Leonardo Ângelo, vereador de BH, tem mandato cassado pela Justiça Eleitoral

Vereador Leonardo Ângelo (Cidadania). Denis Dias/CMBH A Justiça Eleitoral determinou a cassação do mandato do vereador Leonardo Ângelo da Silva, conhecido como Leonardo Ângelo da Itatiaia (Cidadania), eleito nas eleições municipais de 2024 em Belo Horizonte. Os efeitos não são imediatos porque ainda cabe recurso aos tribunais superiores. A pena só é aplicada após o trânsito em julgado (quando não houver mais possibilidade de recurso). Com isso, Ângelo continua exercendo mandato. A decisão também declarou o parlamentar inelegível por oito anos e anulou os 6.156 votos recebidos por ele. A ação foi proposta pelo então candidato a vereador Reinaldo Oliveira Batista, o Reinaldinho (PSDB), primeiro suplente da federação PSDB-Cidadania. Ele alegou abuso de poder econômico, uso de recursos de fonte proibida, irregularidades na prestação de contas e corrupção eleitoral durante a campanha (saiba mais abaixo). Leonardo Ângelo afirmou que vai recorrer ao TRE-MG, negou irregularidades, disse que suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e classificou a ação como perseguição política (leia o posicionamento na íntegra ao final da reportagem). Veja os vídeos que estão em alta no g1 O que diz a sentença Segundo a decisão, ficou comprovada a existência de uma estrutura paralela de campanha em favor de Leonardo Ângelo, custeada pela campanha majoritária de Mauro Tramonte (Republicanos), candidato a prefeito. Coordenadores pagos com recursos da campanha majoritária atuaram diretamente para beneficiar Leonardo Ângelo, sem que esses gastos fossem declarados à Justiça Eleitoral. O juiz também concluiu que houve uso de recursos de fonte vedada, incluindo verbas do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) do Diretório Nacional do Republicanos, além da prática de caixa dois. Segundo a sentença, os valores ocultados ultrapassaram R$ 450 mil, mais de 300% do total declarado oficialmente pela campanha. Mensagens de aplicativos, confirmadas por atas notariais e depoimentos, indicaram que Leonardo Ângelo tinha ciência e participação nas irregularidades. O magistrado destacou que as provas digitais foram validadas por outros meios, afastando a tese da defesa de falta de autenticidade. Mauro Tramonte afirmou que não é parte no processo, disse desconhecer os fatos, destacou que suas contas foram aprovadas e lamentou a associação de seu nome ao caso (leia na íntegra ao final da reportagem). Corrupção eleitoral A sentença também reconheceu a prática de corrupção eleitoral. Mensagens indicaram promessa de cargos públicos em troca de apoio político e da desistência de candidaturas adversárias. Na prestação de contas, a Justiça identificou omissão de despesas, como a produção de um jingle, e inconsistências nos pagamentos de pessoal. O juiz considerou que as condutas tiveram gravidade suficiente para comprometer a normalidade e a legitimidade das eleições. Ele destacou a diferença apertada de 1.080 votos entre os candidatos, avaliando que as irregularidades tiveram potencial para alterar o resultado. A Justiça determinou que, após o trânsito em julgado, sejam retotalizados os votos e comunicadas a Câmara Municipal de Belo Horizonte e o TRE-MG. O que diz Leonardo Ângelo "Sobre a decisão proferida pela Justiça Eleitoral nesta data, informo que minha defesa já está tomando todas as providências para interpor o recurso cabível junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). Reitero que minhas contas de campanha foram devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral, assim como as do então candidato Mauro Tramonte. Toda a participação em minha campanha ocorreu em estrita conformidade com a legislação eleitoral. A ação que originou esta decisão foi movida por um suplente a quem faltam votos na urna, mas sobram mau-caratismo e sede de poder. Em conluio com pessoas que hoje ocupam cargos dados justamente por quem quer me prejudicar, busca obter por via judicial aquilo que o povo de Belo Horizonte lhe negou nas urnas. Trata-se de evidente perseguição política, motivada por interesses pessoais e pela troca de favores em detrimento da vontade popular, expressa por mais de 6 mil eleitores que confiaram em meu nome. Espero confiante que, ao analisar o mérito do recurso, o Tribunal reconhecerá a improcedência das acusações e restabelecerá a verdade dos fatos. Seguirei trabalhando pelo povo de Belo Horizonte, como sempre fiz ao longo de quase 20 anos de jornalismo a serviço da população mineira. Minha preocupação seguirá sendo as demandas reais da população — há muito trabalho a ser feito, e é nisso que estou focado." O que diz Mauro Tramonte "O Deputado Estadual Mauro Tramonte (Republicanos/MG) vem a público esclarecer os fatos relacionados à Ação de Impugnação de Mandato Eletivo ajuizada em face do vereador eleito Leonardo Ângelo da Silva. Tal ação tramita em segredo de justiça, Mauro Tramonte não é parte no processo e não possui conhecimento dos fatos, termos e declarações ali realizadas. Tampouco teve conhecimento se algum dos coordenadores de sua campanha à Prefeitura de Belo Horizonte em 2024 foi ouvido nos autos. O Deputado afirma que cumpriu com a devida lisura a aplicação dos recursos, tanto que suas contas foram devidamente aprovadas , o que reforça a regularidade e transparência de sua campanha. Por fim, lamenta que seu nome tenha sido indevidamente associado a um processo do qual não é parte e reitera que sempre pautou sua trajetória política pelo respeito às leis eleitorais e aos princípios democráticos de direito." Vídeos mais assistidos do g1 MG