BNDES retoma patrocínio esportivo com investimento no judô brasileiro

Após quase uma década sem patrocinar o esporte, o BNDES retoma o apoio por meio de uma parceria no valor de R$ 60 milhões com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), cobrindo o ciclo de competições dos próximos quatro anos. A iniciativa combina duas frentes complementares: impacto social e estratégia institucional. Ao fortalecer políticas públicas ligadas ao esporte e apoiar atletas de alto rendimento, o BNDES quer traçar um paralelo com sua própria atuação no campo do desenvolvimento. Isso é destacado pelo presidente do banco, Aloizio Mercadante, para quem a ação está alinhada à missão de promover desenvolvimento humano e ampliar oportunidades. — O esporte, e o judô em particular, oferecem um ambiente reconhecido por promover disciplina, respeito, equidade e oportunidades para crianças e jovens em todo o país. É uma modalidade praticada em todos os estados brasileiros, sem distinção de idade, gênero ou raça. A retomada do patrocínio do BNDES ao esporte, após quase uma década, começa pelo judô, que é a modalidade que mais trouxe medalhas olímpicas ao Brasil e expressa valores fundamentais para a formação cidadã e o desenvolvimento social – afirma o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Investimento da base ao alto rendimento Investimento do BNDES será destinado a federações estaduais, premiações em competições e centros de treinamento, da iniciação esportiva à seleção principal Maurício Braz Matos/Divulgação Do total investido, R$ 32 milhões serão aplicados via Lei de Incentivo ao Esporte, com foco em formação de base, inclusão e apoio às seleções nacionais, incluindo premiações. Outros R$ 28 milhões, provenientes de recursos próprios, serão destinados a ações de visibilidade institucional, como transmissões de competições, produções audiovisuais e presença da marca em arenas e uniformes. A escolha do judô reflete critérios de desempenho e capilaridade. A modalidade é a que mais conquistou medalhas olímpicas para o Brasil e está fortemente inserida em escolas, clubes e projetos sociais. Estima-se que o país tenha cerca de dois milhões de praticantes, distribuídos por todas as regiões. Para Paulo Wanderley, presidente da CBJ, o patrocínio representa uma mudança estrutural na forma de planejar o esporte. — Esse acordo reflete a confiança na nossa gestão e o potencial que o judô brasileiro possui. É um reconhecimento ao nosso legado, que vem trazendo medalhas em todas as edições de Jogos, e com certeza um grande incentivador para que continuemos a trazer conquistas ainda maiores no futuro — celebra. Os recursos fortalecerão federações estaduais, competições e centros de treinamento, além de ampliar programas de iniciação. Entre eles está o Avança Judô, que levará núcleos da modalidade a municípios nas 27 unidades da federação. No alto rendimento, o impacto aparecerá na preparação das seleções. — A formação é onde tudo começa. Vamos poder oferecer materiais e infraestrutura para federações, promover intercâmbios e capacitações técnicas, além de estruturar centros regionais de desenvolvimento. Essa rede bem-organizada é fundamental para identificarmos novos talentos e dar a eles condições reais de evolução — diz o presidente da CBJ. Campeonato Brasileiro Sênior, realizado no Rio, em novembro, marcou a estreia oficial do patrocínio do BNDES Anderson Neves - CBJ Estabilidade para planejar e competir Para quem está no tatame, o patrocínio representa estabilidade. Campeã no Rio, em 2016, e bicampeã mundial em 2013 e 2022, Rafaela Silva destaca a importância do apoio para um ciclo competitivo. — Esse tipo de investimento permite treinar com mais tranquilidade, sem se dividir com preocupações que atrapalham o desempenho. Em um ciclo longo, isso faz toda a diferença — comenta a atleta. A judoca também ressalta o efeito do patrocínio na base e nas comunidades. Ela é um exemplo, já que aprendeu judô e começou a sua trajetória em um projeto social. — O judô ensina disciplina, respeito e convivência. Não é só sobre formar atletas, mas também transformar realidades. Quando existe apoio, a única preocupação passa a ser treinar e entregar o melhor judô possível — conta Rafaela. Ao retomar o patrocínio esportivo, o BNDES passa a ocupar novamente um espaço relevante nas políticas públicas voltadas ao esporte, conectando desenvolvimento humano, inclusão social e desempenho de alto nível. Com olhar de longo prazo, o investimento no judô sinaliza um modelo que combina governança, impacto e legado, dentro e fora do tatame.