Golpe no nariz, batida na cabeça e asfixia: empresário preso por feminicídio admite série de agressões contra Henay Amorim

Vídeo de motorista imóvel ao volante levou polícia a investigar morte em acidente No depoimento prestado à Polícia Civil, Alison de Araújo Mesquita, de 43 anos, admitiu diversas agressões contra a namorada, Henay Rosa Gonçalves Amorim, de 31 anos, incluindo um golpe no nariz, batidas na cabeça e asfixia. A corporação investiga em que momento, entre a saída do apartamento onde o casal morava, em Belo Horizonte, e o ponto da MG-050 onde foi registrada a batida, a personal shopper morreu. “Estamos aguardando exames complementares, diligências complementares para que a gente consiga entender em qual momento a morte aconteceu. O que nós podemos afirmar nesse momento é que ela não morreu em decorrência do acidente de veículo, pelos achados médicos legais e pelo recolhimento das testemunhas”, detalhou o delegado. As agressões teriam começado no apartamento onde o casal morava havia cerca de sete meses, em Belo Horizonte. No entanto, durante o trajeto entre a capital mineira e Itaúna, no Centro-Oeste de Minas, Alison relatou novos episódios de violência física. A morte de Henay foi registrada inicialmente como decorrente de uma batida entre o carro em que o casal estava e um micro-ônibus, na rodovia. Porém, imagens de uma câmera de segurança de um pedágio na MG-050 provocaram uma reviravolta na investigação e levaram à prisão de Alison durante o velório da namorada, por ser apontado como principal suspeito pela morte dela. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Centro-Oeste no WhatsApp Alison e Henay viviam um relacionamento conturbado e violento, segundo polícia Redes sociais/reprodução Veja o que Alison relatou à Polícia Civil sobre as agressões contra a personal shopper. Soco no apartamento Alison disse à polícia que a discussão começou ainda no apartamento, em Belo Horizonte. Segundo o delegado João Marcos do Amaral Ferreira, responsável pela investigação, o empresário alega que Henay partiu para cima dele e que ele apenas se defendeu. “Ele afirmou que realmente a agrediu e que no apartamento em Belo Horizonte, eles teriam tido uma discussão. Segundo ele, para se proteger, teria acertado o nariz da vítima, o momento em que teria sangrado pelas narinas dela e respingado no chão da sala”. De acordo com a Polícia Civil, uma equipe esteve no imóvel e encontrou marcas de sangue na sala, próximas à porta e a um sofá. A perícia constatou que se trata de sangue humano, e novos exames vão confirmar se é de Henay Amorim. Além disso, a polícia analisa imagens de câmeras de segurança do prédio para esclarecer em quais condições a personal shopper deixou o apartamento. A apuração é considerada essencial para confirmar se Henay foi morta ainda em Belo Horizonte ou já na rodovia. Agressões e asfixia na rodovia No depoimento, Alison também narrou agressões durante o trajeto que o casal faria entre Belo Horizonte e Divinópolis. Antes de o carro passar pelo pedágio da MG-050, em Itaúna, o empresário afirmou que o veículo parou duas vezes. Em ambas as ocasiões, segundo ele, Henay teve a cabeça batida contra o carro e foi asfixiada. “A vítima estava conduzindo o veículo e, segundo ele, teria iniciado as agressões e ela parado o veículo. Foi aonde ele foi pra cima dela, teria jogado ela com força contra a coluna do veículo e comprimido o seu pescoço. Em um primeiro momento, ela não teria desfalecido. Mas em um segundo momento, ele disse que jogou a cabeça dela com mais força e comprimiu o pescoço dela do lado direito e só teria cessado essa compressão após ela ficar inconsciente”, detalhou o delegado. Nesse momento, Alison afirmou que assumiu o controle da direção do carro, mesmo permanecendo no banco do passageiro. Segundo o relato, ele passou um dos pés para o lado do motorista e passou a controlar o freio e o acelerador, conduzindo o veículo até a praça de pedágio. Imagens da câmera de segurança da cabine da funcionária registraram a aproximação do carro. Henay aparece desacordada no banco do motorista. Alison conversa com a funcionária, entrega o dinheiro e, em seguida, manobra o volante enquanto o veículo avança. À polícia, segundo o delegado João Marcos, o investigado alegou que a personal shopper voltou a recobrar a consciência após o pedágio, quando ele a teria asfixiado novamente. “Segundo ele, após passar a praça de pedágio, ela