Após a morte de soldados americanos, EUA atacam alvos suspeitos de serem do Estado Islâmico na Síria

Os Estados Unidos iniciaram uma grande ofensiva aérea contra o Estado Islâmico na Síria nesta sexta-feira, cumprindo a promessa do presidente Trump de vingar a morte de dois soldados do Exército americano em um ataque terrorista no centro do país no sábado anterior. Caças, helicópteros de ataque e disparos de artilharia americanos atingiram dezenas de locais suspeitos de serem do Estado Islâmico em diversas áreas do centro da Síria, incluindo depósitos de armas e outros edifícios de apoio às operações, segundo um oficial americano, que falou sob condição de anonimato para discutir assuntos operacionais. Guerra na Ucrânia: Putin se exime de culpa por mortes e diz que fim do conflito depende de Kiev em coletiva de imprensa anual Caso Epstein: Perto do fim do prazo, governo Trump divulga parte dos documentos Esperava-se que os ataques aéreos e de artilharia americanos durassem várias horas, estendendo-se até a madrugada de sábado na Síria, no que o oficial americano descreveu como "um ataque massivo". Relatórios em redes sociais na Síria mostraram explosões em vastas áreas do país. Os soldados mortos no sábado passado foram as primeiras baixas americanas no país desde a queda do ditador Bashar al-Assad no ano passado. Eles estavam apoiando operações antiterroristas contra o Estado Islâmico em Palmira, cidade na região central do território sírio, quando foram alvejados por um atirador solitário, disseram autoridades dos dois países. Após o ataque do último sábado, forças parceiras realizaram 10 ataques contra alvos do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, que resultaram na morte de cerca de dois insurgentes, mas, mais importante, permitiram que os soldados aliados recuperassem informações que ajudaram os analistas americanos a localizar ou refinar os alvos escolhidos para os ataques de sexta-feira, afirmou o oficial americano. Atentado na Austrália: Atiradores passaram quase um mês em reduto do Estado Islâmico nas Filipinas Os ataques dos EUA na sexta-feira, e a probabilidade de mais operações antiterroristas nos próximos dias, sinalizam uma forte escalada militar na Síria em um momento em que os Estados Unidos reduziram sua presença no país para cerca de 1.000 soldados, metade do contingente inicial no começo do ano. A decisão de reduzir as tropas refletiu a mudança no cenário de segurança na Síria após o colapso do governo de Assad. Mas o ataque do último fim de semana foi um forte lembrete do perigo na região e do dilema sobre se o governo dos EUA deve ou não manter as forças americanas lá. Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque, embora as avaliações iniciais sugiram que ele foi provavelmente realizado pelo Estado Islâmico, de acordo com o Pentágono e autoridades da inteligência americana. Altos funcionários da inteligência americana disseram ao Congresso este ano que o Estado Islâmico tentaria explorar o fim do governo Assad para libertar de 9.000 a 10.000 combatentes do EI e cerca de 26.000 de seus familiares, atualmente detidos no nordeste da Síria, e para reativar sua capacidade de planejar e executar ataques. Initial plugin text Embora não controle mais grande parte do território, o Estado Islâmico continua a disseminar sua ideologia radical por meio de células clandestinas e afiliados regionais fora da Síria e online. No ano passado, o grupo foi responsável por grandes ataques no Irã, na Rússia e no Paquistão. Os ataques mortais contra os soldados americanos também evidenciaram os desafios enfrentados pelo recém-formado governo sírio, liderado pelo presidente Ahmed al-Sharaa, que tenta conduzir um país profundamente fragmentado após quase 14 anos de guerra civil. Desde que sua coalizão rebelde derrubou o governo de Assad, al-Sharaa tem enfrentado ameaças do Estado Islâmico e de vários outros grupos armados, enquanto simultaneamente constrói um novo exército nacional. Nos meses imediatamente após a ascensão de Al-Sharaa ao poder, os Estados Unidos realizaram dezenas de ataques aéreos contra redutos do Estado Islâmico no deserto sírio, o que pareceu conter a ameaça imediata. Mas, no último mês, particularmente depois que Al-Sharaa declarou publicamente seu apoio a uma campanha internacional para combater o Estado Islâmico, os ataques aumentaram, segundo analistas. O ataque em Palmira representou as primeiras baixas americanas na Síria desde a deposição de Assad, há um ano, e ressaltou como o Estado Islâmico tem explorado as brechas de segurança para atacar civis e as forças de Al-Sharaa. O Secretário de Defesa, Pete Hegseth, condenou veementemente o atentado do último sábado, escrevendo em uma publicação no X: "Se você atacar americanos — em qualquer lugar do mundo — passará o resto de sua breve e ansiosa vida sabendo que os Estados Unidos o caçarão, o encontrarão e o matarão impiedosamente". 'Não descarto', diz Trump sobre possível guerra com a Venezuela após sobrevoo de aviões americanos na região Outros três militares americanos e dois membros das forças de segurança sírias também ficaram feridos no ataque, que autoridades americanas descreveram como uma emboscada. O atirador sírio que matou os soldados — dois membros da Guarda Nacional de Iowa — e um intérprete civil americano era um membro das forças de segurança da Síria que seria demitido devido às suas visões extremistas, disseram as autoridades. Em homenagem ao estado natal dos soldados mortos, o Pentágono está chamando a missão, iniciada na sexta-feira, de “Operação Ataque Hawkeye”. Autoridades militares americanas disseram nesta sexta-feira que os ataques dariam continuidade às quase 80 missões realizadas desde julho para eliminar terroristas na Síria, incluindo remanescentes do Estado Islâmico. Em um comunicado divulgado esta semana, o Comando Central do Pentágono afirmou que o Estado Islâmico inspirou pelo menos 11 planos ou ataques contra alvos nos Estados Unidos no último ano. Em resposta, o comando informou que suas operações resultaram na detenção de 119 insurgentes e na morte de outros 14 nos últimos seis meses. No mês passado, militares americanos e agentes de segurança sírios realizaram missões para localizar e destruir mais de 15 depósitos de armas do Estado Islâmico no sul da Síria. As operações também destruíram mais de 130 morteiros e foguetes, diversos fuzis, metralhadoras, minas antitanque e materiais para a construção de artefatos explosivos improvisados, segundo o Comando Central.