O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar nesta quinta-feira as negociações do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, em meio ao risco de o tratado ser barrado pela resistência de países europeus, como França e Itália. Na véspera, Lula afirmou que o entendimento enfrenta dificuldades após a Itália sinalizar alinhamento à posição francesa, contrária ao acordo entre o Mercosul — formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai — e a União Europeia, bloco de 27 países. O tratado deve ser analisado nesta quinta-feira durante reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, instância responsável pela chancela política final antes da assinatura. Caso haja aprovação, a expectativa é que o acordo seja formalizado no sábado, durante a cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR). Lula indicou, no entanto, que uma eventual decisão europeia de recuar neste momento pode inviabilizar a conclusão do acordo ainda durante o seu mandato, que termina no próximo ano. A aprovação pelo Conselho Europeu é considerada o último passo institucional antes da assinatura. Se houver aval, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, é esperada em Foz do Iguaçu para firmar o tratado em nome da União Europeia. As perspectivas de avanço sofreram um revés após a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, classificar como “prematura” a assinatura do acordo nos próximos dias. A avaliação é que a posição italiana tem peso relevante no processo decisório. Pelas regras da União Europeia, o Conselho precisa do apoio de ao menos 15 dos 27 países, que representem pelo menos 65% da população total do bloco. A avaliação no Palácio do Planalto é que Lula investiu capital político relevante para destravar o entendimento, inclusive em conversas diretas com o presidente francês, Emmanuel Macron, um dos principais críticos do tratado. O acordo é visto como estratégico tanto do ponto de vista econômico quanto diplomático, além de representar um gesto de defesa do multilateralismo em um cenário global mais fragmentado. Caso o acordo não seja assinado durante a cúpula em Foz do Iguaçu, a leitura do governo brasileiro é de que a responsabilidade recairá sobre os países europeus contrários ao texto.