Médico psiquiatra suspeito de importunação sexual e estupro presta depoimento à polícia A Justiça marcou para o dia 21 de janeiro de 2026 a audiência do processo que envolve o médico psiquiatra Rafael Pascon dos Santos, acusado de importunação sexual e estupro de vulnerável em cidades do interior de SP. A decisão é da 3ª Vara Criminal de Marília, que também negou o pedido de liberdade apresentado pela defesa e manteve a prisão preventiva do médico, ao menos até a realização dos depoimentos. Rafael Pascon dos Santos está preso desde o dia 22 de outubro. Segundo a Justiça, a audiência será realizada de forma virtual e dividida em duas etapas. Na primeira fase, serão ouvidas as vítimas e as testemunhas de acusação. Já na segunda, estão previstos os depoimentos das testemunhas de defesa. Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp No mesmo despacho, o juiz determinou que o plano de saúde com o qual o psiquiatra mantinha contrato forneça informações sobre quantos profissionais estavam disponíveis para atendimentos entre janeiro de 2024 e novembro de 2025. O objetivo é esclarecer o contexto dos atendimentos realizados pelo médico no período investigado. Rafael Pascon dos Santos, que atuava em uma clínica particular de Marília (SP) e no Caps de Garça (SP), foi preso na tarde de quarta-feira (22) Reprodução/Facebook Os crimes teriam ocorrido durante atendimentos médicos nas cidades de Marília, Garça e Lins, no interior de São Paulo. No dia 17 de novembro, um novo inquérito foi instaurado pela Polícia Civil de Marília, após a realização de mais duas denúncias. Conforme a corporação, as vítimas, na faixa etária dos 30 anos, relataram situações de importunação sexual, semelhantes às descritas em outras ocorrências. Com os dois novos registros, são 32 o total de denúncias contra o médico, incluindo casos de importunação sexual e estupro. As novas queixas vão ser investigadas em um novo inquérito, que deve ficar com a mesma equipe da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Marília, responsável pela primeira investigação, que já virou processo criminal. A TV TEM entrou em contato com a defesa de Rafael Pascon dos Santos, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Processo aceito pela Justiça A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) e tornou o psiquiatra réu por importunação sexual e estupro de vulnerável contra pelo menos 32 mulheres atendidas em consultas psiquiátricas na região. A decisão foi divulgada no dia 17 de novembro. Na decisão, a juíza responsável pelo processo destaca que há indícios de materialidade dos crimes e autoria por parte do médico com base nos boletins de ocorrência, no inquérito policial e no relatório da Delegacia de Defesa da Mulher de Marília (SP). Além disso, a magistrada também cita os depoimentos das vítimas, colhidos durante as investigações. Prisão e indiciamento Rafael foi preso preventivamente em 22 de outubro, em Marília, após diligências no consultório e na casa dele. O médico se apresentou à Delegacia de Marília acompanhado por advogados. O inquérito foi concluído em 31 de outubro, com indiciamento por importunação sexual e estupro de vulnerável. No depoimento marcado para o mesmo dia, o médico permaneceu em silêncio. O pedido de habeas corpus foi negado em 10 de novembro, e a Justiça também rejeitou a solicitação de revogação da prisão. Rafael continua detido na penitenciária de Gália (SP). O caso segue sob segredo de Justiça. Mais de 30 denúncias Rafael Pascon dos Santos atuava em uma clínica particular de Marília e no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Garça (SP). Mulher acusa psiquiatra de estupro durante consulta em Marília; número de denúncias cresce Após as seis primeiras vítimas denunciarem o médico psiquiatra na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Marília, um registro foi feito por uma paciente que afirmar ter sido estuprada pelo profissional. Em entrevista à TV TEM, a vítima, que preferiu não se identificar, relatou que o abuso começou no começo da consulta, realizada no consultório particular do suspeito, em agosto de 2024, quando o médico a chamou de "gostosa". Veja o depoimento no vídeo acima. "Quando ele foi colocar meu nome na agenda, na recepção, ele me deu um abraço e sussurrou alguma coisa no meu ouvido que eu não entendi, me levou de volta para a sala dele e me estuprou. Eu realmente travei e fiquei em choque e com medo de fazer alguma coisa, porque estava de noite e o consultório estava vazio. Fiquei com muito medo", relatou. Além disso, alegou tentar esquecer o que aconteceu, mas, após as denúncias das seis vítimas, decidiu prestar depoimento também. "É um pesadelo que parece que vivi. Por muito tempo eu me silenciei e tentei esquecer, mas uma mulher foi corajosa o suficiente para denunciar e fez com que tudo, infelizmente, voltasse à tona de novo para mim. Eu fui atrás de denunciar também para conseguir colocar, talvez, um fim em alguma parte disso." Segundo Renata Yumi Ono, delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Garça, uma das vítimas, de 65 anos, relatou que os abusos aconteceram em 2018, durante consultas no Caps do município. Ela afirmou que o profissional começou a ter comportamentos inapropriados, como abraços e gestos de intimidade, e que, em uma das consultas, chegou a segurá-la contra o corpo e a encostar a boca em seu pescoço para "inalar o seu perfume". Dezoito mulheres fizeram denúncia contra médico psiquiatra por abuso sexual em consultas Outro registro é de uma mulher de 43 anos, que contou ter sido beijada à força pelo mesmo profissional durante uma consulta em 2022. A vítima disse ter ficado em estado de choque e interrompido o acompanhamento médico após o episódio. Outra vítima de Garça registrou boletim de ocorrência na DDM no dia 17 de outubro, após a divulgação dos casos. A jovem, atualmente com 24 anos, disse à polícia que passou pelo atendimento no Caps em 2018, quando tinha 17 anos. Segundo a delegada, a jovem não denunciou o caso na época por não entender a gravidade do fato, mas, ao perceber que existiam outras vítimas, resolveu procurar a polícia. O caso foi registrado como importunação sexual. No relato, a jovem disse que a mãe costumava acompanhá-la nas consultas, mas, em uma ocasião, precisou iniciar o atendimento sem a presença dela. Nesse dia, segundo ela, o médico mudou o comportamento e começou a fazer perguntas íntimas e, ao final da consulta, a acompanhou até a porta e a puxou pelo punho e beijou o canto de sua boca. Depois do ocorrido, a jovem ainda retornou duas vezes a consultas por conta da necessidade da medicação, uma delas com um amigo (e relatou que o médico ficou bastante incomodado com a presença dele), e depois apenas para retirada da receita do remédio. Vítimas relataram situações de importunação sexual envolvendo o médico psiquiatra em Marília Reprodução/TV TEM Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília. VÍDEOS: assista às reportagens da região