Entenda a relação entre neurociência e disputas de pênaltis

As quatro defesas nas penalidades da final da Copa Intercontinental entre Flamengo e PSG-FRA, fizeram o goleiro russo Safonov sair de desconhecido para herói da decisão, levando o troféu para a cidade parisiense. Pouco antes das cobranças, uma cena do goleiro recebendo uma "cola", enrolada em uma toalha, com os dados de cada cobrador rubro-negro, se tornou viral nas redes sociais. Mas esta preparação não é incomum em disputas de grande importância. Isso, pois, a ideia de que pênalti é loteria já ficou no passado e hoje comissões técnicas trabalham minunciosamente para descobrir os padrões de batida dos cobradores rivais. Assim como o professor de Economia Ignácio Palacios-Huertaus, que analisou mais de 11 mil cobranças para entender a neurociência por trás de um dos momentos mais importantes do futebol, criando um elo com comportamento humano na Economia. Saúl pede desculpas à torcida do Flamengo: 'Falhei em um momento muito importante' Análise: Flamengo vai ao limite contra o PSG, mas cereja do bolo em temporada histórica escorre pelos dedos Autor do livro Beautiful "Game Theory: how soccer can help economics" (A teoria do Jogo Bonito: como o futebol pode ajudar a economia), o professor espanhol chegou a trabalhar para o Chelsea e a seleção holandesa justamente na análise de batidas. Ele baseou seu estudo nas leis de John Nash, matemático estadunidense vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 1994 — que estudava como se comportam as pessoas em situações estratégicas — para chegar à conclusão que em 60% das ocasiões, um batedor destro chutará na zona da mão direita do goleiro e o batedor canhoto, na esquerda. Ou seja, na maioria das vezes, eles tendem a bater em seu lado natural. Foram mais de mil disputas de pênaltis e mais de 11mil cobranças estudadas pelo professor até 2014, quando lançou o livro. Em meio a esse compilado de dados, ele também aponta que os jogadores são mais previsíveis no início de suas carreiras, mas enquanto vão ganhando experiência, se tornam imprevisíveis e podem acabar batendo um pênalti com mais variações, como a ‘cavadinha’, por exemplo. Outra afirmação do especialista sobre o assunto é que os jogadores que batem pênaltis tendem a não repetir suas cobranças se têm de bater novamente na mesma partida, ou em pouco espaço de tempo. O russo Safonov, 26 anos, usou frieza e preparação para derrotar o Flamengo em final épica Reprodução Jan Kruger - Fifa Apesar do estudo apontar o favoritismo dos times que batem primeiro, o time rubro-negro não conseguiu garantir o sucesso. Após o 1 a 1 com a bola rolando, De La Cruz iniciou as cobranças e abriu o placar. Vitinha, do PSG, empatou. Após isso, mesmo os erros do melhor do mundo Ousmane Dembélé e de Barcola, a equipe francesa conseguiu contar com as defesas de Safonov nas batidas de Saúl, Pedro, Léo Pereira e Luiz Araujo. Nuno Mendes também acertou ao gol de Rossi.