Após 13 anos desde o início das obras, o governo de São Paulo vai entregar um trecho de 24 quilômetros do Rodoanel Norte, ligando as rodovias federais Fernão Dias e Presidente Dutra. A abertura ao tráfego está prevista para a próxima terça-feira (23), a partir das 6h. O segmento já contará com sistema de pedágio no modelo free flow. O anúncio da inauguração foi feito pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na quinta-feira (18). A cerimônia oficial está marcada para a segunda-feira (22). O free flow, novo modelo de cobrança autorizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), funciona por meio de leitura de tags ou placas dos veículos. O valor é calculado conforme o trajeto percorrido. No total, o Rodoanel Norte terá 44 quilômetros de extensão, passando pelos municípios de São Paulo, Guarulhos e Arujá. A previsão do governo estadual é que os 20 quilômetros restantes sejam concluídos até setembro de 2026. Segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), o trecho Norte já custou mais de R$ 6,3 bilhões — cerca de 50% acima do valor inicialmente previsto. Planejado na gestão do governador Mário Covas (PSDB) em 1995, o Rodoanel foi dividido em quatro trechos. Já foram entregues os segmentos Oeste, Sul e Leste. O projeto atravessou nove gestões estaduais ao longo de quase três décadas e enfrentou sucessivos atrasos, paralisações e revisões de cronograma. A construção do Rodoanel, originalmente planejado para ter 176 quilômetros, começou efetivamente em 1998. Desde então, sua conclusão passou a ser tratada como uma vitrine política para os governos estaduais. Covas iniciou o trecho Oeste, de 32 quilômetros, inaugurado apenas em 2002 por seu sucessor, Geraldo Alckmin, à época no PSDB. O vice e sucessor de Alckmin, Cláudio Lembo, do então PFL, deu início à construção do trecho Sul, de 57 quilômetros, em 2006. A obra atravessou as gestões Lembo, José Serra e Alberto Goldman, todos do PSDB, e foi concluída apenas em 2011, durante o segundo mandato de Alckmin, com dois anos de atraso. Alckmin também iniciou e concluiu o trecho Leste, de 43 quilômetros. A obra começou em 2011, teve inauguração parcial em 2014 e foi finalizada em 2015. Ainda em sua gestão teve início a construção do trecho Norte, considerado o mais problemático do projeto — o mesmo que, segundo Tarcísio, será finalmente concluído no próximo ano. A construção do trecho Norte começou em 2013, mas uma série de interrupções e entraves técnicos e ambientais transferiu a responsabilidade para governos seguintes. Márcio França (PSB), que assumiu o Palácio dos Bandeirantes em 2018, herdou a obra, que acabou totalmente paralisada naquele mesmo ano. Entre as justificativas estavam dificuldades no licenciamento ambiental e problemas de execução. João Doria (PSDB), que assumiu o governo em 2019, chegou a anunciar a retomada do projeto, mas o plano não avançou. Seu sucessor, Rodrigo Garcia — então no DEM — também tentou dar andamento à obra, sem sucesso. A construção do trecho de 44 quilômetros só foi retomada no ano passado, já sob a gestão Tarcísio de Freitas. Em leilão realizado na B3, a concessionária Via Appia FIP Infraestrutura venceu a disputa e ficou responsável pela conclusão das obras, com a promessa de entregar a parte final do anel viário em 2026.