposto tráfico humano envolvendo um casal sino-americano com mais de duas dezenas de filhos.