O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que o Brasil espera que o adiamento da assinatura do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia seja breve e que o tratado avance o mais rapidamente possível. — O acordo Mercosul-União Europeia, esperamos que seja um adiamento curto, porque é importante para o Mercosul. Esperamos que o mais rápido possível seja assinado o acordo que é importante para a União Europeia, para o Mercosul e para o mundo — disse o vice-presidente. A declaração ocorre após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmar que a assinatura, prevista para este sábado, foi postergada diante de resistências internas no bloco europeu. Segundo Alckmin, o acordo é estratégico tanto para o Mercosul quanto para a União Europeia, especialmente em um cenário internacional marcado por tensões comerciais e questionamentos ao multilateralismo. Nesta sexta-feira, Ursula von der Leyen afirmou que há apoio suficiente entre os Estados-membros da União Europeia para que o acordo seja aprovado, apesar do adiamento da assinatura. Segundo a presidente da Comissão Europeia, houve consenso com os países do Mercosul para um “adiamento ligeiro”, com a expectativa de que o tratado seja concluído em breve. O acordo Mercosul–União Europeia é negociado há mais de 20 anos e, se concluído, criará a maior zona de livre comércio do mundo. O texto prevê a redução ou eliminação gradual de tarifas de importação e exportação, além do estabelecimento de regras comuns para o comércio de bens industriais e agrícolas, serviços, investimentos e padrões regulatórios. As discussões se intensificaram nesta semana com a reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas. A principal resistência ao tratado vem da França, que exige novas salvaguardas para proteger seus agricultores. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que o país não apoiará o acordo sem garantias adicionais ao setor agrícola, que teme a concorrência de produtos do Mercosul. A Itália também manifestou preocupações semelhantes, embora a primeira-ministra Giorgia Meloni tenha sinalizado que pode apoiar o acordo caso as demandas do setor agrícola sejam atendidas. Em sentido oposto, Alemanha, Espanha e países nórdicos defendem o avanço do tratado. Esses países avaliam que o acordo pode ajudar a reduzir a dependência europeia da China, ampliar o acesso a novos mercados e compensar os efeitos de tarifas impostas pelos Estados Unidos. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a resistência italiana tende a ser superada nas próximas semanas, reforçando o otimismo do governo brasileiro quanto à conclusão do acordo. A aprovação do tratado depende do aval do Conselho Europeu, que exige maioria qualificada: ao menos 15 dos 27 países da União Europeia, representando 65% da população do bloco.