Um tribunal francês rejeitou nesta sexta-feira a petição do Estado de suspender o site da Shein na França por considerá-la "desproporcional", depois que a gigante asiática do comércio on-line retirou os produtos ilícitos que eram vendidos em sua plataforma. As autoridades francesas solicitaram o bloqueio de três meses do site da empresa de fast-fashion após descobrirem anúncios de venda de armas, medicamentos proibidos e bonecas sexuais com aparência infantil. Após a decisão do tribunal, o governo francês anunciou que vai apelar, segundo um comunicado enviado à AFP. "O tribunal judicial [...] não quis ordenar medidas para evitar a venda de bonecas pornográficas, armas de categoria A e medicamentos", destacou o governo. "Por isso, convencido do risco sistêmico do modelo vinculado à Shein, e a pedido do primeiro-ministro, o governo apelará da decisão nos próximos dias", acrescentou o comunicado. As autoridades solicitaram que a plataforma possa reabrir somente se aplicar medidas para evitar que as infrações se repitam. O tribunal judiciário de Paris reconheceu "um grave prejuízo à ordem pública", mas considerou que a venda dos produtos em questão foi algo "pontual" e destacou que a Shein havia retirado os produtos. No entanto, o tribunal emitiu uma "instrução" à Shein para que não retomasse a venda de "produtos sexuais que possam constituir conteúdo pornográfico sem implementar medidas de verificação de idade". A Shein, fundada na China e atualmente sediada em Cingapura, enfrentou forte resistência política desde que abriu sua primeira loja física no BHV Marais, no centro de Paris, no mês passado. Autoridades francesas acusaram a empresa — e outras plataformas predominantemente chinesas que enviam roupas e produtos baratos aos consumidores — de vender produtos ilegais e de prejudicar a concorrência com os negócios locais. O governo inicialmente tentou suspender a Shein por meio de um procedimento administrativo que não exigia aprovação judicial, mas a iniciativa fracassou depois que a empresa removeu as bonecas sexuais e as armas em questão e interrompeu as vendas no marketplace. Uma proibição temporária não teria afetado a loja física. A França também tem pressionado por controles mais rigorosos em todo o continente, incluindo a proposta junto à União Europeia de impor uma taxa temporária de €3 (US$ 3,51) sobre pequenos pacotes, antes da implementação de uma taxa permanente em 2028. A medida, prevista para entrar em vigor em julho do próximo ano, acabará com a isenção de imposto aduaneiro para mercadorias abaixo de €150, que tem sido fundamental para o rápido crescimento de plataformas como a Shein.