Voos feitos por Bacellar em compromissos do governo do estado foram feitos por helicóptero particular avaliado em R$ 9 milhões

Enquanto presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Bacellar (União) substituiu o governador Cláudio Castro (PL) em diversas obrigações governamentais. Segundo a GloboNews, em parte das agendas, o deputado utilizou um helicóptero particular, pertencente a uma empresa registrada em nome de uma mulher beneficiária do programa Bolsa Família. No início do mês, o parlamentar foi preso pela Polícia Federal por suspeita de vazar informações sobre uma operação contra o ex-deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Jóias, envolvido com chefes do Comando Vermelho. Atualmente, Bacellar cumpre medidas cautelares com uso de tornozeleira eletrônica. Alerj derruba veto de Castro e recria 'gratificação faroeste' para policiais civis Deputado do Rio destina R$ 1,2 milhão em emenda para secretaria em que trabalha esposa Em uma das viagens feitas, o ex-presidente da Alerj viajou do Rio de Janeiro para Campos dos Goytacazes. Num site de táxi aéreo, esse trajeto, considerando o mesmo modelo de aeronave, está avaliado em mais de R$ 50 mil, segundo apurou o telejornal. Em nota à emissora, o Governo do Estado informou que as viagens não foram pagas com recursos públicos e que o helicóptero não faz parte de sua frota oficial. O helicóptero é da empresa Gigante Empreendimentos Imobiliários, pertencente exclusivamente à Monaliza Santos de Vasconcelos. De capital social avaliado em R$ 500 mil, a empresa atua em áreas que variam de apoio à extração de minerais à organização de eventos. Em outubro de 2023, a empresa comprou o helicóptero por R$ 9 milhões, enquanto Monaliza recebeu R$ 700 do Bolsa Família no mesmo mês, segundo o Portal da Transparência. A certidão da Gigante Empreendimentos na Junta Comercial aponta que a empresa funciona em um prédio na Zona Norte de São Paulo. A repórter Júlia Zaremba, da GloboNews, foi até o endereço, mas o porteiro informou que o espaço não é utilizado como escritório. A equipe de reportagem também foi ao local indicado na certidão como sendo o local de residência de Monaliza. Moradores, no entanto, disseram que nenhuma mulher com esse nome morava ali. A GloboNews também identificou registros de pousos e decolagens do helicóptero no heliponto do Palácio Guanabara, sede do governo estadual. Dados de monitoramento de voos mostram que a aeronave foi utilizada em agendas oficiais de Bacellar em municípios do interior do estado. Em 18 de junho, a viagem foi para Paracambi e Mendes, onde o parlamentar participou de compromissos oficiais. No dia seguinte, a agenda foi em São Gonçalo. De acordo com registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a operação do helicóptero usado por Bacellar é de responsabilidade da Go Faster, empresa habilitada para táxi aéreo. À GloboNews, a empresa não soube explicar as viagens feitas pelo deputado. O que dizem os citados Nota do governo: "Os voos oficiais realizados nos helicópteros que servem ao governo do estado nos termos do decreto número 44310, de 2 de agosto de 2013, são publicados mensalmente no Portal da Transparência. Não foi usado dinheiro público nos deslocamentos citados." Nota da Go Faster: "A empresa informa que é devidamente homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para a prestação de serviços de transporte aéreo de passageiros, atuando em estrita conformidade com a legislação e os regulamentos aplicáveis à aviação civil brasileira. Em decorrência de cláusulas contratuais de confidencialidade, a empresa não presta informações a terceiros acerca de seus contratos comerciais ou viagens realizadas, exceto quando formalmente demandada por órgãos fiscalizatórios e regulatórios competentes. No que se refere à aeronave mencionada, esclarece que a relação mantida com o proprietário ocorre exclusivamente por meio de contrato de arrendamento de aeronave, celebrado nos termos da regulamentação vigente. Sendo assim, a empresa não possui conhecimento sobre questões de natureza pessoal, societária e trabalhista relacionadas aos sócios ou funcionários do proprietário da aeronave. A empresa permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários, dentro dos limites legais e regulatórios."