Israel assina com o Egito maior acordo energético de sua história

Israel avançou em mais um movimento de aproximação com países árabes ao aprovar um acordo de US$ 35 bilhões para a exportação de gás natural ao Egito. O contrato é o maior já firmado pelo país no setor energético. Ocorre em um momento sensível da região, marcado pela expectativa de consolidação do cessar-fogo na Faixa de Gaza e pela tentativa de retomada de canais diplomáticos no Oriente Médio. + Leia mais notícias de Mundo em Oeste O fornecimento de gás será feito ao longo de 15 anos pela Chevron, empresa norte-americana que detém participação relevante nos campos de gás israelenses no Mediterrâneo. O governo de Israel declarou que cerca de metade da receita gerada pelo acordo será destinada ao Tesouro israelense, para setores como saúde e educação. View this post on Instagram A post shared by IsraeliPM (@israelipm) Ao anunciar o acerto, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o acordo “fortalece enormemente a posição de Israel como potência energética regional e contribui para a estabilidade da nossa região”. E fez um pouco de mistério sobre o alcance da negociação. "Aprovei o acordo depois de garantir nossos interesses de segurança e outros interesses vitais, que não detalharei aqui integralmente." A fala retrata a estratégia israelense de usar energia como instrumento de influência política junto a países árabes que, historicamente, estiveram em campo oposto. O Egito ocupa posição central nesse processo. Além de manter tratado de paz com Israel desde 1979, o país faz fronteira com Gaza e atuou como principal mediador entre Israel e o grupo terrorista Hamas nas negociações que levaram ao cessar-fogo com apoio dos Estados Unidos (EUA). Ao mesmo tempo, o governo egípcio criticou a ofensiva israelense em Gaza, que resultou em dezenas de milhares de mortos palestinos e ampla destruição da infraestrutura local. Até o momento, o Cairo não confirmou oficialmente os termos do contrato. O acordo superou resistências internas em Israel. O ministro da Energia , Eli Cohen, havia atrasado as negociações ao afirmar que as condições não eram favoráveis ao país, o que levou o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, a cancelar uma visita oficial a Israel em outubro. No anúncio final, Cohen apareceu ao lado de Netanyahu e declarou apoio ao texto fechado. "A aprovação deste acordo de gás é um momento histórico para o Estado de Israel, tanto no campo da segurança e da diplomacia quanto no âmbito econômico", disse Cohen. Israel e países árabes A exportação de gás é parte de uma política iniciada depois da descoberta de grandes reservas no litoral israelense no início dos anos 2000. Israel começou a exportar gás cerca de uma década atrás. Primeiro para a Jordânia e depois para o Egito, consolidando-se como fornecedor regional de energia. Assim como o Egito, em 1994, a Jordânia formalizou um acordo de paz com Israel. Leia mais: "Netanyahu faz balanço de seu governo: 'Nossa trajetória é a da direita'" Esse movimento dialoga diretamente com a lógica inaugurada pelos Acordos de Abraão, firmados a partir de 2020, que normalizaram as relações de Israel com Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão. A cooperação econômica e energética passou a ser tratada como eixo central da relação entre Israel e países árabes, mesmo na ausência de consenso político amplo sobre o conflito palestino. Em paralelo, Israel ampliou sua presença no mercado internacional de defesa. O Parlamento da Alemanha aprovou a expansão do contrato para a compra do sistema antimísseis Arrow 3, elevando o valor do acordo de US$ 3,5 bilhões para US$ 6,5 bilhões, segundo o Ministério da Defesa de Israel. Trata-se do maior contrato de exportação militar da história do país. A decisão alemã está ligada ao reforço de suas defesas aéreas diante da ameaça russa. O post Israel assina com o Egito maior acordo energético de sua história apareceu primeiro em Revista Oeste .