Polícia diz que desinformação dificultou investigação de tiroteio em universidade dos EUA

Autoridades do estado de Rhode Island, nos Estados Unidos, relataram que a desinformação dificultou a busca pelo responsável pelo tiroteio que matou dois estudantes e feriu outros nove na Universidade Brown. Cláudio Neves Valente, um português de 48 anos que estudou na instituição da Ivy League décadas atrás, foi identificado como o suspeito. Ele foi encontrado morto com um ferimento de bala autoinfligido em um depósito em New Hampshire. As autoridades disseram que ele agiu sozinho. Após ataque: EUA suspendem um de seus programas de vistos que permitiu entrada do suspeito no país Leia mais: pelo menos duas alunas da Universidade Brown, nos EUA, já haviam sobrevivido a ataques a tiros na escola antes Mas, durante a semana, contas anônimas de direita no X fizeram postagens sem provas alegando que o suposto autor do crime era um estudante palestino, uma narrativa que se intensificou quando páginas da universidade que listavam seu nome foram removidas. “Investigações criminais são baseadas em evidências, não em especulações ou comentários na internet”, disse o Coronel Darnell Weaver, superintendente da Polícia Estadual de Rhode Island, na coletiva de imprensa na noite de quinta-feira, onde a identidade de Neves Valente foi revelada. “A enxurrada interminável de informações falsas, desinformação, boatos, vazamentos e conteúdo sensacionalista não ajudou esta investigação. Distrações e críticas infundadas não apoiam este trabalho. Elas complicam e ameaçam dificultar a justiça que buscamos”, acrescentou. Suspeito de tiroteio na Universidade Brown Polícia de Providence As acusações contra o estudante Mustapha Kharbouch começaram quando uma conta anônima no X publicou suas fotos e vídeos na segunda-feira, juntamente com imagens do suspeito divulgadas pela polícia. Em poucas horas, o e-mail e a foto de Kharbouch se espalharam pelas redes sociais, provocando ameaças de morte e deportação contra ele. Antes da identificação de Neves Valente, um membro de uma agência policial local envolvida na investigação disse à AFP que Kharbouch nunca havia sido incluído nas investigações. “Atividade prejudicial” Após a publicação do nome de um veterano que havia sido detido e depois liberado na mídia, as redes sociais foram inundadas com sua imagem, bem como com fotos de outra pessoa com o mesmo nome. As autoridades tentaram conter a comoção à medida que a investigação avançava. Alertaram que o uso de inteligência artificial para analisar as imagens que circulavam poderia levar a mais acusações falsas. Um comunicado da Universidade Brown condenou a "atividade prejudicial" de publicar dados privados online (conhecida como doxxing). Um porta-voz confirmou à AFP que o comunicado se referia a Kharbouch. O procurador-geral de Rhode Island, Peter Neronha, afirmou no mesmo dia que "se esse nome tivesse alguma relevância para a investigação, estaríamos procurando por ele". Mas as acusações continuaram. Christina Paxson, reitora da Universidade Brown, disse que o ataque e suas consequências foram "devastadores" para aqueles que foram "alvo de boatos e acusações online". "Espero que este desenvolvimento marque o fim desta atividade verdadeiramente preocupante", disse ela após a identidade de Neves Valente ser revelada.