Pensar muito emagrece? Isto é o que os estudos revelam sobre o gasto calórico do esforço mental

Pesquisadores se propuseram a compreender o efeito de pensar demais no corpo. Muitas pessoas se perguntam se o consumo energético do cérebro pode alterar o peso corporal. Durante tarefas de alta concentração, o cérebro é exigido e se vê obrigado a utilizar energia extra. Por essa razão, é válido questionar se isso pode resultar em um gasto calórico significativo. Os estudos realizados até o momento partiam do princípio de que o cérebro precisa de glicose para funcionar. Ao realizar tarefas cognitivas, há gasto energético e também calórico. No entanto, esse gasto seria muito pequeno quando comparado à prática de exercício físico ou à realização de outras atividades cotidianas. Cannabis: 15% já consumiram maconha no Brasil; taxa mais que dobra em 20 anos Gripe K: Ministério da Saúde confirma 4 casos no Brasil Agora, a Universidade de Monash, na Austrália, realizou outra pesquisa para entender como isso acontece. O estudo foi publicado na revista Quanta Magazine e foi liderado pela equipe da neurocientista Sharna Jamadar. “A capacidade do cérebro humano de prever, processar e agir de forma adaptativa sobre informações complexas envolve uma carga energética considerável. Embora represente apenas 2% do peso corporal, o cérebro humano responde por 20% do metabolismo em repouso”, indica a pesquisa. O experimento foi realizado com dois grupos de estudantes. Um deles realizou tarefas cognitivas em computadores, enquanto o outro descansou durante o período do experimento. Os resultados mostraram que ambos utilizaram praticamente a mesma quantidade de energia. A única diferença notável foi que aqueles que realizaram as tarefas no computador consumiram 200 calorias após o esforço mental. Para os especialistas, isso ocorre porque, ao se concentrar intensamente, os níveis de glicose no sangue diminuem. Por essa razão, o apetite pode aumentar após o término de uma atividade. Pensar muito emagrece? O estudo explica que o cérebro permanece ativo mesmo durante o sono. Tarefas cognitivas que o estimulam, como memorizar um padrão, resolver problemas ou se concentrar, aumentam o gasto calórico. O cérebro em repouso queima cerca de 20% da energia diária de uma pessoa; isso representa entre 250 e 350 quilocalorias. Quando os pensamentos são intensos ou muito frequentes, o gasto calórico pode dobrar. Ainda assim, trata-se de um percentual muito reduzido, que equivaleria a menos de uma caloria por minuto. — Os custos metabólicos da cognição aumentam conforme a dificuldade cresce, não apenas dentro de um mesmo domínio, mas também diferem entre domínios. No entanto, essa diferença reflete em grande parte a profundidade e a extensão das redes funcionais recrutadas para sua execução: tarefas unimodais relativamente simples, como a percepção visual, são menos custosas do que tarefas multidomínio complexas, como a cognição social e a emoção — afirma a neurocientista Sharna Jamadar em sua pesquisa. Para que o corpo consiga queimar calorias de forma significativa, é necessário realizar algum tipo de atividade física. De acordo com os especialistas, o pequeno aumento do gasto energético que ocorre durante tarefas intelectuais pode estar relacionado à queda da glicose no sangue. Apesar de muitas pessoas ainda acreditarem que pensar muito ajuda a emagrecer, o estudo da Universidade de Monash demonstrou que isso é um mito. O gasto calórico gerado pelas atividades cognitivas do cérebro é muito baixo para ter um impacto significativo. Pensar consome energia, mas não se compara à atividade física.