teria acordado, iniciado uma nova agressão e ele teria comprimido o pescoço dela novamente e ela teria desfalecido. E após, houve o acidente”. O suspeito aparece controlando o volante enquanto a vítima está desacordada no banco do motorista Redes sociais/reprodução Testemunhas reforçaram a suspeita de que Henay já estava morta antes da batida com o micro-ônibus. Uma delas, que estava no coletivo, relatou ter observado sangue estancado e seco nas narinas da vítima, além da boca roxeada e cerrada. “Esses sinais não são compatíveis com uma morte causada exclusivamente por acidente. O lado esquerdo do corpo estava totalmente roxo, não com marcas de pancada, mas como se o corpo tivesse sido apoiado após a morte”, explicou o delegado. O motorista do micro-ônibus também prestou depoimento e descreveu a dinâmica da colisão. Segundo ele, próximo à entrada de Itaúna, no bairro Santanense, o carro em que o casal estava seguia em marcha lenta, fez zigue-zague e foi direcionado para a frente do coletivo. “Ele afirmou com certeza que não houve tentativa de frenagem. Ao que tudo indica, o veículo foi jogado intencionalmente em direção ao micro-ônibus”, disse João Marcos. As investigações seguem em andamento para esclarecer todos os detalhes do crime, incluindo o momento exato da morte de Henay Amorim e a dinâmica completa dos fatos. LEIA MAIS SOBRE O CASO: Carro invade contramão e motorista morre após batida com micro-ônibus em curva da MG-050 Homem é detido no velório da companheira após reviravolta em investigação de acidente em rodovia de MG Entenda como vídeo de motorista imóvel ao volante levou polícia a investigar morte em acidente como feminicídio Empresário confessa à polícia que matou a namorada e simulou acidente em MG Quem era a mulher morta pelo namorado que simulou acidente para esconder o crime em MG Brigas, agressões e asfixia: o que aconteceu dentro do carro antes de acidente que fez polícia investigar feminicídio em MG Funcionária de pedágio foi peça-chave em investigação de feminicídio após acidente forjado em MG, diz Polícia Civil Agressões eram graves e frequentes, diz polícia sobre feminicídio em MG; homem matou namorada e forjou acidente Polícia investiga se mulher foi morta em apartamento ou durante trajeto de carro De acidente a investigação de feminicídio: entenda a cronologia do caso Henay Amorim De acidente a feminicídio: entenda a reviravolta Inicialmente, a morte de Henay foi registrada como um acidente de trânsito na MG-050, em Itaúna (MG). Segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), ela estava no banco do motorista e o namorado no do passageiro quando o carro do casal invadiu a contramão e bateu em um micro-ônibus. A investigação mudou de rumo após a análise de imagens de um pedágio, que indicaram que a vítima já estava desacordada antes da batida. Depois que o vídeo chegou à Polícia Civil, a corporação passou a tratar o caso como possível feminicídio. O delegado João Marcos do Amaral Ferreira falou sobre o empresário ter forjado o acidente de carro para encobrir o crime. "Ele tentou forjar uma hipótese para que a morte dela fosse ocultada, o feminicídio fosse ocultado. Forjando alguma hipótese de acidente que pode sim ter sido proposital mesmo, ou até com uma perda. Às vezes ele não queria bater daquela forma, ele queria de outra, mas pela posição que ele estava dirigindo, a gente consegue ver ele no pedágio chegando já em zig zag e uma posição dessa não tem como ter o controle total do carro", explicou Ferreira. Após a prisão, o primeiro advogado de Alison, Michael Guilhermino, havia afirmado ao g1 que o cliente confessou o crime. Parte dessa versão, no entanto, já era contestada pelos investigadores, especialmente a alegação de que Henay teria retomado a consciência após a passagem pelo pedágio. Dias depois, Alison trocou de advogado, e a nova defesa passou a adotar outro posicionamento. Em nota enviada ao g1 na quinta-feira (18), o advogado Bruno Corrêa Lemos afirmou que a "suposta confissão atribuída ao investigado não reflete seu posicionamento atual e que as teses defensivas serão apresentadas no momento processual adequado". A defesa também afirmou que os fatos divulgados até agora não encontram respaldo na versão que será apresentada. Henay Rosa Gonçalves Amorim foi morta pelo namorado que simulou acidente para esconder o crime em Itaúna PMRv/Divulgação VÍDEOS: veja tudo sobre o Centro-Oeste de Minas