Agricultores despejam pneus e outros itens em frente à casa de praia de Emmanuel Macron, de tijolos vermelhos, em Le Toquet, na França, em 19 de dezembro de 2025 JEROME NOEL / AFP Dezenas de agricultores franceses protestaram nesta sexta-feira (19) em frente à casa de praia do presidente Emmanuel Macron e despejaram esterco nas proximidades em uma manifestação contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, entre outras reivindicações. "Não ao Mercosul" estava entre as mensagens escritas em um caixão colocado em frente à mansão que o presidente e sua esposa, Brigitte Macron, possuem na rica cidade litorânea de Le Touquet, no norte da França. Os manifestantes despejaram vários sacos de esterco, pneus, repolhos e galhos perto da mansão de tijolos vermelhos, que era vigiada por forças de segurança. Agricultores despejam pneus e outros itens em frente à casa de praia de Emmanuel Macron em Le Toquet, na França, em 19 de dezembro de 2025 JEROME NOEL / AFP Durante a última semana, os agricultores franceses protestaram contra este tratado de livre comércio, cuja assinatura, prevista para sábado em Foz do Iguaçu, Paraná, foi adiada para janeiro, e contra a gestão do governo em relação a uma doença bovina. O protesto "simbólico" desta sexta é contra a "política europeia atual, pois estamos retrocedendo", afirmou Benoît Hédin, do sindicato agrícola FDSEA, que citou o Mercosul e a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) como exemplos. "Estamos protestando há dois anos e nada muda (...). Os produtos são importados sem qualquer restrição regulatória e competem conosco a preços impossíveis de igualar", lamentou Marc Delaporte, outro agricultor. A Comissão Europeia chegou a um acordo comercial em dezembro de 2024 em Montevidéu com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, que sua presidente, Ursula von der Leyen, pretendia assinar no sábado durante a cúpula do Mercosul no Brasil. No entanto, a pressão da França, reforçada nos últimos dias pela Itália, forçou o adiamento da aprovação necessária da UE para a assinatura. Von der Leyen anunciou que a assinatura seria adiada para janeiro. O FNSEA, principal sindicato agrícola da França, considerou o anúncio "insuficiente". "O Mercosul continua sendo um NÃO! Portanto, para dar xeque-mate no Mercosul, vamos nos manter mobilizados", escreveu em sua conta nas redes sociais na quinta-feira. Os agricultores franceses temem o impacto de uma entrada maciça de carne, arroz, mel e soja sul-americanos na Europa - produtos considerados mais competitivos devido às suas normas de produção - em troca da exportação de veículos e máquinas europeias para o Mercosul.