Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair O dólar iniciou a sessão desta sexta-feira (19) em alta, avançando 0,22% na abertura, aos R$ 5,5313. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre às 10h. Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça ▶️ No Brasil, a agenda começou cedo com a divulgação do Relatório de Política Monetária do Banco Central, referente ao quarto trimestre. O documento detalha a avaliação da autoridade sobre inflação, atividade econômica e riscos à frente. ▶️ O presidente do BC, Gabriel Galípolo, concedeu entrevista coletiva para comentar o relatório e disse que a decisão sobre a Selic em janeiro ainda está em avaliação e um corte não está 100% descartado. Além disso, ele confirmou que dois diretores indicados por Bolsonaro deixam cargo no fim de 2025. ▶️ Na política, o mercado tem avaliado que se há condições de consolidação de Flávio Bolsonaro como principal nome da direita e possível enfraquecimento da candidatura de Tarcísio de Freitas, visto como favorito entre investidores. Agentes do mercado acreditam que a manutenção do governo atual tornaria mais difícil realizar ajustes robustos nas contas públicas, o que impacta negativamente o Ibovespa e o câmbio. Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado: Dólar a Acumulado da semana: +2,07%; Acumulado do mês: +3,51%; Acumulado do ano: -10,63%. Ibovespa C Acumulado da semana: -1,77%; Acumulado do mês: -0,72%; Acumulado do ano: +31,29%. Relatório de Política Monetária O Banco Central (BC) revisou para cima sua estimativa de crescimento da economia brasileira em 2025, elevando a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) de 2% para 2,3%. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e funciona como o principal termômetro da atividade econômica. A revisão consta no Relatório de Política Monetária do quarto trimestre, divulgado nesta quinta-feira (18). Como base de comparação, em 2024 a economia brasileira cresceu 3,4%, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desempenho bem superior ao agora projetado para os próximos anos. Para 2026, ano de eleições presidenciais, o BC também fez um pequeno ajuste na estimativa de crescimento, elevando a projeção de 1,5% para 1,6%. Ainda assim, se esse cenário se confirmar, o ritmo de expansão será o mais fraco desde 2020, quando a economia encolheu 3,3% em razão da pandemia de Covid-19. Segundo o Banco Central, esse desempenho mais moderado reflete uma combinação de fatores. Entre eles estão a expectativa de manutenção de uma política monetária restritiva — ou seja, juros elevados —, o baixo nível de ociosidade dos fatores de produção (como mão de obra e capacidade instalada das empresas), a perspectiva de desaceleração da economia global e a ausência do impulso do setor agropecuário observado em 2025. O BC também considera os efeitos de medidas recentes que podem estimular o consumo, como a isenção ou descontos no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para as faixas iniciais de renda. A projeção de desaceleração do crescimento ocorre em um ambiente de juros elevados, adotados como forma de conter as pressões inflacionárias. Atualmente, a taxa básica de juros da economia, a Selic, está em 15% ao ano — o patamar mais alto em quase duas décadas. Agenda econômica Índice de preços ao consumidor nos EUA A inflação ao consumidor nos Estados Unidos desacelerou mais do que o esperado até novembro, mas essa melhora tende a ser pontual e não elimina as dificuldades enfrentadas pelas famílias americanas para lidar com o custo de vida. Segundo o Escritório de Estatísticas do Trabalho, ligado ao Departamento do Trabalho dos EUA, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 2,7% no acumulado de 12 meses até novembro. O resultado ficou abaixo da projeção de 3,1% feita por economistas ouvidos pela Reuters. Em setembro, a inflação anual estava em 3,0%. O CPI mede a variação média de preços de uma cesta de bens e serviços consumidos pelas famílias e é um dos principais termômetros usados pelo Federal Reserve (Fed) para orientar a política de juros. No entanto, a leitura mais recente traz limitações importantes. A paralisação do governo americano por 43 dias impediu a coleta de dados em outubro, o que levou à suspensão da divulgação da inflação daquele mês. Como essas informações não podem ser recuperadas posteriormente, o órgão deixou de calcular a variação mensal do índice. Os efeitos do chamado “shutdown” não se limitaram à inflação. Pela primeira vez, o governo dos EUA também deixou de divulgar a taxa de desemprego de outubro, outro indicador-chave do mercado de trabalho. Diante das lacunas, a agência de estatísticas afirmou que não pode orientar os usuários sobre como interpretar os dados ausentes, e economistas recomendam focar nas comparações anuais ou em períodos de dois meses. Analistas avaliam que a inflação mais baixa em novembro pode ter sido influenciada por um fator técnico: a coleta de preços ocorreu mais próximo do fim do mês, quando o comércio costuma oferecer descontos para impulsionar as vendas de fim de ano. Por isso, há expectativa de aceleração dos preços em dezembro. Além disso, as tarifas de importação adotadas durante o governo de Donald Trump seguem pressionando os preços de diversos produtos. Esse repasse, no entanto, tem ocorrido de forma gradual, já que muitas empresas recorreram a estoques formados antes do aumento das tarifas ou absorveram parte dos custos para não perder vendas. Pedidos de auxílio-desemprego nos EUA O número de norte-americanos que solicitaram o seguro-desemprego pela primeira vez caiu na semana passada, revertendo a alta observada anteriormente e indicando que o mercado de trabalho dos Estados Unidos segue relativamente estável neste fim de ano. De acordo com o Departamento do Trabalho, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego — indicador que mede quantas pessoas entraram com solicitação do benefício pela primeira vez — recuaram em 13 mil na semana encerrada em 13 de dezembro, totalizando 224 mil solicitações, já com ajuste sazonal. O resultado veio praticamente em linha com a expectativa de economistas consultados pela Reuters, que projetavam 225 mil pedidos. Nas últimas semanas, esse indicador tem apresentado oscilações, em parte por dificuldades estatísticas relacionadas ao feriado de Ação de Graças, que costuma afetar a coleta e o ajuste dos dados. Apesar dessas variações, o quadro geral do mercado de trabalho pouco mudou: as empresas seguem cautelosas para contratar novos funcionários, mas também não têm promovido demissões em larga escala. Segundo economistas, um dos fatores por trás dessa postura defensiva é o impacto das tarifas de importação adotadas durante o governo de Donald Trump. Essas medidas representaram um choque inesperado de custos para as empresas, levando algumas delas a reduzir o quadro de funcionários ou adiar novas contratações. Bolsas globais As bolsas em Wall Street operavam em alta nesta quinta-feira, impulsionadas por dados de inflação abaixo do esperado, que reforçaram as apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve no próximo ano. Por volta das 12h, o Dow Jones subia 0,61%, a 48.180 pontos. O S&P 500 avançava 0,92%, a 6.783 pontos, e a Nasdaq ganhava 1,29%, a 22.988 pontos. Os mercados asiáticos fecharam mistos, com investidores buscando setores defensivos diante das tensões regionais e preocupações com gastos em inteligência artificial. A aprovação de um pacote recorde de armas dos EUA para Taiwan impulsionou ações ligadas à defesa, enquanto tecnologia e imobiliário recuaram, pressionados por incertezas sobre financiamento e crise de dívida da Vanke. No fechamento, Xangai subiu 0,16%, a 3.876 pontos, enquanto o CSI300 caiu 0,59%, a 4.552 pontos. O Hang Seng avançou 0,12%, a 25.498 pontos. Em Tóquio, o Nikkei recuou 1,03%, a 49.001 pontos, e Seul perdeu 1,53%, a 3.994 pontos. Taiwan caiu 0,21%, Cingapura recuou 0,11%, e Sydney fechou em baixa de 0,16%. Cotação do dólar mostra menor confiança na economia brasileira devido a gastos e dívidas do governo Jornal Nacional/ Reprodução