“OAB que se dane”: juíza aciona PM e retira advogados de sessão em MT

A juíza Mônica Cataria Perri Siqueira, da 1ª Vara Criminal de Cuiabá (MT), determinou a retirada de advogados da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do plenário e encerrou a sessão do Tribunal do Júri. O episódio levou à dissolução do Conselho de Sentença e à anulação do julgamento, remarcado para 12 de maio de 2026. + Leia mais notícias de Brasil em Oeste O caso ocorreu na segunda-feira 15, durante o júri do investigador da Polícia Civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, acusado de matar o policial militar Thiago de Souza Ruiz, em abril de 2023. A magistrada chamou a Polícia Militar para cumprir a ordem. Em vídeo que circula nas redes, ela afirma: “A OAB que se dane” e acrescenta que poderiam “até chamar o presidente da OAB”. https://twitter.com/NewsLiberdade/status/2001385861209035093 Em nota divulgada na terça-feira 16, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) informou que representantes da defesa teriam tentado registrar imagens dos jurados. A prática é proibida por normas do Conselho Nacional de Justiça e pela jurisprudência, que protegem identidade e imagem para garantir independência do veredito e segurança pessoal. Segundo o portal Jota, o promotor Rodrigo Ribeiro Domingues, do Ministério Público de Mato Grosso, afirmou que a condução da defesa desrespeitou a magistrada e tentou influenciar testemunhas. Segundo ele, a acusação pediu registro em ata de tom elevado, postura agressiva e descumprimento de ordens. A defesa não assinou o documento. Defesa contesta gravação de jurados A defesa contesta a versão. Ao mesmo portal, o advogado Claudio Dalledone disse que não houve gravação de jurados e classificou a alegação como falsa. Em vídeo, relatou que um tenente-coronel da PM buscou conter os ânimos e que a sessão foi interrompida pela juíza. Para Dalledone, houve violação de prerrogativas durante a oitiva de uma testemunha. Ele afirmou que levará o caso ao CNJ e falou em “abuso de autoridade”. Áudios da sessão indicam elevação de vozes entre defesa e magistrada. Em um trecho, um advogado grita; em seguida, ouve-se a palavra “misógino”. No dia seguinte, a juíza dissolveu o Conselho de Sentença ao avaliar risco de influência sobre os jurados que presenciaram a discussão. O TJMT declarou que houve desentendimento entre acusação e defesa e que a magistrada interveio para manter a urbanidade. O tribunal reiterou a orientação para não registrar a audiência, sobretudo os jurados, e apontou esse ponto como um dos fatores para a dissolução do conselho. O procurador nacional de Defesa das Prerrogativas da OAB, Alex Sarkis, divulgou vídeo classificando o episódio como grave e inaceitável. Ele afirmou que prerrogativas não são privilégios e anunciou medidas do Conselho Federal para evitar repetição de condutas semelhantes. Há registro de controvérsia anterior envolvendo o advogado Claudio Dalledone em um júri realizado em 2018, em Curitiba. À época, ele declarou que venceu processo relacionado ao episódio e disse ter atuado dentro das regras do Tribunal do Júri. Leia também: "Câmeras flagram ex-juiz da Lava Jato furtando champanhe em supermercado" O post “OAB que se dane”: juíza aciona PM e retira advogados de sessão em MT apareceu primeiro em Revista Oeste .