A ex-participante do Big Brother Brasil 22, Laís Caldas, afirmou que engravidou enquanto fazia uso de uma caneta emagrecedora à base de tirzepatida, o Mounjaro, mesmo utilizando anticoncepcional oral. O relato, divulgado por ela nas redes sociais, ganhou repercussão e levantou questionamentos sobre possíveis efeitos desses medicamentos, especialmente no uso combinado com métodos contraceptivos hormonais. Segundo o médico Gabriel Almeida, especialista em cirurgia geral com atuação na área de emagrecimento, medicamentos à base de tirzepatida podem, em alguns casos, reduzir a absorção do anticoncepcional oral, sobretudo no início do tratamento ou durante ajustes de dose. Por esse motivo, ele reforça a importância do acompanhamento médico e da avaliação sobre o uso de métodos contraceptivos alternativos. Lais Caldas, do 'BBB 22' Reprodução/TV Globo e Reprodução/Instagram Além desse caso, outras informações distorcidas sobre as canetas emagrecedoras circulam amplamente nas redes sociais, muitas delas sem qualquer base científica. De acordo com Gabriel Almeida, esse cenário favorece a disseminação de mitos que não refletem a real atuação desses medicamentos, mas acabam ganhando grande alcance no ambiente digital. Entre os boatos mais compartilhados está a afirmação de que “a caneta encolhe o pênis”, mito impulsionado por vídeos que exploram o medo masculino. O médico é categórico ao afirmar que não existe qualquer alteração anatômica causada pelos medicamentos. O que ocorre, segundo ele, é a redução da gordura na região pubiana, o que pode dar a impressão visual de aumento do órgão. “Nenhuma caneta muda o tamanho do pênis. A impressão de diferença vem da perda de gordura ao redor, não do remédio”, explica. Caneta emagrecedora Freepik Também circularam fake news envolvendo a vida sexual feminina, como a alegação de que as canetas “acabam com o orgasmo” ou “zeram a libido”. Gabriel Almeida esclarece que essas afirmações não têm respaldo científico e costumam misturar situações isoladas com interpretações exageradas. Ele afirma que algumas mulheres podem apresentar secura vaginal ou variações hormonais temporárias durante processos de emagrecimento acelerado, mas isso não elimina a capacidade de prazer. “Não existe evidência de que as canetas eliminem o orgasmo ou o desejo sexual. Esses efeitos são individuais e, quando surgem, são manejáveis”, afirma. Outro mito recorrente é o de que o uso das canetas leva, de forma inevitável, ao reganho total de peso após a interrupção do tratamento. Para o médico, essa narrativa ignora o fato de que a obesidade é uma condição crônica. “A caneta não faz ninguém recuperar peso sozinha. O reganho ocorre quando o paciente interrompe o acompanhamento e abandona os hábitos que sustentam o peso perdido”, destaca. Mounjaro é uma das canetas emagrecedoras da classe do Ozempic George Frey/Bloomberg A chamada “Ozempic face” também esteve entre os temas mais mal interpretados, levando muitos a acreditar que o medicamento provoca flacidez facial por si só. Segundo Gabriel Almeida, a alteração na aparência do rosto está relacionada à perda rápida de gordura facial, algo observado em qualquer processo de emagrecimento acelerado. “O rosto não cai por causa do remédio. O que muda é o volume facial, e isso pode ser prevenido ou tratado se o paciente desejar”, afirma. Para o especialista, a forma como essas informações circulam revela como temas médicos complexos acabam sendo simplificados e distorcidos nas redes sociais. “As canetas não são milagrosas nem vilãs. Funcionam bem quando usadas com indicação adequada, acompanhamento médico e informação clara. O problema é transformar recortes isolados em verdades absolutas”, conclui.