O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), avaliou nesta sexta-feira (19) que a sua relação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está "estabilizada". Motta afirmou também que espera que, em 2026, o Planalto e lideranças governistas no Congresso superem as "divergências que aconteceram" ao longo deste ano. Em conversa com jornalistas, na Residência Oficial da Câmara, o paraibano disse que tem mantido contato com o presidente Lula. "Nunca se perdeu o respeito [com o presidente]", disse Motta. "A relação, na minha avaliação, termina o ano estabilizada. Termina o ano com uma perspectiva de que entremos em 2026 conversando mais, dialogando mais e superando as divergências que aconteceram ao longo do ano", declarou. Motta rebate crítica de Lula ao Congresso: 'mais direcionada à extrema direita' Ao longo de 2025, a relação entre Motta e membros do governo Lula ficou estremecida em uma série de episódios. No mais recente, o deputado e a cúpula da articulação política de Lula se desentenderam durante a análise da proposta que cria um marco legal de combate ao crime organizado — o chamado PL Antifacção. Aliados de Motta avaliaram um movimento coordenado da base de apoio de Lula para veicular críticas e desgastar a imagem do presidente da Câmara. As divergências passavam pelo anúncio de Guilherme Derrite (PP-SP), opositor do governo e ex-secretário de Segurança do governo de São Paulo, como relator do PL Antifacção. Derrite foi escolhido pelo próprio presidente da Câmara, que participou intensamente das negociações para aprovar o projeto. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, chegou a avaliar o texto da proposta como uma "lambança legislativa". O presidente Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta, participam do desfile do 7 de Setembro em Brasília Adriano Machado/Reuters O desconforto com a cúpula governista ficou evidente em 26 de novembro. Na ocasião, Motta não participou de um evento, no Palácio do Planalto, de sanção da proposta que eleva a isenção do Imposto de Renda. Dois dias antes, o presidente da Câmara também foi a público dizer que havia rompido com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ). Para Hugo Motta, as divergências foram superadas na reta final de 2025. Ele listou uma série de projetos de interesse do governo que foram aprovados pelos deputados com o seu apoio institucional. "A Câmara colaborou muito. Tivemos um cuidado de manter um diálogo — até mesmo quando a gente divergia. Nunca deixamos de conversar. Como todas as relações das nossas vidas, temos altos e baixos. Isso é natural porque cada Poder tem sua independência", disse. "Temos uma relação de diálogo, vamos seguir dessa forma. Melhorar propostas e o que vem do Executivo. Os Poderes são independentes e temos que lutar que sejam harmônicos", acrescentou. Novo ministro do Turismo Ainda sobre a relação com Lula, o presidente da Câmara afirmou que deu um "testemunho" ao petista de apoio a Gustavo Feliciano, convidado para assumir o Ministério do Turismo. Feliciano foi indicado pela bancada governista do União Brasil ao cargo, em um movimento político costurado para fidelizar os parlamentares ao governo Lula. Ele entrará no lugar de Celso Sabino, que foi expulso da sigla, mas havia sido indicado pelo mesmo contingente de deputados à pasta. Segundo Motta, Gustavo Feliciano, que foi secretário de Turismo da Paraíba, poderá ajudar o Palácio do Planalto a melhorar a performance dentro do Congresso. "A questão da nomeação do Gustavo Feliciano se deu por construção política de uma parte da bancada do União Brasil, que deseja continuar participando da governabilidade. Foi decisão de parte da bancada", disse. "O que pude dizer é que conheço ele, tenho uma relação muito boa. Pude dar meu testemunho favorável. Vai ajudar o governo. Acho que o presidente foi feliz", acrescentou.