Fernando Luís Mattos da Matta, o DJ Marlboro, usou as redes sociais para rebater o DJ que tocou o funk pivô de uma confusão generalizada entre pais e adolescentes durante uma festa de formatura do ensino médio no último sábado (13), em Recife (PE). O pioneiro do movimento comentou numa publicação em que o DJ Vitor Bayma, contratado para o evento, destacou que sua parte foi fazer a festa "ser inesquecível". O caso viralizou nas redes sociais depois de o pai de um dos alunos interromper a apresentação e outros acusarem a ocorrência de apologia ao crime. Caso Henay: saiba quem era a mulher morta em caso tratado como acidente na MG-050 que virou investigação por feminicídio Veja: como o stalking, crime de homem que perseguiu Isis Valverde por 20 anos, marca início da escalada da violência de gênero "Cada formatura tem uma história. A minha parte foi fazer ela ser inesquecível! Muito obrigado", escreveu Vitor Bayma, com imagens da festa. Nos comentários, internautas fizeram graça da confusão, exaltaram o DJ por gerar o "barraco" e ironizaram que "faltou segurança no palco". Na mesma publicação, Marlboro rebateu que "ser inesquecível não é difícil" e citou casos como o de Adolf Hitler e Judas, que ficaram conhecidos por crimes e traição. "Penso eu que desejamos ser inesquecíveis pelas boas ações, pois nosso legado é o reflexo do que somos", destacou o pioneiro do funk. Pioneiro do funk, DJ Marlboro critica colega de profissão que tocou música com alusão a estupro Reprodução/Instagram Em seu perfil oficial na rede social, Marlboro também teceu críticas à composição de Wagner Marinho de Santana, mais conhecido como DJ Guuga, um dos cantores e produtores da música "Helicóptero", cuja letra faz alusão à violência sexual. O funk, lançado em 2019 em parceria com o cantor MC Pierre, foi tocado por Vitor Bayma na festa de formatura mais de uma vez, segundo testemunhas. O artista ressaltou que, ao ouvir a música, identificou se tratar de apologia a um estupro coletivo, já que, na letra, a mulher é ameaçada a ceder numa relação sexual para não ser morta. "E as pessoas ouvem e dançam algo que é danoso pra todos, para a sociedade, para as crianças, desrespeito aos idosos e principalmente a objetificação das mulheres. Até quando isso vai continuar assim?", questionou ele. Marlboro citou shows recentes seus, inclusive em festas de 15 anos, nas quais, segundo ele, "os pais e adolescentes ficaram super felizes e satisfeitos". O DJ disse esperar que, numa próxima oportunidade, os organizadores do evento contratem "algum Dj que toque com mais responsabilidade". "O que corrobora com o que sempre digo: SOMENTE UM FUNK COM QUALIDADE E RESPONSABILIDADE PODERÁ NOS PROPORCIONAR PROSPERIDADE E LONGEVIDADE", ressaltou. Vitor Bayma ainda não se manifestou sobre a confusão. Quem é o DJ autor de 'Helicóptero' Natural de São Paulo, DJ Guuga iniciou sua carreira em 2008 como cantor. No entanto, só ganhou notoriedade no cenário musical brasileiro dez anos depois, em 2018, quando lançou seu primeiro álbum, Baile do Guga, consolidando-se como um dos principais nomes de um gênero brasileiro conhecido como arrocha funk. Nesse período, o DJ conheceu o funkeiro MC Pierre, com quem produziu sua primeira faixa no estilo arrocha funk, "Elas Estão Pedindo Obrigado". Juntos, iniciaram uma parceria que resultou em diversos sucessos controversos no funk brasileiro, com letras de teor sexual e ofensas diretas às mulheres, como "Idiota", "Cabaré" e "Helicóptero", apontada como o motivo da confusão durante a festa de formatura. A música em questão é a segunda mais ouvida do DJ no Spotify com 66 milhões de reproduções e, no YouTube, já acumula mais de 51 milhões de visualizações. Além de possuir forte teor sexual, a música também faz apologia ao estupro. Em determinado trecho, sugere que, caso a mulher não queira manter relações sexuais com os dois homens que estão no helicóptero, ela seria jogada para fora da aeronave. Em um vídeo publicado nas redes sociais, durante a festa de formatura, a mãe de um aluno aparece no palco afirmando que a canção faz apologia à prostituição e que é inapropriada para adolescentes. "Gente, vocês estão fazendo apologia à prostituição. Vocês são crianças. Você acha isso certo? Se não der a 'x...', vai jogar a menina lá de cima?", questionou a mãe de um aluno. Outros registros mostram pessoas aglomeradas entre as mesas e cadeiras do salão de festas, copos voando e empurra-empurra. Também é possível ver estudantes tentando apartar a briga. Em 2023, DJ Guuga e MC Pierre lançaram uma segunda parte da música. A letra de "Helicóptero 2" mantém o teor sexual, porém não apresenta referências explícitas à violência, como ocorre na primeira versão. Com mais de 7 milhões de ouvintes mensais no Spotify, DJ Guuga já se apresentou na abertura do show do cantor internacional The Weeknd, no ano de 2024, em São Paulo, após ter viralizado no ano anterior com um remix de "Cabaré" junto a um dos sucessos do artista, "Earned It". Durante o show, o DJ também cantou "Helicóptero". O DJ, de 31 anos, possui mais de 5 milhões de seguidores no Instagram e é seguido por grandes nomes da música brasileira, como Anitta e João Gomes.