Decisão sobre acordo UE-Mercosul entra na fase final em Bruxelas

O acordo comercial entre União Europeia (UE) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul) entra em sua fase mais sensível nesta quinta-feira, 18, com decisões concentradas em Bruxelas e pressão política crescente. O desfecho do UE-Mercosul depende de negociações paralelas entre líderes nacionais e ministros, em meio a ameaças de protestos de grande escala na capital belga. + Leia mais notícias de Mundo em Oeste Enquanto delegações se reúnem dentro dos prédios oficiais, organizações ligadas ao setor agropecuário europeu articulam manifestações. Estimativas indicam a presença de até 10 mil produtores rurais contrários ao tratado, negociado há mais de duas décadas. O movimento amplia o custo político para governos ainda indecisos. No plano diplomático, o impasse opõe dois blocos. França, Polônia e Hungria rejeitam a aprovação imediata e buscam formar uma minoria capaz de travar o processo. A Itália, que passou a sinalizar resistência nos últimos dias, tornou-se peça central nesse cálculo. Do outro lado, Alemanha, Espanha e países do Norte europeu pressionam por uma decisão rápida e alertam para perdas estratégicas em caso de adiamento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom nesta quarta-feira, 17. Ele afirmou que a janela política para concluir o tratado se encerra em seu mandato, caso não haja aval ainda nesta semana. O acordo prevê a criação de uma área de livre comércio com 722 milhões de consumidores e impacto positivo estimado de 0,48% ao ano no PIB brasileiro até 2040, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Acordo UE-Mercosul precisa de apoio da maioria A definição passa por duas instâncias distintas. O Conselho Europeu, formado por chefes de Estado e de governo, discute diretrizes políticas gerais. Em paralelo, o Conselho da União Europeia reúne ministros e tem poder formal para aprovar tratados internacionais. Para avançar entre os ministros, o texto precisa de maioria qualificada: apoio de ao menos 14 dos 27 países, que representem 65% da população do bloco. A alternativa é o bloqueio, possível com quatro países que somem 35% dos habitantes da UE. Paris trabalha exatamente nessa hipótese. https://www.youtube.com/watch?v=a3Hb8xveqSc O ambiente ficou mais complexo porque outro tema sensível domina a agenda em Bruxelas. Líderes discutem o uso de ativos russos congelados como garantia de um empréstimo bilionário à Ucrânia. A proposta divide governos, bancos e agências de risco, além de gerar reação dura do Kremlin. A Itália também atua como fiel da balança nesse debate, o que pode influenciar negociações cruzadas. Mesmo sem exigência formal de decisão imediata, um adiamento teria peso simbólico relevante. Autoridades alemãs classificaram essa possibilidade como sinal de fragilidade política do bloco. Defensores do acordo veem o tratado como instrumento para ampliar mercados e reduzir dependência da China, além de resposta a políticas comerciais mais agressivas dos Estados Unidos. Caso haja aprovação, a Comissão Europeia planeja enviar sua presidente, Ursula von der Leyen, ao Brasil para a assinatura no sábado 20. A logística impõe prazo apertado, já que a viagem exigiria conclusão das discussões até a noite desta sexta-feira, 19. Leia também: "UE aprova fundo para financiar aborto em países com restrições no bloco" O post Decisão sobre acordo UE-Mercosul entra na fase final em Bruxelas apareceu primeiro em Revista Oeste .